𝑸𝒖𝒆𝒓𝒊𝒅𝒂 𝒑𝒓𝒆𝒔𝒊𝒅𝒆𝒏𝒕𝒆.

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Mikey.

Eu a odeio! – exclamei cruzando os braços. – Eu a odeio tão profundamente que poderia fazer um imenso buraco no planeta só com o meu ódio! 

Qual é a do surto de hoje? – indagou Keisuke. 

[Nome] ignorou as piadinhas dele de novo. – disse Draken. – Mikey supera, nem todo mundo vai te dar atenção. 

– Eu literalmente fiz uma piada com a mãe dela! E ela apenas me encarou como se eu fosse... fosse... um ninguém!? Ela ao menos sabe que sou comandante da Toman!? 

– Acho que ela não lembra nem do seu nome. – Keisuke afirmou segurando o riso. – Porque se importa tanto com o que ela pensa ou faz? 

– Ela me intriga. – afirmei. – Quando aqueles olhos entediados me encaram, eu só consigo pensar “eu vou fazer ela tirar essa carranca do rosto e rir!” – gesticulei com as mãos, chamando a atenção de todos que estavam ao meu redor. – Escutem! Eu comandante da Toman, Mikey, irei chamar a atenção da chatinha! 

– Mikey... 

– E quando eu conseguir isso! Vocês vão ver que...

– Mikey! – bufei quando Draken interrompeu o meu discurso. – Porra olha pra trás. 

Lentamente virei o meu rosto na direção indicada, lá estava ela, com os braços cruzados e cenho franzido. Era como se fosse um adulto me repreendendo. 

Seus olhos eram como um gavião me encarando de longe, pronto pra me atacar a qualquer momento, de modo negativo. 

Querida [Nome]! – desci do banco, caminhando em sua direção em passos largos. Ela não se moveu. 

Devolve. – disse seriamente. 

Hm? – me fingi de sonso. – Devolver o que? Não roubei nada seu... 

– Manjiro. – Há! Ela sabe meu nome! – Devolve o meu crachá. 

Ela estendeu a mão, me deixando encurralado e sem conseguir negar mais uma vez. Bufei levando minha mão até meu bolso, puxando o crachá alheio. 

Idiota. – ela tomou o objeto bruscamente da minha mão. – Porque diabos roubou o meu crachá!? 

– Achei bonito... a foto e tudo mais. – sorri presunçoso. 

Pois então faça um pra você. – se virou para ir embora. 

Com uma foto sua!? – indaguei, podendo ouvir ela grunhir de volta. – Viu? Já consegui arrancar mais de três palavras dela! 

– Ela literalmente te chamou de idiota. – afirmou Draken, esfregando a mão contra a testa. 

Um apelido carinhoso, já chegamos nesse nível de intimidade! 

– Puta que pariu Mikey. 

[Nome]. 

– Onde estava? 

– Um maluco roubou o meu crachá. – aproximei-me de Hinata. – Que escola é essa?

– Quem!? 

– Adivinha... – a encarei seriamente e ela de imediato compreendeu de quem eu estava falando. 

Mikey. 

– Exatamente, qual é o problema dele? 

– Talvez ele esteja querendo chamar a sua atenção ou sei lá o que. – Yuzuha se aproximou. – Homens são idiotas e fazem coisas idiotas. 

– Devo concordar com você. – apontei para Yuzuha, que esboçou um sorriso. – Meu pai é a maior prova disso. 

– Você tem pai? – Yuzuha indagou surpresa. 

Eu também tenho. – Hinata afirmou confusa. 

É que [Nome] nunca tinha citado ele antes, pensei que não existia! – neguei com a cabeça rindo, como ela chegou nessa conclusão? – Quem é o seu pai? 

– Ninguém interessante. – afirmei movendo meus dedos em um livro qualquer que estava próximo. 

Yuzuha deu de ombros, não prolongando mais o assunto para minha sorte. Falar de meu pai era como falar de uma bomba atômica, de Chernobyl ou até mesmo de um acido sulfúrico. 

Aos meus olhos ele é péssimo, e a última coisa que eu quero é parecer com ele, mesmo que todos citem o quão similar sejamos. 

– Voltando para o assunto do crachá, já perguntou pro Mikey porque ele enche tanto o seu saco? Ele mirou em você desde o dia que chegou aqui. – indagou Hinata. 

– Sinceramente esse assunto me cansa, não tenho interesse em saber... – respirei fundo. – Se ele está querendo atenção, não vai conseguir. 

– Uma hora ele para de encher o saco, se quiser xingar ele, eu apoio. A Hinata já deu um tapa na cara dele! – encarei minha amiga com um olhar surpreso, não esperava que ela já tinha feito tal ato. 

Foi um dia... insano. – ela soltou um riso nervoso. 

Antes que eu pudesse responder, meu celular tocou, era uma ligação de meu pai. Respirei e pedi licença, retirando-me da sala. 

Tá me ligando porque!? – olhei para todos os lados, minha voz soava baixa. 

Querida presidente de classe, não sei se lembra, mas você ainda está nos meus negócios. – ele afirmou e eu sabia que ele estava sorrindo de modo vitorioso. – Um garoto chamado Ian Sato, ele está me devendo, traga-o para mim. 

– E onde eu encontro ele? 

– No trabalho dele, vou mandar alguém para te acompanhar. Já esteja preparada depois da aula. – minhas mãos apertaram com força o celular, como se desejasse que o objeto quebrasse e estraçalhasse entre meus dedos. – Talvez precise usar uma arma, já deixei a sua guardada, a preferida. Sei que não gosta de perder tempo, ameaçando ele vai conseguir mais rápido. 

– Eu te odeio tanto. – afirmei irritada. – Eu tenho compromisso depois da aula. 

– Não é mais importante que o seu trabalho, filha. – ele ficou alguns segundos em silêncio e continuou. – Não teime comigo. 

– Vai fazer o que? Arrancar a minha cabeça e jogar em um rio? – minha frase o fez gargalhar, como se fosse a melhor piada que já escutou. 

Lógico que não filha! Eu apenas dependo da sua lealdade, sei que jamais me decepcionaria, não é? 

Respirei fundo, ele sabe exatamente como me manipular, é ridículo. 

Jamais. – desliguei a chamada, passando minhas mãos pelo rosto avermelhado, odeio me irritar, sempre fico fervendo como fogo. 

Ter um pai agiota não é algo que eu recomendo, sempre vai sobrar pra você em algum momento. 

Sempre tento manter a minha aparência de aluna perfeita, de alguém que nunca estaria envolvida em assuntos tão podres e profanos. Mas sei que em algum momento, posso vacilar e as pessoas vão saber a verdade. 

E o que diabos irão pensar de mim? Eu genuinamente gostaria de não me importar igual como eu finjo para os outros, mas é impossível. Posso sentir meu peito doendo só de pensar nos olhares de desgosto que me dariam ou das coisas que me falariam. 

Eu realmente temo isso. 

Arrumei a minha postura, minhas mãos deslizaram sobre o uniforme, arrumando-o. Contei até dez no intuito de acalmar os nervos, e só então entrei novamente na sala. 

𝐹𝑖𝑛𝑔𝑒𝑟𝑠 𝐶𝑟𝑜𝑠𝑠𝑒𝑑. - 𝑀𝑎𝑛𝑗𝑖𝑟𝑜 𝑆𝑎𝑛𝑜, 𝑀𝑖𝑘𝑒𝑦. Onde histórias criam vida. Descubra agora