22. Sentimentos são como substâncias solúveis

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Namju High School, Seul. 05 de outubro > segunda - feira

JISUNG ✏️

Já faz algumas semanas desde que falei com Sohee pela última vez. Não estamos muito bem desde a festa, para falar a verdade.

Mas, felizmente, isso aqui é o Ensino Médio, e embora eu seja incapaz de esquecer a vergonha que passei, todos ao meu redor já o fizeram. 

Então não, a minha vida não foi completamente arruinada como eu achava que seria.

Mas sim, eu fui idiota o suficiente para deixar algo desse tipo afetar a já frágil e pendulante relação que eu tinha com Kang Sohee.

Desde então, surpreendentemente Zhong Chenle tem me ajudado a lidar com meus próprios problemas pessoais. No início, eu achei que ele queria algo de mim. Ou que estava mancomunado com Lee Haechan - que também gosta de Sohee - para tentar me tirar da jogada.

Ao que parece, eu devo ser bem paranoico, considerando que Chenle só estava à procura esse tempo todo de um amigo. E, mesmo tendo sido resistente no começo, agora eu apenas aceitei a companhia barulhenta do chinês e suas tentativas de me ajudar.

Quer dizer, eu entendo o porquê dele se compadecer comigo. Afinal, ele está caidinho por Jihyun, a melhor amiga de Sohee. No entanto, diferente de mim, ele não deixa nenhum tipo de embaraçamento interferir na relação deles, e mesmo que ele pague diversos micos na frente dela, continua fingindo que nada aconteceu até conquistá-la.

Então talvez ele tenha sido um bom exemplo, já que inspirado em sua total falta de noção eu estou indo fazer exatamente a mesma coisa: fingir que nada ocorreu.

Inclusive, ele já havia quase me convencido a fazer isto antes: eu até fui à loja onde Sohee trabalha para tentar um pedido de desculpas. Porém, assim que cheguei percebi que ela estava acompanhada. De um garoto, aliás.

Isso feriu um pouco o meu orgulho, não posso negar, então abortei a missão e me recolhi para mais dias e dias de arrependimento. 

Mas agora estou cem por cento convencido. Não dá mais para voltar atrás nem adiar o inevitável.

Quanto mais meus passos se apressam sinto meu coração bater mais rápido. Será que ela já esqueceu de como fui estranho da última vez que nos falamos?

Antes que pudesse perceber, perdido em meus devaneios, me encontro em frente à Sohee. De fato, quase chego a esbarrar nela.

E é apenas a minha aproximação súbita que a faz tirar o olhar do chão do corredor para a sua frente. Sua feição é triste e até um pouco envergonhada.

Droga, péssimo timing Jisung...

Por alguns segundos, ficamos em silêncio e quase considero ser a razão pela qual ela está chateada. "Que saco, é aquele garoto irritante de novo", ela deve estar pensando. Sinais de pânico percorrem meu corpo e penso em milhares de maneiras de tentar corrigir qualquer possível inconveniência que eu esteja causando.

Até que ela sorri. E eu coro só de ver seu sorriso.

— Jisung! — Sohee exclama e seu rosto se ilumina um pouquinho.

Sua boa recepção dissipa todo o meu nervosismo e eu sorrio amplamente de volta.

— Sohee... — Respondo, sem ideia do que falar em seguida. Deixo um silêncio constrangedor cair entre nós enquanto procuro o que dizer. — Como foi o acampamento da sua turma? 

— Ah, você sabe. — Ela dá de ombros e sua feição parece desmanchar de novo. — Nada demais. Essas viagens são sempre um pouco iguais. 

Como o assunto não é muito engajado, tento desesperadamente encontrar outra coisa para dizer.

A lista dos garotos perfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora