Unexpected Fall

17

JUAN

Já faz duas semanas que minha vida virou de ponta cabeça. Duas semanas que eu não consigo me concentrar em nada, duas semanas que as imagens daquela noite alugam um duplex gigante na minha cabeça, duas semanas que evito ficar no meu apartamento. Exatamente duas semanas que meu coração acelera completamente somente ao pensar no nome Angel Liz Stuart.

Eu passei os últimos onze anos da minha vida lutando contra isso, escondendo esses sentimentos assustadores o mais fundo possível para, em uma noite, Angel destruir todos esses muros e libertar essa avalanche de sentimentos sem nem pedir permissão.

– Juan! – John praticamente grita, me assustando e me tirando dos meus pensamentos. – Bro, qual é o seu problema? Você parece estar vivendo em outro planeta nos últimos dias.

– Foi mal, só tem muita coisa acontecendo e eu não tô sabendo lidar.

– Tudo bem, se você precisar pode conversar com a gente, mas tenta manter o foco enquanto estivermos ensaiando. – Assinto, sem vontade de discutir e dizer o quão cuzão ele está sendo nesse momento. – Vamos fazer uma pausa.

Ele diz e eu rapidamente tiro a alça da guitarra do ombro e a coloco no suporte. Saio do estúdio e vou até a cozinha, pegando uma cerveja na geladeira e tomando-a praticamente inteira em um gole.

– Mas que cede hein, lad. – Vejo Matt parado na porta ao me virar.

– Veio me encher o saco também e me dizer pra focar? – Reviro os olhos dando outro gole.

– Não, deixa essa chatisse pro John. – O loiro se aproxima, parando ao meu lado. – Eu quero saber o que tá rolando. Você tá estranho há semanas, acho que nunca te vi assim. – Respiro fundo, dando mais um gole na cerveja gelada.

– Não é nada de mais, aconteceram algumas coisas e eu não consigo parar de pensar nelas.

– Quer me contar?

– Você é um fofoqueiro, Matthew. – Rio da careta que meu amigo faz.

– Eu só tô preocupado com você, seu idiota. – A cozinha fica em silêncio, até que eu resolvo falar.

– Eu fiquei com a Angel.

– Na moral!? – Matt pergunta chocado com a confissão.

– É. Na festa.

– Eu tava muito louco naquela festa. – Ele afirma como se ainda se arrependesse de ter bebido tanta vodka com Powerade azul.

– Pois é, dude. E eu peguei a garota que é afim do meu irmão desde que tinha cinco anos.

– Por que isso tá te afetando tanto, irmão?

– Porque ela não sai da minha cabeça! Aquela desgraçada insuportável e linda não sai da minha cabeça desde que acordei no dia seguinte com ela dizendo que a gente deveria fingir que nada aconteceu.

– Ouch, nossa.

– É.

– Mas por que isso te incomoda tanto? Tipo, você não odeia ela ou coisa assim?

– Qual é, Matt. Nem eu acredito nisso. – Ele sorri orgulhoso. – Que foi, mané? Endoidou?

– Não. Só queria que você finalmente admitisse isso. – Reviro os olhos e dou um último gole na bebida, jogando a garrafa no lixo.

– Você é ridículo.

– Dude, você sente alguma coisa por ela...

– Não sinto porra nenhuma!