Esperando ou não.

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(ISABELLA)

É difícil aceitar e entender que uma pessoa que me fez tão mal ainda faça de tudo pra se infiltrar na minha vida, como se achasse certo, depois de tudo, querer me pedir algum tipo de chance.

O que a Mariana tem na cabeça pra voltar assim pro Rio e tentar forçar a barra para voltar pra minha vida? Eu não quero nem saber se ela está viva, se tá casada, se trabalha, eu não estou nem aí. Eu quero apenas que ela se mantenha longe de mim e da vida que estou construindo muito bem e sem ela.

Nosso relacionamento durou muitos anos, 8 para ser mais exata e hoje, somente hoje, olhando de "longe", eu consigo entender o quanto era tóxico e abusivo. Ela me manipulava em cada detalhe, me fazia sentir amada e cuidada quando na verdade o que tinha era manipulação e controle.

Quando a vi com nossa "amiga" em nossa casa, meu mundo caiu. Eu não tinha noção desse lado dela e após terminar e buscar seguir a minha vida, soube de muito mais coisas. Foram muitas traições e com várias pessoas. Eu jamais daria qualquer tipo de chance para essa pessoa.

Na cabeça dela ainda deve existir a Isabella que se sentia segura ao lado dela, que gostava do carinho e do jeito que éramos na cama, que cozinhava pra ela com sorriso no rosto e sonhava em ter uma casa linda, cheia de cachorros e viajar pelo mundo. Eu a amava muito, não posso negar, mas tudo caiu por terra no segundo em que soube quem ela era de verdade.

Com a Alice é diferente. Eu ainda não sei definir o que sinto, mas sei que é algo único. Me sinto leve e eu mesma, como nunca senti. Não me sinto tendo que abrir mão de mim em momento algum, como vivia tendo que fazer para agradar a Mariana. Com a Alice não vejo chantagens emocionais e nem dramas, mudanças de humor, ignorâncias gratuitas e seguidas de pedidos de desculpas intermináveis.

Não quero que algo estrague isso que estamos vivendo.

- O que houve? Está quieta - Alice perguntou enquanto íamos no carro até sua casa.

- Nada demais...- sorri para ela enquanto seguia dirigindo.

- Tem certeza?

- Então...é que recebi uma mensagem bem chata e, não é nada demais, mas é chata, sabe?

- Acho que sei - Sorriu sem entender muito - Mensagem importante?

- Na verdade foi a Mariana que enviou. Eu nem sei como ela conseguiu meu número, mas...

- Essa não desiste. - Bufou, revirando os olhos - E ela queria algo demais?

- Ela disse que a empresa em que ela trabalha contratou a nossa e que ela se voluntariou pra ficar baseada lá na nossa essa semana. - Fui direta.

- Lá no prédio? No nosso trabalho? - Perguntou incrédula.

- Infelizmente. Espero que seja mentira dela, já que só sabe mentir mesmo, mas acho que não é mentira.

- Entendi. - Se ajeitou no banco, cruzando os braços e ficando mais introspectiva.

- Mas, vai ser só uma semana e vou fazer de tudo pra nem ter contato. Tá bom? - Me senti tensa, com necessidade de me explicar. Com a Mariana eu vivia pisando em ovos, ainda não conheço tanto a Alice, então, termino projetando algumas coisas.

- Aham. - Respondeu enquanto continuava introspectiva.

- Tá bom, Lice? - Perguntei novamente e com o tom mais atencioso que pude ter.

- Tá bom. Fica tranquila. Só espero não ter que trabalhar com ela. Vai ser difícil disfarçar minha cara de serial killer pra ela. - Tive que rir da frase inesperada.

Improvável - Isabella e Alice (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora