A lista dos garotos perfeitos

35. Epílogo

Na literatura, chamamos de "epílogo" aquele breve capítulo final que alude à vida posterior de nossos queridos personagens. Por que não, então, mostrar um pouco de como está a vida de alguns desses ferventes adolescentes e seus cotidianos cheios de cores que os acompanharam durante toda essa jornada de leitura?

Quem vos fala, aposto que estão se perguntando, é a sua nada modesta autora. Afinal, você achava que Kang Sohee era a única que poderia narrar sua própria história? Acho que nossa pequena Kang não contava com o nosso poder de observar sua saga por cima, tendo sempre acesso ao seus altos e baixos. Claro que, não teríamos acesso a essa grande e verdadeira fofoca se não fosse a gentileza de quem vos escreve agora, não é mesmo?

Por isso - e também porque nossa agitada protagonista se encontra ocupadíssima com toda a agitação que envolve a vida na faculdade - eu me disporei a narrar um pouco do presente de Sohee e seus amigos, e espero que ela não se importe de me passar o bastão por enquanto.

O verão em Seul era ótimo. Pelo menos era isso que nossa protagonista achava enquanto saboreava uma deliciosa e gelada limonada no conforto de uma cadeira de encosto reclinável posicionada no terraço da casa de sua melhor amiga, Jihyun, enquanto uma brisa leve bagunçava seus cabelos abaixo da sombra de um guarda sol.

Essa opinião, no entanto, não era compartilhada por Mark, que já estava na quarta hora de caminhada enquanto procurava por todo o centro da cidade uma coisa muito específica - ele se sentia em uma caçada, ou uma aventura nada emocionante. Seu alvo era: o presente perfeito para o aniversário de sua namorada, Sohee.

— Lee Haechan! Você precisa me ajudar! — Mark suspirou exaltadamente quando o coreano finalmente atendeu seu telefone, depois de mais de cinco tentativas.

— Pois não, Mark? — Hyuck respondeu do outro lado da linha, com um tom um pouco mais sarcástico do que o rapaz suado e cansado esperava.

— O presente da Sohee! Você é melhor amigo dela, deve saber alguma coisa que ela queira! — O rapaz suplicava enquanto passava as mãos desinteressadamente por uma arara de roupas na vitrine de uma lojinha. — E eu não posso pedir ajuda à Jihyun, porque Sohee está com ela!

— E? Você é literalmente o namorado dela. Quem tem que saber disso é você! — Haechan resmunga de volta, indignado. Mark revira os olhos, desejando que o coreano estivesse lá para ver sua expressão de descontentamento. 

Bom, Haechan tinha um ponto importante, pelo menos. E, para falar a verdade, ele tocou em um assunto delicado para o canadense.

— E-eu só achei que... talvez... você soubesse de algo que ela não me contou. — Mark responde, por fim, derrotado. Ele não tinha mais tempo - ou energia - para fingir normalidade ou defender seu lado. O sol o cansava e não era do feitio do garoto ser orgulhoso: sim, ele se sentia um namorado péssimo por não saber sobre esse tipo de coisa, e talvez admitir isso já seja um passo para melhorar. Mas a verdade era que Sohee sempre parecia tão contente e realizada, tão complacente e feliz nos momentos que ambos compartilhavam juntos que Mark mal conseguia imaginar que algo lhe faltasse, ou que alguma coisa fosse de seu desejo.

Ao perceber o tom de desistência do amigo, Donghyuck acalma seus ânimos e suspira fundo. Ele não gostara nada de ser interrompido em um de seus únicos momentos livres de diversão e já se encontrava um tanto aborrecido desde que um certo chinês se recusou a visitá-lo pois estava "ocupado com tarefas da faculdade de artes". Nos últimos tempos Renjun estivera constantemente atarefado e - para a infelicidade de seu namorado - os dois quase nunca podiam se encontrar com suas agendas tão cheias.

Talvez seja por isso que, em um lapso de julgamento, Haechan tenha bufado e respondido à voz no seu celular:

— 'Tá, tanto faz, Mark. Eu vou até aí te ajudar. Me manda sua localização. — E desligou a chamada, deixando o mais velho completamente estatelado olhando para sua própria tela de celular.