Capítulo 7

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Depois de passar o domingo inteiro de ressaca, feito uma morta-viva, a segunda-feira chegou e eu já havia feito minha corrida matinal e tomado meu café. O meu exercício durou mais até que o normal. Eu não havia percebido que eu tinha passado por mais quarteirões do que estava acostumada. Talvez porque minha cabeça ainda pensava sobre minha conversa com a Rosa.

E falando nela, ontem não trocamos uma palavra. Eu até pensei em mandar uma mensagem, ligar ou só bater na porta dela, mas imaginei que ela estaria com uma ressaca pior que a minha. Achei melhor não incomodar. 

Mas quem disse que eu conseguia parar de pensar na última frase dela? Eu quase não dormi pensando o que ela estava tentando dizer com aquilo. 

Eu sou lerda? Por que eu sou lerda? Eu perdi algo em algum momento da noite? Eu não estava entendendo nada daquilo. Nem o motivo de pensar tanto sobre. O que eu queria buscar com essas perguntas? 

A Rosamaria montou um triplex na minha mente e parece que nem um guindaste era capaz de ajudar.

Repassei toda a nossa conversa e lembrei que algo havia me intrigado. O fato dela ter me contado, em outras palavras, que era bisexual com um certo receio. Mesmo bêbada dava para perceber que ela estava com medo de falar e isso chamou minha atenção. Se ela desconfiava que eu gostava de mulheres, porque tanta tensão em me falar sobre o assunto? Fiz uma anotação mental para questioná-la. 

Decidi ir logo após o almoço pra cafeteria. Eu tinha alguns relatórios para ler e o prazo estava curto. 

Pedi meu bom e velho amigo café e me concentrei durante algumas horas na leitura. Terminado, eu enviei e-mail com meu parecer para os respectivos departamentos. Minha vista já estava cansada pela cautela ao ler aqueles documentos e por revisar algumas vezes o meu texto. Acabei encerrando minhas obrigações por aquele dia.

Um tempo depois, Léia veio até minha mesa e se sentou. O lugar estava tranquilo e ela não estava sendo muito exigida. Conversamos um pouco sobre o fim de semana e eu tinha a ligeira impressão que ela estava querendo me perguntar algo.

- Vocês nem mandaram mensagem no grupo avisando que já tinham chegado. - ela falou num tom reticente.

- Desculpa, Leinha! Eu acabei esquecendo. - falei. 

- Mas a Rosa também não mandou. Vai me dizer que ela esqueceu também? - falou com uma certa ironia.

- Uai, ela estava bem alegre, normal não lembrar. - eu disse simples.

- Por que eu acho que não foi só isso? Vocês estavam um grude só.

- Eu não sei porque cê tá achando algo. - falei interrogativa. - Ela só me ajudou a se livrar de uns caras.

- Às vezes eu não sei se você é sonsa mesmo ou desligada... - ela falou negando. - Vocês ficaram? - ela foi direta.

- O quê? Não. Claro que não. - falei rápido. - De onde cê tirou isso?

- Gattaz, vocês não tinham olhos pra ninguém a não ser para vocês mesmas. - ela falou indignada. 

- Eu acho que cê está vendo coisa onde não tem. - fui sucinta.

- Eu e a Pri, né? Porque ela também percebeu um clima entre vocês. - ela disse. - Você vai negar até quando que está afim dela?

Ouvir aquilo me fez parar um pouco para pensar. É claro que eu já sabia que tinha uma queda por ela. Mas eu estava com medo. Medo de confirmar isso pra mim mesma. Ela também vinha sendo uma ótima amiga, uma parceira incrível no dia a dia e eu tentava ao máximo esconder o que vinha sentindo. 

Eu nem sabia que ela gostava de mulheres até a sua confissão. O que talvez não tenha sido uma coisa boa, pois desde então aquilo também mexeu comigo. Com meus desejos. Ela era uma mulher linda. Desde o dia que nós nos conhecemos ela me chamou atenção. Primeiro pela beleza e depois, com o tempo, por ser uma pessoa tão maravilhosa. Eu sempre procurava não pensar muito sobre ela. Enterrava qualquer desejo, atração que eu sentia por ela. Mas, ultimamente, estava ficando bem difícil e mesmo assim, eu lutava contra. Eu não queria perder o que construímos nesses meses.

Nuovo Inizio - RosattazOnde histórias criam vida. Descubra agora