ANGEL
Desde sexta é Juan quem vem fugindo. No sábado de manhã, Naomi me deixou em casa. Ela sabia de tudo o que estava acontecendo, eu não contei nada, mas sei que ela e Juan ficaram muito próximos desde que se conheceram e sei que confiam muito um no outro. Minha amiga não tocou no assunto nenhuma vez, mas seu olhar praticamente me implorava para tomar cuidado e dar tempo à Juan.
Ele não tem parado muito em casa e, quando está aqui, fica o tempo inteiro no quarto. Eu não o culpo, acho que sei exatamente como ele se sente, é por isso que dói em mim também, porque sei que machuquei uma pessoa incrível que se importa comigo.
Terminei de arrumar minhas malas ontem à noite e pedi para Naomi perguntar para Juan se ele já tinha pelo menos começado. Ela me disse que as malas já estavam prontas desde sexta-feira.
Nossa primeira interação desde a festa de Lacey foi hoje, segunda, pela manhã, quando nos encontramos na sala para irmos para o aeroporto. Ele passou o caminho inteiro falando apenas o necessário, nem ao menos olhou nos meus olhos.
Eu sei que não está bravo comigo, sei que não me odeia. Juan apenas precisa de tempo para curar seu coração.
Quando chegamos no ponto de ônibus de Healdsburg, ao meio-dia, meu pai já estava nos esperando em seu carro. Ele saiu do veículo com um sorriso gigantesco em seu rosto e praticamente correu até mim.
– Querida, você não faz ideia de como senti saudade.
Os braços do meu pai me apertam e eu me sinto em casa. O clima frio da Califórnia, mas ainda sim mais quente que o de Chicago. O ar puro da pequena cidade em que cresci, as ruas simples e o céu azul. Finalmente em casa.
– Também senti sua falta pai.
– Não vou deixar você voltar, está decidido.
– Mas como eu fico nessa história? Minha mãe só deixou eu morar em Chicago se a insuportável da sua filha fosse junto. – Meu melhor amigo fala em tom de brincadeira. É a primeira vez que ouço seu sarcasmo em um bom tempo.
– Jay! Como vai, garoto? – Meu pai abraça Juan, deixando tapinhas em suas costas.
– Estou bem, Kyle.
– Cuidou bem da minha filha?
– Ela está inteira, não está? – Meu pai sorri. – Cuidamos bem um do outro.
E então, pela primeira vez em dias, Juan olha nos meus olhos com carinho e gratidão, mas também incerteza e mágoa. De repente, meus tênis se tornam mais interessantes do que eu pensava.
– Ótimo! Vamos logo, as mães de vocês vão ter um colapso se passarem mais um segundo sem ver vocês.
Meu pai deixa Juan em casa e desce do carro para ajudá-lo com as malas e falar com os Clements. Não desço do carro, mas cumprimento Carla e Ander quando abaixo a janela. Miguel de repente aparece do lado de fora e abraça o irmão, ele encara a janela do carro, mas sei que não consegue me ver por causa do insulfilm.
Quando meu pai me perguntou se eu sairia do carro para cumprimentar os Clements, eu neguei apenas por um motivo: achei que ver o irmão de Juan seria doloroso demais. Mas, vê-lo ali, do lado de fora encarando o carro, ao contrário do que pensei, não doeu nada. Na verdade, a única coisa que senti foi carinho.
– Angel? Angel, é você? Você chegou?
Ouvi a voz do meu irmão vindo do andar de cima assim que passei pela porta. A primeira coisa que vi ao entrar em casa foi Lucas descendo as escadas correndo para depois pular em mim em busca de um abraço.
![](https://img.wattpad.com/cover/264309666-288-k654790.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Unexpected Fall
RomantizmAngel havia sido aceita pela sua faculdade dos sonhos para cursar fotografia. O problema? A faculdade fica em Chicago, longe da cidade pequena em que mora e longe de seus pais, que nem pensam em deixar a filha se mudar sozinha para uma cidade grande...