Felipe Narrando
Bernardo tinha provavelmente saído para conversar alguma coisa com a Melissa, deixando apenas eu e Colin na casa. Não pretendia fazer nada demais naquele momento, apenas curtir um pouco a privacidade em que estávamos.
- va-vamos fazer o que sozinhos aqui ?- perguntou Colin me encarando e corando as bochechas
- o que acha de darmos um pequeno passeio. Eu sei que vai contra as regras levar um paciente para sair sem o consentimento do hospital, mas ninguém precisa ficar sabendo - falei colocando um dedo no queixo dele e levantando carinhosamente
- ah, eu não vou contar nada para ninguém. Além do mais eu não tenho muitos amigos naquele hospital
- então vamos, eu vou te levar em um lugar que vai te deixar surpreendido - falei pegando em sua mão
subimos de mãos dadas para o quarto, entrei dentro do banheiro e fiz minha necessidades, saindo logo em seguida. Colin estava sentando em minha cama esperando eu resolver alguma coisa.
- Bom, nas sacolas que eu te dei, tem roupas novas, pegue um short de cor escura, e uma camisa regata, por onde vamos é um pouco calor - falei sorrindo para ele
Passa-se alguns minutos, e eu termino de me arrumar, Colin terminou logo em seguida. Peguei as chaves do carro e ele me encarou.
- o que foi ?, vai me dizer que nunca andou de carro ?- perguntei cruzando os braços
- já andei, apenas não imaginava que você tinha carro
- tem muitas coisas sobre mim que ainda precisa saber - falei abrindo a porta
destravei o carro, e logo Colin entrou no lugar do passageiro, entrei no carro, coloquei a chave e logo dei partida saindo dali.
- vai, coloca uma música para a gente ouvir. O que você costumava escutar antes de parar naquele hospital ?- perguntei focando na estrada a minha frente
- ah, meu gosto musical e extremamente estranho. Antes de ir para naquele hospital, eu costumava ouvir muito rock, e um pouco de pop internacional
- heavy metal ? -perguntei parando em um farol
- não, apenas aquele rock leve, nada muito pesado
- não vou mentir meu gosto musical também é um pouco estranho. Gosto de ouvir um pouco de tudo, exceto Funk e black - falei dando um meio sorriso
com um pouco de vergonha, Colin se aproximou do rádio e apertou o botão para ligar
- coloque o Bluetooth do meu celular - falei apontando para o meu bolso
o garoto esticou sua mão, e logo colocou em meu bolso puxando o celular. Ele apertou o botão e me encarou, dava para perceber que ele estava extremamente envergonhado
- a senha é vinte e cinco trinta e cinco
- você vai mesmo deixar eu mexer no seu celular ?- perguntou ele encarando o aparelho
- sim, você tem que aprender
ele apertou os números, e logo conseguiu desbloquear, mais uma vez ele me encara sem saber o que fazer
- arrasta o seu dedo para baixo, vai aparecer uma barrinha repleta de coisas, procura por meio que um "B", e aperta e segura nele - expliquei olhando para a rua
assim como eu disse ele fez, e logo o garoto já estava no Bluetooth. Parei o carro em mais um farol, liguei o Bluetooth do carro.
- esta no meu nome, procura e clica em cima - falei encarando
ele fez, e logo eu ouvi o barulho de que foi conectado o celular. Encostei o carro em um acostamento, e pedi o celular para ele que me entregou, coloquei uma música um pouco agitada, mas com uma letra um pouco melancólica.
- bom, já que eu encostei o carro, eu quero te fazer algumas perguntas, afinal quando estava no hospital não falava - disse sorrindo
- pode perguntar, prometo que irei responder
- qual a sua idade. então, é claro que recebemos a ficha de todos os paciente, mas apenas quem tem acesso a essas fichas com dados pessoais é o próprio diretor - falei encarando ele
- eu tenho dezenove anos - falou sem me olhar
- bem novinho, eu tenho vinte e cinco. Eu sei que estou velho não precisa mentir
- não está, está em boa qualidade - falou sorrindo de orelha a orelha
- nossa me senti como um pedaço de carne agora - fiz drama
- não se sinta, você e maravilhoso - falou corando as bochechas
- você também. Próxima pergunta e nessa quero que seja muito sincero - falei encarando o garoto
- fale
- quando está perto de mim, o que sente vontade de fazer ?
- e-eu...- gaguejou
- calma, não precisa ficar nervoso, não vou nunca te machucar, apenas estou curioso para saber - falei passando a mão em sua bochecha
ele respirou por alguns minutos, e permaneceu olhando para a frente
- em toda a minha vida de adolescente eu sempre quis saber como era ter relações sexuais com alguém do mesmo sexo. Mas um dia meu padrasto resolveu que queria fazer aquelas atrocidades comigo, aquilo mexeu com a minha cabeça, e ainda mexe, eu não consigo tocar em um homem sem tremer qualquer parte do meu corpo- falou dando um leve respirada
- Colin, eu sei que o que o seu padrasto fez foi horrível. Mas eu te garanto que não farei a mesma coisa, eu estou apaixonado por você e tudo que quero te dar é amor
- Felipe, eu não tenho medo de você. Por que desde aquele primeiro dia que nossos olhos se cruzaram, eu sabia que você era e é uma boa pessoa. Respondendo a sua pergunta, eu sempre quis tocar o seu corpo, senti o calor de sua pele, mas meus medos não me deixava fazer isso
- eu posso te ajudar com isso - falei sorrindo por conta das palavras que ele falou
- como ?- perguntou curioso
- não precisa ir tão rápido. Podemos ir devagar, dando um passo de cada vez, eu vou te mostrar, me dê a sua mão - falei estendendo a minha mão para ele
o garoto colocou sua mão sobre a minha
- respira, e me olha nos olhos
ele fez o que eu pedi. Levei a mão dele até minha perna, colocando a mesma em cima dela, percebi que ele deu uma estremecida
- calma, apenas relaxe - disse colocando minha mão por cima da dele que estava em minha perna
aos poucos ele foi se acalmando, e sua mão foi se aconchegando ali na minha perna.
- como se sente ?- perguntei encarando ele que ainda olhava para a mão dele
- um pouco melhor, apenas meio nervoso - falou respirando fundo
- nós vamos tentar dar esses passos aos poucos, se não conseguirmos, eu mesmo vou marcar uma consulta com uma psicóloga para você - falei tirando o carro do acostamento
Sabia que a cabeça dele estava uma tremenda bagunça, e eu iria fazer o possível para que ele conseguisse superar esses medos.
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Manicômio Do Amor
RomanceFelipe, um homem de vinte e cinco anos, trabalha quase o dia inteiro em um hospital psiquiátrico, e as vezes faz plantões na madrugada, ou noturnos. O homem nunca duvidou da sua sexualidade, pois em sua cabeça ele gostava de mulheres desde quando na...