𝑺𝒆𝒎 𝒆𝒔𝒄𝒐𝒍𝒉𝒂.

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[Nome].

Não temos escolha. – suspirei. – Ele marcou esse jantar e nós sabemos o que ele quer. 

Eu observava meu pai falar, com os braços cruzados e olhar perdido. Meu avô marcou um jantar importante no dia seguinte. 

Mikey já havia ido embora, Fuyuki está dormindo no quarto de hóspedes, Eiko em algum lugar da casa. E eu e meu pai estamos na cozinha, em cantos separados. 

Vai querer falar sobre a merda do casório. – ele assentiu com a cabeça. – Merda. Eu recentemente fiz dezoito... não dá pra esperar!? 

– Ele tem poucos anos de vida, quer que a família cresça logo.

– Provavelmente ele vai trazer alguma família para que você conheça. Para que tenha alguma “intimidade” com o filho deles. – grunhi, exalando minha frustração. 

Pai... eu não quero fazer isso... – e o encarei, com a voz embargada e olhar frustrado. 

Acredite, eu não quero te ver fazendo isso. – ele afirmou. – Mas se não fizer... eu não quero imaginar o que pode acontecer. 

– Porque você não teve mais filhos!? – esfreguei as mãos no meu próprio rosto, me castigando. Estava me sentindo egoísta por desejar que um irmão passasse por isso ao mesmo tempo que não queria estar passando por isso. 

Porque diabos tem que ser eu!? 

Você... foi a única criança que resistiu a gravidez. – o encarei com o cenho franzido. – Sua mãe era alcoólatra e usava cocaína, não podíamos esperar gravidezes saudáveis. 

– Mulher maldita. – resmunguei baixo. – Se... o meu avô viesse a morrer mais cedo, como que as coisas ficariam? 

– Eu sei o que está pensando, também já cogitei. Se ele fosse o único Wamuro existente, nos livraríamos dessa merda toda. 

– Já cogitou matar o seu pai? 

– Você não? – ele retrucou, fazendo-me pressionar os lábios em uma única linha. 

Conhece a história do Itachi? – o homem segurou o riso e voltou a postura de seriedade. 

Nem pensar. – ele apontou o indicador em minha direção. – Apenas tente agir da maneira menos entediada no jantar amanhã, está bem? 

– Não tenho escolhas... – me virei, pronta para subir as escadas. 

Filha. – o olhei. – Tudo que você passou, eu também já passei. E posso te garantir, que uma hora esse inferno acabará. 

– E eu vou estar viva para usufruir isso? – minha frase o fez permanecer em silêncio. Não obtive respostas. 

Suspirei e fui até meu quarto, me jogando sobre o colchão. Meu corpo inteiramente estava atordoado e dolorido, como se tivessem me arrastado por uma avenida inteira. 

A notificação de meu celular foi o que me despertou de longos minutos de dissociação. Era Mikey. 

cheguei em casa

ainda está acordada? 

Meus olhos encararam aquelas mensagens recém recebidas, digitando em seguida. 

sim, estou

insônia? 

sim, esconderam
os meus remédios 

𝐹𝑖𝑛𝑔𝑒𝑟𝑠 𝐶𝑟𝑜𝑠𝑠𝑒𝑑. - 𝑀𝑎𝑛𝑗𝑖𝑟𝑜 𝑆𝑎𝑛𝑜, 𝑀𝑖𝑘𝑒𝑦. Onde histórias criam vida. Descubra agora