Capítulo 21

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Narração Por Elena Katherine Statham

Nice, França

Março 07, segunda-feira

Decidi trocar novamente de roupa, não consigo descansar ou fechar os olhos, o futuro reserva muitas coisas para o meu filho. Será que também vou ser morta? Como a mãe das crianças. O clima é um pouco diferente, mas os ventos ainda são bastantes gelados. Visto algo que consigo suportar o frio, vou dar uma caminhada ao redor para fora da residência. Existe uma trilha enorme até a água parada, sem as crianças e sem o Jason, caminho sozinha por elas. Fico apreensiva por me sentir observada, pelo que seja o meu marido, mas por que ele não aparece?

— Jason — Chamo seu nome, e rezo para ser apenas ele, não penso em correr por esse lugar sem saber onde estou indo. Minha respiração estar tão pesada que tenho medo de cair para trás

— Sou eu — A voz rouca soa muito longe, seus passos são bastante diferentes do que estava escutando segundos atrás. Olho para todos os lados apreensiva

— Não acredito que você me seguiu — Digo respirando mais aliviada, enxugo minhas mãos suadas na calça e espero que apareça na minha frente

— Não segui, saí agora de casa — Responde e finalmente consigo lhe ver ao caminhar na minha direção

— Vim apenas conhecer o lugar — Digo antes de perguntar qualquer coisa, mas não consigo tirar meus pensamentos de segundos atrás. Será que tem mais alguém neste lugar? Algum vizinho?

— Também vou caminhar com você — Responde e confirmo sem dizer mais nada, caminhamos por terra mal cuidada e acabo quase caindo em um buraco

— Presta atenção, olha para baixo — Jason responde entre dentes e se recompõe, pois estava quase gritando comigo, minhas pernas parecem gelatina quando estou ao seu lado

— Tô olhando — Digo fingindo não ter acontecido nada comigo, só o que faltava quebrar um pé nesse fim de mundo

— Não se esqueça que tem uma vida aí — Diz e confirmo rapidamente, nunca vou esquecer que tem um bebê dentro de mim e que depois de nascer vai me chamar de mãe

— É claro que não esqueço, só eu que estou carregando mesmo — Digo e não dar nem dois segundos e escorrego na terra caindo sentada no chão

— PORRA — Jason grita histérico e tenta me levantar nos seus braços fortes, mas lhe afasto com bastante grosseria

— Se afasta, eu caí porque você fica falando merda — Digo me levantando e limpando a sujeira do bumbum, sinto dor, mas não falo nada

— Vamos volta — Responde e nego rapidamente ao sentir que a dor sumiu, mas meu bumbum dói, quero terminar a trilha já que estamos mais perto da água parada

— Não, eu fico — Digo caminhando e chegando nas águas paradas depois de alguns minutos, toco com a ponta dos dedos, mas a água estar muito gelada

— Vê se você não se joga nessa água — Responde se aproximando e nem penso em molhar mais nada no meu corpo nessa água trincando de gelada

— Quanto tempo vamos ficar aqui? — Pergunto gostando demais desse lugar, é tão calmo e ao mesmo tempo com o clima mais leve

— Acho que vamos morar aqui, Elena — Diz e o olho com surpresa, nunca vamos voltar para Londres?

— Mas por que? — Pergunto querendo saber os motivos, por um momento não quero mais voltar, mas lá foi o lugar que passei mais tempo na vida

— Londres é um lugar que aconteceu muitas coisas, tanto para você quanto para as crianças — Diz e percebo que estar pensando nas crianças

— A morte da mãe deles — Digo desviando os olhos e o vejo se remexer desconfortável

— Não fale na frente deles — Diz e dou de ombros, qual criança quer ouvir a história que sua mãe morreu porque o pai deles a matou

— Por que você fez isso? — Pergunto o olhando nos olhos, coloco a ponta dos dedos dentro do casaco quentinho, não sei o porquê desta minha pergunta agora

— Não lhe interessa — Diz entre dentes e posso escutar quase um rosnado de raiva, me afasto novamente querendo volta para casa, mas algo impede

— Você é um monstro — Digo e meu braço é puxando na sua direção com toda brutalidade, não sei novamente o que estou fazendo ao perguntar e demonstrar tanta raiva

— Chega, vamos voltar — Diz me puxando em direção de volta para casa, tropeço várias vezes, mas puxo meu braço de volta com toda força

— Não quero voltar, me deixa em paz Jason, estou vivendo a minha vida antes de você me matar — Digo bem perto do seu rosto e o vejo me olhar assustado, agora não quero voltar mais para casa

— Nunca iria te matar, sua diaba — Diz se afastando indignado

— Você mata pessoas, matou sua mulher e agora o que é uma idiota como eu em suas mãos — Digo com um pouco de deboche na voz

— Eu amo você — Diz apontando em minha direção e nego rindo da sua cara ao se declarar, só o que me faltava escutar mentiras

— Você não ama ninguém, e mais, eu nunca vou te amar — Digo me aproximando e quase gritando essas palavras em seu rosto para ver se entra na sua cabeça

— Por que? — Jason pergunta bastante interessado ao ouvir

— Gostava de você, paixão de adolescência rebelde, mas odiei quando você matou sua própria esposa. Caiu a ficha que você era ruim para mim — Digo todas essas palavras com bastante convicção

— Eu não sou a pessoa que você pensa, Elena — Diz se aproximando ainda mais e me afasto negando, sei bem quem é o Jason Statham

— É sim, você é um assassino, sempre foi e sempre vai ser — Digo olhando em seus olhos e vejo certa mágoa

— Sou assassino, mas só mato por causa do meu trabalho ou por vingança, não por traição de casal — Diz e nego, vai começar a passar na minha cara que lhe trai

— Nunca pensei em lhe trair, mas aconteceu e você não pode fazer mais nada — Digo e o vejo negando rapidamente, não consigo entender o que ele quer dizer ao negar

— Não estou falando de você, me doeu muito ver você se envolvendo com o meu irmão, mas Rebecca me traiu, assim como você — Diz olhando para os seus pés

— Mas isso não é desculpa para matar ela — Digo e o vejo confirmar, não consigo entender como nossa conversa veio parar nesse assunto

— Já disse que não matei por causa da traição— Diz se segurando para não gritar comigo novamente, cruzo os braços querendo saber o rumo desta história

— Então foi por que? — Pergunto bastante curiosa, mas não sei qual vai ser a sua resposta, se tudo não foi um motivo pior que a traição

— Primeiro, eu não matei ela — Diz desviando os seus olhos dos meus e fingi uma risada falsa, estava lá no mesmo dia que Jason matou a esposa dentro do quarto dos dois

— Como? — Pergunto realmente querendo ouvir uma grande mentira

— Já que seus pais morreram, posso dizer agora — Diz respirando fundo e olhando em direção a água parada, como que meus pais pararam nesta conversa?

— O que é que tem os meus pais? — Pergunto assustada por falar de pessoas que já faleceram e não tem nada haver com Jason e Rebecca

— Seu pai e Rebecca eram amantes — Diz e não consigo segurar as lágrimas brotando sobre meus olhos assustada, embasando a minha vista

— Que? — Seguro o grito

— Sua mãe matou a Rebecca, matou dentro da minha própria casa — Diz e me seguro para não cair no chão novamente, nego rapidamente em direção ao Jason e ele confirma quase não acreditando no que acabou de dizer

O Lobo SolitárioOnde histórias criam vida. Descubra agora