Capítulo 06

1.6K 113 5
                                    

Narração Por Elena Katherine Goulding

Londres, Inglaterra

Janeiro 24, segunda-feira

Acordo sentindo dores em meu corpo, principalmente na coluna e rápido me sento ao recobrar a consciência. Dormi no chão do banheiro com o receio de voltar para o quarto e lhe encontrar no meio da noite. Levanto indo direto para o chuveiro, a janela mostra que já é de manhã. Demoro alguns minutos no banho, troco de roupa por uma calça jeans e uma blusa de mangas longas. Tento manter a calma antes de aparecer no quarto e solto o ar dos meus pulmões quando tenho a certeza de estar sozinha.

Mas não demora nem cinco minutos e alguém bate na porta antes de entrar, Marta aparece em meu campo de visão e novamente a alma volta para o meu corpo.

─ Bom dia, sra. Goulding ─ Responde ao me ver, consigo sentir alguma coisa na expressão do seu olhar

─ Bom dia, pode trazer o meu café da manhã, por favor ─ Digo quase lhe implorando para fazer este favor, não quero descer e encontrar o meu noivo

─ Descul... ─ Alguém lhe interrompe com sua voz rouca e Marta se assusta, não preciso nem mesmo olhar para saber exatamente quem é o dono da voz

─ Não, ela não pode trazer seu café da manhã e nem pense em se esconder no banheiro. Marta retire todas as chaves e depois vejo o que fazer com elas ─ Statham ordena se aproximando de mim e acabo abaixando a cabeça, olhando para o chão

─ Sim, senhor ─ Marta imediatamente cumpri suas ordens e encolho meus ombros, vejo a senhora se retirar do quarto retirando a última chave

─ Por que achou que poderia se livrar de mim, nem que seja por alguns segundos, em? ─ Pergunta com ironia e seu rosto fica centímetros longe do meu

─ Não queria... Me livrar de você, só estava com medo de você me machucar, só isso ─ Repondo como uma covarde, Jason estar de terno bem alinhado ao seu corpo

─ Elena, eu iria tentar devagar, mas agora... Vou te foder com força até consegui ver muito, mais muito sangue ─ Responde com bastante calma, em seguida sou empurrada para escrivaninha, minha testa bate na madeira e minhas costas colado ao seu peito

Não consigo conter a minha boca fechada e grito para todos escutarem, mas ninguém ira me salvar. A lateral da minha bochecha encontra a mesinha e meu cabelos são puxados com força, escuto sua calça abrir e tento fugir de suas mãos. Sinto seu toque nojento e seus dedos tentar abaixar a minha calça. Meus olhos estão em direção a porta do quarto e tentando mil maneiras de fugir, até que vejo a porta ser empurrada.

─ Papai, o que o senhor estar fazendo? ─ O garoto demonstra não estar assustado, mas confuso e com isso sinto alivio dos apertos das mãos do Statham

─ FORA DAQUI, AGORA ─ Consigo ver o desespero daquela criança ao tentar sair do quarto, deixo algumas lágrimas cair em alivio ao ver Statham se ajeitar e sair do quarto

Sento na cama escutando os gritos no corredor, a criança não tem culpa de nada e agora me vejo ao contrário. Deveria ir lá lhe ajudar, como me ajudou sem saber. Mas em seguida consigo ver o silêncio de volta a essa casa. Não consigo descer para comer alguma coisa, mas Marta aparece novamente com uma bandeja em mãos.

─ Você deve comer rápido para ninguém entrar aqui e ver, nem mesmo as outras meninas que trabalham comigo, elas são muito fiéis ao Sr. Statham ─ Responde fechando a porta atrás de si e em seguida coloca a bandeja em minhas coxas

─ Não deveria estar se arriscando por mim, eu não posso lhe proteger ─ Digo com receio, não quero pessoas se prejudicando por minha causa, não sou nada nesta casa

─ O meu trabalho é este, cuidei da falecida até o último dia antes dela morre, quer dizer... Quando foi assassinada ─ Responde e me estremeço com esse assunto

─ A senhora acha que foi alguém de fora? ─ Pergunto receosa, sei quem foi exatamente

─ Claro, muitas pessoas dizem que foi o Sr. Statham, mas não foi. Também não posso negar as brigas, traições e agressões pelos dois lados, mas a Sra. Statham era mãe dos filhos dele. Ele nunca a amou, ele sempre tinha uma obessessão por uma menina, e Rebecca sabia disso a deixando em uma profunda depressão ─ Responde convicta de suas palavras e tenho que lhe perguntar sobre esse último assunto

─ Quem era essa menina? ─ Pergunto com o medo da resposta e seus olhos se fixam com os meus

─ Você, o nome que ele sempre dizia e ainda diz é o seu menina. Muitas vezes a Sra. Statham o proibia de visitar seus pais, mas ninguém consegue mandar nele ─ Responde e engoli a saliva com dificuldade, tenho até que beber dois goles de suco

─ Ele chegou a abusar de mim, no velório dela ─ Digo em pensamento muito alto e a vejo confirmar como se já soubesse

─ Reparei Sr. Statham te seguiu, já sabendo da história tentei fazer alguma coisa, mas desisti como uma covarde ─ Responde e nego, com aquele homem não devemos enfrentar, é algo inútil

─ Hoje ele vai tentar novamente, tenho certeza ─ Digo tentando manter a calma, mordo um croissant recheado

─ Hoje a noite a senhora tem um jantar, esqueci de lhe dizer, o irmão do Sr. Statham vem visitar os dois e as crianças ─ Responde e confirmo sem opção

(...)

Escolhi uma calça preta e um conjunto com a camisetinha e cardigan na cor branca. Nos pés coloco sapatos e meias quentes, pela minha janela consigo ver um jardim maravilhoso neste frio e então vou passear um pouco por lá antes do jantar. Verifico o corredor do meu quarto e nem uma alma viva presente, desci as escadas escutando meus próprios passos naquele silêncio. Abro a porta principal e desci mais alguns lances de escadas, vou pela direita e o ar frio começa a incomodar. Continuo em direção ao jardim, fico encantada, existe dois arcos em cor verde e um lugar para sentar. Consigo respirar bem fundo e fico até mesmo feliz neste momento.

─ Com todo respeito, você é maluca de ficar neste frio ou é apenas uma moça admirando seu jardim ─ Levo um breve susto, não consegui sentir a presença de alguém atrás de mim e nem de seus passos

─ Não deveria ter feito isso, me assustou ─ Digo bastante seria e o irmão do Statham se aproxima onde estou agora sentada

─ Desculpa, não quis lhe assustar ─ Responde e o vejo também admirando o jardim

─ Tudo bem, mas você chegou cedo, Statham vai se atrasar um pouco ─ Digo e Steven se senta ao meu lado

─ Não tenho muitos compromissos como meu irmão tem, e que bom ainda tenho sua companhia e não fico sozinho como as outras vezes ─ Responde deixando um sorriso meigo no canto de seus lábios

─ Tem as crianças ─ Digo ao lembrar delas, o casal de irmãos fica em quartos diferente e dificilmente os vejo

─ Aquelas crianças são uma cópia muito da bem feita do meu irmão ─ Responde com ironia e fico confusa enquanto ao garoto, ele ficou tão assustado mais cedo

─ Ainda não os conheci e então não posso falar nada a respeito ─ Digo me levantando do banquinho, mas o rapaz me puxa pelo braço e sento no banco novamente

─ Você é diferente, não é? ─ Pergunta e franzo as sobrancelhas confusa, e com receio

─ Tenho que entrar, estou com frio ─ Respondo com uma meia mentira, ainda não sinto tanto frio

─ Tome meu casaco ─ Diz retirando por seus braços e nego rapidamente, levanto do banco novamente

Mas sinto o toque de sua mão esquerda na minha e me puxa em sua direção, o seu toque é quente demais. Novamente nego o casaco e vou em direção a mansão com pensamentos confusos.

O Lobo SolitárioOnde histórias criam vida. Descubra agora