33. O amor é uma corrida de obstáculos

39 8 13
                                    

Corro até meus pés não aguentarem mais. Não quero saber de mais nada. Apenas corro.

Poucos pensamentos passam pela minha cabeça durante minha corrida, e eles são: onde Mark Lee estaria às onze da manhã em uma terça-feira útil? Como eu posso chegar até lá?

Para essas duas perguntas eu tenho duas respostas claras: 1- Horang University e 2- Pegando o ônibus que passa bem no fim da minha rua.

Todos os outros questionamentos sobre as amenidades relacionadas são ignorados. Será que vai ser estranho chegar lá do nada? Não sei. Como eu vou dizer para ele que o amo? Não me importa. O que fazer se ele me rejeitar? Não tenho ideia. 

Meus pés parecem pegar fogo em dado momento, e nem me pergunte sobre a respiração descontrolada que faço agora. Talvez, inclusive, seja a falta de oxigênio propriamente dito que esteja me fazendo agir tão irracionalmente e de maneira despreparada. Mas, como eu já disse, não há espaço para pensar em qualquer outra coisa agora.

Pela paisagem, vejo que finalmente cheguei na rua de casa. Passo pelas casas vizinhas, pelo antiquário, e então avisto a minha própria casa.

— Ei, jovenzinha! Volta aqui! —  Ouço a voz de Sra. Song gritar enquanto passo correndo por sua casa. Penso por alguns segundos em voltar para ver o que quer que seja que ela queira de mim, mas afasto o pensamento e me desculpo mentalmente por ignorar a tão gentil vizinha.

Contudo, em situações como esta, cada segundo conta. 

Antes sequer de completar minha cadeia de reflexões, vejo o ônibus parar no ponto bem no fim da rua. Ainda estou a alguns bons metros de distância, então apresso o passo.

Nestes últimos metros, corro com mais força do que em qualquer momento de minha vida. Corro como se minha vida inteira dependesse disso. Meu único foco é o grande veículo parado no fim da rua.

Talvez este seja o meu karma por ter evitado por tanto tempo as aulas de educação física no colégio.

Volto para o foco da corrida após essa mínima distração e percebo que o ônibus já começa levemente a se movimentar para sair dali. Grito para o motorista enquanto tento desacelerar o passo ao finalmente encontrar o ponto de ônibus.

Ele para, vendo meu desespero, e abre as portas para que eu entre no transporte. Lhe entrego o dinheiro da passagem com as mãos trêmulas e desabo no primeiro banco que encontro, completamente ofegante.

— Atrasada para a aula, mocinha? — Uma senhora ao meu lado questiona, risonha. Olho para ela sorridente e apenas faço que "sim" como resposta, sem forças para dizer nada.

Quando o ônibus para em frente à Horang, desço apressada. A visão do campus é deslumbrante: prédios enormes o rodeiam e seus grandes gramados são tomados por estudantes de todos os jeitos diferentes.

Um ar de seriedade passa por mim e por alguns segundos me arrependo de ter vindo para cá com meu uniforme de ensino médio. Me sinto tão pequena diante desses universitários que é quase inacreditável que eu mesma venha a ser uma daqui a alguns meses.

Pensar que o título de universitário do Mark nunca me intimidou como o de outras pessoas me faz sorrir. Essa é mais uma das coisas que eu gosto nele...

Foco, Sohee. Agora precisamos encontrá-lo nesse mar de gente.

Começo a andar, insegura. Meus olhos procuram incessantemente qualquer aviso ou placa que me indique a direção certa.

A baixa da adrenalina que sofri no ônibus foi suficiente para que eu recuperasse alguns de meus sentidos. Agora, apesar de animada e determinada, eu me sentia um pouco mais calma e podia pensar mais claramente.

A lista dos garotos perfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora