Capítulo 18

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Narração Por Elena Katherine Statham

Londres, Inglaterra

Março 03, quinta-feira

Me repreendo a colocar as mãos pela vigésima vez na barriga, não tem volume nenhum de bebê ou coisa parecida. Nem sei se estou grávida mesmo, não quero essa criança, não quero que o meu filho sofra. Jason saiu do quarto para falar com o médico, ainda estou me trocando para descer. Já na sala o Doutor me examina, presão, as batidas do meu coração.

— Vou precisar de exames para saber a saúde dela — O doutor responde como se eu não existisse, como se fosse um cachorro

— E a gravidez? — Jason pergunta ansioso, o vejo andar a sala inteira em círculos

— Não tenho a confirmação, preciso dos exames completos, mas ela estar com os sintomas — O doutor responde

Ficamos sozinhos depois de um tempo, Jason estar olhando para minha barriga e eu estou olhando para suas feições. Levanto do sofá e vou para sala de jantar tomar o café da manhã.

— Vamos viajar amanhã mesmo — Jason responde me seguindo a cada passo

— Vamos, você quer dizer todo mundo — Digo e vejo respirar fundo se controlando

— Já falei que eles não vão — Responde se referindo as crianças

— Você não pode discutir com uma grávida — Digo e o vejo fazer uma careta, jurei que iria ter um avc

— Não estou nem aí, agora estou me importando mais com o bebê do que com você — Diz e dou de ombros

— O bebê sente tudo o que a mãe dele sente — Digo tomando o meu café da manhã, estou com muita fome

— Não acho seguro as crianças viajando comigo — Jason responde e a cara nem treme quando mente

— Não acha seguro, mas quer me levar junto com você — Digo e o vejo desviar olhos dos meus

— Quero ficar sozinho com você — Finalmente entrega o propósito dessa viagem

— Não entendo — Digo realmente sem entender, ele estar pensando em segundas intenções?

— Será que não posso ficar sozinho com a minha esposa? — Sua pergunta é um descaramento

— As crianças não atrapalham em nada — Digo a verdade, elas sempre são afastadas dos adultos, as vezes me pergunto se elas realmente existem

— Não quero que você seja a mãe deles — Jason responde sério, não acho que eles estejam procurando uma mãe, mas sim um pai

— Não, não quero ser, mas eu entendo o que eles estão sentindo. Você sabe o que passei com o meu pai, ele nunca olhava na minha cara e nunca ser quer me deu carinho, e no final, ele me vendeu — Digo olhando em seus olhos, agora só ele sabe o quanto sofri por ter apenas o amor de minha mãe

— Andrew era ocupado demais — Responde e nego rapidamente

— Não tenta justificar o seu amigo, só tenta você ser um pai presente para os seus, pelo menos eu tinha a minha mãe e seus filhos não tem ninguém — Digo finalizando o café da manhã, levanto da cadeira e volto para o quarto

Não sei quantas horas fico deitada na cama, lendo e relendo livros. Até que alguém bate na porta, juro que não esperava essa pessoa entrar neste quarto. Ava fica entre a porta, acho que com vergonha de entrar totalmente na intimidade do seu pai.

— Não sei o que você fez, mas vamos viajar juntas — Responde com felicidade, mas uma tristeza continua em seus olhos

— Só conversamos — Digo realmente surpresa por ele ceder, aquelas palavras foram necessárias

— Sei, tchau — Ava bate a porta do quarto ao sair, sinto que ela queria falar mais alguma coisa, ainda consigo sentir sua presença do outro lado da porta

Espero alguns segundos até ficar realmente sozinha naquela direção da casa, penso se fiz certo em implorar para essas crianças irem com a gente. Jason falou que as crianças podem correr perigo com ele, mas se não, ele não me levaria junto. Fico me perguntando o que essa viagem significa, porque ele antecipou a viagem ao saber da gravidez?

Decidi descer novamente para sala, nenhuma alma viva para conversar sobre o clima chuvoso de Londres. Qualquer besteira para passar o tempo, estou impaciente. Fico andando pela mansão, até seguir o mesmo caminho que o Jason faz todos os dias depois do café da manhã. É uma porta alta, com os nos dos dedos bati na mesma, e entro quando não o escuto responder. Meus ombros relaxam quando percebo que aqui estar vazio, é um escritório enorme, espaçoso para trabalhar. A luz estar desligada, mas a cortina estar escancarada e assim passa alguns fios de luz solar pela janela.

Não sei exatamente o que estou fazendo aqui, mas me lembro perfeitamente quando eu tinha catorze anos e entrei em uma sala parecida. A diferença que era em uma casa na praia, mas tinha o mesmo clima pesado. Como se não fosse um escritório, e sim, uma masmorra.

Meus pés finalmente saem do lugar, meus dedos vão direto para as gavetas da mesa de madeira na cor preta fosca. Nenhuma gaveta trancada, na verdade, nenhuma gaveta tem fechadura. Tem muita pasta, pego algumas em mãos e vejo fotos de pessoas totalmente desconhecida. Engulo em seco quando vejo algumas fotos rasuradas apenas com um x de caneta permanente preta. Sem pensar procuro alguma pasta com nomes familiar, até que vejo o meu antigo sobrenome. Goulding

— O que você estar mexendo aí? — A sua voz não é de aborrecimento, mas é alta e clara de insatisfação

— Nada — Digo jogando a pasta de volta no lugar, e me ajeito ereta

— Você realmente tem muita coragem de mexer nas minhas coisas — Responde se aproximando da sua cadeira

— Você mexe nas minhas, então direitos iguais — Digo sentindo novamente aquele embrulho no estômago

— Tá certo, o que você quer xeretar aqui? — Jason pergunta se jogando na cadeira

— O meu sobrenome — Digo e o vejo negar

— Você é uma Statham, o sobrenome aqui são dos seus pais — Responde pegando a pasta que estava em minhas mãos minutos atrás

— Por que? — Pergunto me referindo essa pasta estarem na sua mesa

— Porque estou procurando o assassino do seus pais — Responde coçando a barba e vejo sua voz vacilar um pouco

— Porque ainda não achou o assassino, você não é a pessoa que nunca erra? — Digo em deboche e vejo me olhar sério

— Porque tenho certeza que ele ou ela é mais perigoso do que eu — Responde deixando a minha pele arrepiada e meu coração batendo acelerado

O Lobo SolitárioOnde histórias criam vida. Descubra agora