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JUAN

John já estava nos deixando loucos e ainda nem era o horário do almoço. Há algumas semanas nós decidimos gravar algumas demos e mandar para gravadoras pelo país. Tivemos que praticar algumas músicas que não tocávamos há muito tempo e outras que nunca nem tinham sido praticadas pela banda completa.

Todo esse estresse que pesava nos nossos ensaios extras estavam deixando John ainda mais perfeccionista e nervoso.

– E se, ao invés de "young and stupid, locked on a cage" nós mudássemos para "young and hopeful that I'll be free someday"? Soa melhor pra mim.

– Você quer mudar a letra da minha música sobre como é uma merda ter sua juventude tirada de você para uma letra otimista de filme da Disney? Não mesmo.

– A música deixou de ser sua no momento em que você a trouxe para a banda, Noah. – o loiro passou a mão pelo cabelo.

Eu escrevi essa música sobre a minha experiência, se você quer uma música feliz de um musical do Kenny Ortega, sinta-se à vontade para escrever uma, John. Mas nós não vamos mexer nessa música, ela está boa. Nós já apresentamos ela e as pessoas parecem gostar, então ou você aceita que nós não vamos mudar nada a respeito de Youth ou se sinta livre para sair da banda.

– Ok, acho que todos precisamos de um intervalo, certo? – Bruce se levantou da bateria. –  Isso é fome, vamos comer alguma coisa e quando todos estiverem felizes e de barriga cheia nós voltamos, o que acham?

– Que seja. – Noah tirou o baixo do ombro e saiu do estúdio.

– Acho melhor eu ir atrás dele. – Falo ao pendurar minha guitarra e todos concordam.

Chego na sala a tempo de ver meu melhor amigo pegar sua jaqueta e sair pela porta do apartamento. Pego meu skate e o sigo pelo corredor.

– Noah – o chamo quando ele entra no elevador, que é segurado pelo mesmo até eu entrar. – Ei, cara.

– E aí? – O loiro aperta o botão do estacionamento, sem falar mais nada.

– Então, aquela discussão toda lá em cima foi só por causa da música ou...

– Você me conhece há dezesseis anos, Jay. Você sabe que não é só por causa da porra da música. – Noah respira fundo. – John está me deixando louco, cara! Com a exigência ridícula dele, como se fosse o dono da banda, as interrupções em todas as músicas que ensaiamos para dizer que um de nós errou algo, ou que podemos fazer melhor. O cara é um pé no saco, se acha o rei do mundo e age como se todos nós devêssemos obedecer a tudo que ele diz. Eu cansei Juan. – A porta de metal se abre e meu amigo sai procurando seu carro.

Bro, eu sei que é uma merda e que ele está sendo um idiota, mas ele só está nervoso. Esse é o sonho do cara.

– É o meu também! – Ele se vira para mim ao gritar. – E eu também estou com medo pra caralho, todos nós estamos. Mas a diferença é que o John é o único sendo um filho da puta.

– Noah – entro no carro, sendo seguido por ele. – Você conhece ele. John é perfeccionista e quer que tudo dê certo do melhor jeito possível, trabalho em grupo não é o forte dele mas ele se esforça. – Meu melhor amigo respira fundo e dá partida.

– Eu sei. John é um dos meus melhores amigos, nós fomos praticamente criados juntos, mas desde que viemos para Chicago ele têm virado esse maníaco que quer que a banda seja perfeita, como se bandas conseguissem ser.

– Acho que agora parece mais real do que nunca para ele.

– É. Talvez.

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Unexpected FallOnde histórias criam vida. Descubra agora