{ALICE}
Desde que a Isabella saiu do quarto eu sinto meu peito apertar. Não consigo aceitar que tudo acabe assim, antes mesmo de começar. Enviei mensagem assim que ela se foi e ela nem mesmo visualizou. Me senti impotente diante do que estava acontecendo comigo.
Não quis ficar naquele quarto então chamei um uber e fui para o meu apartamento correndo. Eu precisava esfriar a cabeça e achar um jeito de falar com ela, mas não sabia muito o que fazer com essa urgência em meu peito. Tentei ao máximo me controlar para não ligar e dar a ela um espaço, mas a noite foi longa demais.
Me vi por horas sentada em meu sofá com uma cerveja na mão e olhando para o celular na esperança de uma resposta. Nada. Já pela manhã enviei outra mensagem pedindo que ela me ligasse e ela visualizou um tempo depois, mas não me ligou.
Eu não dormi e sentia meu peito apertar cada vez mais. Parecia que ia explodir de tanta angústia. A noite passada estava perfeita, eu estava cada vez mais próxima dela e tudo que meu corpo sente por ela estava aflorado. Não é justo que por uma falta de noção de outra pessoa tudo seja destruído.
O sol já estava entrando pela varanda e meus pensamentos ainda estavam em nossos beijos, seu sorriso o jeito que ela estava mais solta comigo, sua pele macia de encontro aos meus dedos. Como que em um flash, que ao invés de me cegar, me abre os olhos, eu confesso para mim mesma "Nada disso está no lugar, meus sentimentos estão mais claros, eu estou gostando dela de verdade". Parece difícil de acreditar, e até mesmo que isso já esteja óbvio para quem vê de fora, mas para mim essa ficha só caiu agora. Não se trata apenas de pele, de gostar do beijo e de querer sentir seu corpo, eu de verdade acho que sinto algo a mais e preciso fazer algo sobre isso. "Mas o que se ela nem me atende?"
Já era a quarta ou quinta cerveja que bebia. Não sou de beber tanto, mas já que estava tudo uma loucura e eu me sentia perdida, umas long necks talvez me acalmassem. Estava sentada em minha varanda, fitando o mar que em seus limites se encontrava com o céu criando a imagem perfeita do horizonte. Minha cabeça estava longe, estava naqueles olhos. Ouvi meu celular tocar e fui até ele rapidamente, depositando sobre a mesa de centro a long neck que havia acabado de abrir. "Tem que ser ela". Peguei o celular e pra minha infelicidade notei que era apenas uma mensagem dessas de operadora.
- Que merda, que merda...me responde... - Falei alto e no mesmo instante uma ideia invadiu meu pensamento - Será que tento isso? - Eu lembrei que pude ouvir um pouco a ligação da Isabella com sua prima no banheiro de hotel. Lá estava bem silencioso e pelo que entendi sua prima brincou sobre ela estar comigo e pareceu gostar. "Será que ela me ajudaria?". - Eu preciso tentar!
Já passava das 10 horas da manhã e eu ainda não havia tomado coragem para ligar. E se a menina não soubesse de nada? E se me xingasse? "Droga, Alice, o que você está pensando?". Fiquei alguns minutos olhando para aquele número, me fazendo mil perguntas e lutando pra ter coragem. De repente, sem mais pensar, liguei. Depois de chamar algumas vezes, pude ouvir uma voz mais jovem do outro lado. Era animada e ao mesmo tempo desconfiada.
- Oi? - Disse, provavelmente querendo saber quem ligava para ela em pleno feriado às 10 horas da manhã.
- Oi...é...você é a prima da Isabella? - Minha voz quase não saía e a verdade é que eu não sabia nem como começar a conversa - Eu...
- Sou. Quem está falando? - Me cortou, num misto de voz gentil com apreensiva
- Alice...meu nome é Alice. Desculpa te ligar assim, é que...
- Oi, Alice. Me chamo Priscila. Que bom te conhecer. Aconteceu alguma coisa? - Fez uma pausa silenciosa - É sobre a Isa?
- Na verdade sim. Desculpe te ligar assim. Eu sei que provavelmente não devia estar falando isso, mas eu queria muito...eu preciso me explicar para a sua prima e ela não me atende. - Falei sem pensar muito. Não sei se foram as cervejas ou apenas a vontade de suplicar pela ajudar de alguém que pudesse fazer isso por mim.
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Improvável - Isabella e Alice (Romance Lésbico)
RomanceQuando uma jovem advogada que vive para o trabalho e não acredita mais em relacionamentos se vê totalmente envolvida e encantada por sua colega de trabalho, uma jovem executiva que acredita em pessoa certa e no amor, grandes sentimentos podem surgir...