Capítulo 4

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Estamos de volta!
Sem mais.
Espero que gostem.

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A tarde passava tranquila na cafeteria. Eu já tinha respondido todos os e-mails que a empresa havia mando e checado minhas ações no mercado financeiro. De longe, eu observava Léia passear pelas mesas e conversar com alguns clientes. Ela era sempre muito atenciosa e prezava bastante pelas pessoas que passavam por ali. Sempre fazia questão de questionar se estavam sendo bem tratados e servidos. Talvez por isso o lugar fosse tão bom. Pela dedicação que ela tinha diariamente no seu trabalho.

Quando Priscila chegou e sentou-se a minha mesa já era final de tarde. Ela tinha vindo de uma reunião de trabalho e discorria de forma indignada sobre algo que tinha ocorrido. Ela trabalhava num escritório de advocacia onde a maioria de seus colegas eram homens. O que causava algumas discussões calorosas pelo comportamento inapropriado de alguns deles.

Algum tempo depois, Léia se aproximou com uma bandeja trazendo o lanche favorito de sua esposa e sentou conosco. Iniciamos um papo descontraído sobre alguns costumes italianos que achávamos estranhos. Nós chamávamos atenção com as gargalhadas que Daroit dava e eu acabava rindo ainda mais da situação. Mal percebi quando uma figura acanhada se aproximou de nossa roda. Era Rosamaria. Ela direcionou um oi e nos cumprimentou com um aceno de cabeça.

- Olha só se não é minha jogadora de vôlei favorita... - falei rindo da cara de entediada que ela fazia. - Meninas, essa é a Rosamaria minha vizinha e Rosa, essas são minhas amigas Léia e Priscila. - elas acenaram com um sorriso gentil para a recém chegada.

- Ela é bonita mesmo, bem que você falou. - Léia falou rindo e me deixando sem graça enquanto Rosamaria me dirigia um olhar divertido.

- Puxa uma cadeira para sentar aqui com a gente. - Pri falou.

- Ah, obrigada. Mas não quero atrapalhar a conversa de vocês. - ela falou receosa.

- Ih, mas aqui não tem isso, não. - falei me levantando e puxando a cadeira para ela. - Pode sentar aqui e preparar pra rir muito.

E foi isso o que aconteceu a seguir. Logo, todas estavam conversando animadas e Rosamaria já não estava tão tímida. Ela havia se entrosado rapidamente, graças a boa recepção dada pelo casal. Léia até questionou se ela queria provar algo do cardápio o que foi negado, gentilmente, pois ela já tinha se alimentado no centro de treinamento do clube.

Eu observava todas ali dialogando e sentia algo bom. Pela primeira vez, eu via que a minha ideia louca de mudança estava me ajudando a não pensar nos problemas. Não que eles tivessem ido embora. Mas era um alívio ter pessoas que gostavam de mim ali e que me distraíam o suficiente.

Quando a noite chegou, minha vizinha e eu, nos despedimos das meninas. Tínhamos conversado tanto que acabamos indo embora somente quando Léia fechou o estabelecimento. 

- Gostei muito das meninas. - Rosa disse quando chegamos a porta do meu apartamento. - Elas foram muito gentis comigo.

- Elas são muito receptivas. - concordei com ela. - Foi assim comigo também. Em um dia, eu estava lá sentada sozinha, no outro as duas já estavam tagarelando comigo. - falei rindo.

- Fico feliz que você tem mais amigas por aqui. - ela falou sincera. - Não é fácil mudar para outro país sozinha. Eu que o diga. - ela falou com um tom reticente e isso me deixou em alerta.

- Rosa, cê quer entrar? - perguntei apontando para a porta fechada. - Eu ainda tenho uma garrafa daquele vinho que cê gostou e posso fazer algo para jantarmos.

- Eu vou aceitar sim, Carol. - ela falou me encarando. - Só porque eu sei que você vai insistir e eu não vou conseguir recusar.

Enquanto eu ajeitava as coisas na cozinha, Rosa foi até seu apartamento para deixar sua mochila e trocar sua roupa por algo mais confortável. Aproveitei para ir adiantando os preparativos do jantar, colocar nossas taças e vinho na mesa.

Depois de ter colocado uma travessa no forno, sentei-me no sofá e esperei até a hora que ela deu duas batidas e empurrou a porta já aberta.

- O cheiro tá tão bom. - ela disse. - Dá pra sentir do corredor.

- Você vai gostar mesmo é do sabor do meu risoto de frango gratinado. - eu avisei. - Mas ainda vai demorar um pouco a ficar pronto. - Peguei a garrafa de vinho e enchi nossas copos, entregando-a uma.

- Eu quero ver mesmo se é tudo isso. - ela riu e agradeceu pelo bebida. - Pelo menos bom gosto para vinho você tem. - ela disse com um meio sorriso.

- Eu tenho bom gosto para várias coisas, Rosamaria. - eu falei rindo com o tom malicioso da minha frase.

- Bom saber, Caroline. - ela disse me encarando com um olhar divertido.

- Me conta como foi seu início aqui na Itália? - questionei depois de alguns segundos em silêncio.

- Não posso dizer que foi fácil. - ela pausou. - No começo eu me sentia muito sozinha, não conhecia ninguém além das meninas do meu time. - suspirou. - Tinha dias que eu chorava com saudades da minha família e das minhas amigas no Brasil. Principalmente nos dias mais difíceis. - ela parou e olhou pra cima. Percebi seus olhos, ligeiramente, molhados. - E não é como se eu não tivesse sido bem recebida aqui, mas era diferente. - ela virou pra mim. - Sabe aqueles dias que você só queria ter um colo? Ou alguém que te dissesse que ia ficar tudo bem? E eu não queria ligar pros meus pais e nem demonstrar aos meus amigos que eu estava triste aqui.

Estiquei minha mão até a dela que estava livre.  Fiz um leve carinho enquanto aguardava o tempo dela. Ela parecia ter segurado aquilo por muito tempo.

- Era mais difícil quando eu cheguei. A liga era diferente e eu tive um pouco de dificuldade até me adaptar ao jogo e isso me incomodava ainda mais. Me deixava frustrada e com raiva. -  ela desabafou.

- Você ainda se sente assim? - perguntei.

- Triste? Não. - ela falou. 

- E sozinha? - a olhei. 

- Não como era antes. - ela sorriu levemente. - Tenho alguns amigos por aqui e também criei uma boa amizade com algumas meninas do time. 

- Fico mais aliviada por ouvir isso. - sorri. 

- Obrigada por me escutar, Carol. - ela entrelaçou nossos dedos. - Eu sei que é algo besta, mas eu nunca tinha contado pra ninguém.

- Nada que te faz se sentir triste é besta... - falei séria. - E Rosa?

- Hum.

- Cê sabe que eu posso ser teu colo, né? - eu falei e o sorriso lindo que ela me deu, bastou como resposta.

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Até a próxima!

Nuovo Inizio - RosattazOnde histórias criam vida. Descubra agora