Capítulo 28

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Narração Por Elena Katherine Statham

Nice, França

Abril 04, segunda-feira

As crianças vão na frente, indo em direção ao embarque e dois seguranças empurra o carrinho com as malas em direção ao check-in. Natalie estar ao meu lado sem dizer exatamente nada, até o momento que consigo despachar as nossas malas. Retiro o passaporte e a autorização como mãe das crianças, mas por ironia do destino temos o mesmo sangue. Será que Natalie é a pessoa que eu deveria encontrar quando chegasse ao aeroporto, será que vou ter que viajar com ela para o Brasil. Mas não a vejo retirar nada da bolsa, nos afastamos quando tenho as passagens em mãos para passar pelo raio x.

— Como você estar percebendo só estou aqui para ter certeza que vai embarcar — Natalie chama a minha atenção e confirmo, sinto um incômodo novamente por ficar

— Por que? — Pergunto tentando retirar alguma resposta sua, já que o Jason não consegui retirar quase nada de informação

— Vocês precisam estar seguros, o Brasil não é o melhor país do mundo, mas é o melhor no momento — Diz desviando seus olhos dos meus, não sei se devo perguntar

— O Jason estar correndo perigo? — Pergunto em um sussurro para Ava e Ares não escutarem algo relacionado ao seu pai

— Claro, e tudo isso é culpa sua, Jason quis tanto uma coisa que agora não pode ter — Responde com tanto rancor guardado por mim, mas acho que estar tentando ferir a pessoa errada

— A gente tem um passado, Natalie — Digo e a vejo respirar fundo tentando se controlar, só pode ser brincadeira que ela vai me atacar agora

— Um passado que pode ser que não tenha futuro, o Jason é o amor da minha vida, mas infelizmente você é o dele — Responde olhando em meus olhos, desvio dos seus por estar com tanta raiva, não deveria ser de mim

— Se você tiver a chance, cuida dele — Digo indo em direção as crianças, chega o momento de ir embora, chega aquele momento que eu senti quando fui morar com o Jason

— Leia as instruções no envelope

Escuto antes de entrar naquele corredor, consigo sentir a respiração da Ava cansada e Ares me olha a cada segundo que se passa. Sei que eles dois querem saber o porque de estarmos indo embora, para longe do pai deles, mas por enquanto fica apenas nos olhares.

— Onde vamos ficar quando chegarmos ao Brasil? — Ares pergunta depois de um tempo, exatamente não sei o que vamos fazer quando chegarmos

— Não sei, podemos ficar em um hotel — Digo tentando ao máximo me controlar para ler aquele envelope, não sinto tanto medo como da primeira vez porque não estou indo embora sozinha

— Temos que te chamar de mãe? — Ava pergunta agora me olhando nos olhos, abro a boca e fecho alguns vezes seguidas sem saber explicar a nossa situação

— Precisamos fazer isso só quando estivermos no aeroporto — Digo dando de ombros tentando sair disso

Demoramos um pouco para entrar no avião, sentamos os três um do lado do outro e coloco o cinto nós dois com Ava resmungando por ser independente. Parece ser uma eternidade até o avião decolar, relaxo o meu corpo na poltrona respirando fundo e toco a minha barriga a massageando. Agradeço ao meu filho que ainda esteja aqui dentro de mim, que esteja protegido e quentinho. Tento planejar como vai ser a nossa vida no Rio de Janeiro, a minha mãe chegou a me ensinar o português e devo lembrar de algumas coisas. Retiro o envelope da bolsa e vejo os dois dormindo ao meu lado. Abro vendo um papel dobrado com bastante dinheiro em espécie.

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