Mantendo distância

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Dormi bastante naquele domingo. Meu corpo estava exausto devido a noite excitante com a Débora e minha cabeça exausta de tanto tentar entender as palavras, atitudes e a mensagem de Alice.


Também assisti algumas séries e filmes com a Pri e fiz um almoço pra gente. Sempre gostei de cozinhar nas horas vagas, acho que é como costumo demonstrar meu carinho pelas pessoas com as quais me importo e amo.

- Amo quando você faz essa lasanha, Isa. É a minha preferida! - Minha prima, parecendo criança, sempre sendo mimada por mim e aproveitando a vida boa na minha casa.

- Que ótimo! Agora a senhora já pode ir de barriga cheia. - Rimos da minha tentativa frustrada de expulsá-la - E então, vai me contar sobre a pessoa de ontem?

- Hum - Terminou de mastigar sua lasanha de 4 queijos - Acho que já posso contar sim. Aliás, não quero contar, quero te apresentar.

- Como assim, garota? Então já é namoro? Preciso saber os detalhes, me conta. - Fiquei surpresa. Por mais que eu saiba o quanto a Pri é consciente e madura, morro de medo que passe pelo que eu passei. Eu jamais permitira isso.

- Vamos jantar essa semana? Eu apresento vocês, mas vê se leva alguém. Nada de ir sozinha pra encher de perguntas como se fosse um general. - Revirou os olhos, rindo da minha cara séria.

- Marca para quinta então. Essa semana tem feriado e acho que vou para Búzios na sexta, respirar um pouco e ficar sozinha...- Pri me olhou como se tivesse ouvido de minha boca algo que eu não disse, parou de comer e colocou a cabeça de lado, apertando os olhos como se estivesse me analisando.

- Vai fugir de quem? - Foi certeira em sua pergunta.

- Ihh, lá vem você...não vou fugir de ninguém. Só vou ficar sozinha, maluca. - Bebi de uma vez só toda a coca cola gelada que estava no meu copo.

- Eu te conheço. Você quer ir para longe porque conheceu alguém e quer cortar isso. Quem foi? Anda, conta.

- Não conheci ninguém. Ontem eu fiquei com a Debora, foi super bom. Tenho até que te contar que encontrei ela sem querer na festa, menina....- Tentei enrolar, mas fui interrompida.

- Não é nada de Debora, Isabella. Pode me contando. - Cruzou os braços e aguardou a minha resposta - Pra você querer ir pra búzios assim, do nada...aí tem.

- Não é ninguém. Tá...ontem uma garota que trabalha comigo se mostrou afim de mim, mas foi só isso, nada demais. Podemos continuar a conversa? Na quinta vamos pro... - Pri não me deixava terminar as frases.

- E você ficou afim também? Vocês ficaram? - Perguntou curiosa e eu podia ver pelos seus olhos o seu cérebro trabalhando, tentando ligar as peças da história.

- Fiquei afim, não vou mentir, mas passou. E ela tem namorado, trabalha lá na empresa...nada a ver. - Não quis dizer que ela não saía da minha cabeça desde então.

- Ela tem namorado e rolou tudo isso?

- Ela diz que não é namorado, que só ficam, mas ele estava lá e a chamou de amor, então...é namorado.

- Não, não é. É ficante emocionado. - Ela continuou tentando ligar os pontos - Mas ela quis ficar com você mesmo ele estando lá?

Contei exatamente tudo o que aconteceu em detalhes. Mesmo que quisesse esquecer, eu sabia que ela só me deixaria em paz depois que eu contasse e ela pudesse tirar as próprias conclusões baseada em seu conhecimento de grande guru de vida que ela pensa ser.

- Entendi tudo - A Sherlock Holmes concluiu - Ela gosta de você de verdade. Essas coisas são assim, vem do nada, crescem sem avisar. Ela já devia ter interesse em você e só percebeu nesses dias, ou só resolveu falar agora, não sei ainda. Estou analisando melhor - Disse enquanto colocava o cotovelo na mesa e a mão no queixo, olhando para o nada.

Improvável - Isabella e Alice (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora