Felipe Narrando
Assim que terminei de comer saí do restaurante, após pedi a minha liberação para para Brandon, entrei no hospital, e tudo estava como sempre, vários pacientes gritando e sendo imobilizados por não querer tomar a medicação. Mas teoricamente falando, as vezes penso que se estivesse no lugar deles também não tomaria os remédios, eles deixam as pessoas catatônicas, fora os efeitos colaterais que podem causar.
Como a paciente Gertrudes tinha rotina a partir das cinco da tarde, eu poderia ficar em minha sala organizando as minhas papeladas. Me sentei mais uma vez na frente daquele computador. Mas logo sou interrompido pelo telefone que toca, peguei o mesmo e levei até o meu ouvido.
Telefone ☎️
- senhor Felipe, imagino que esteja em sua sala certo ?
- sim senhor diretor, acabei de retornar do meu almoço, posso ajuda-lo em algo ?- perguntei dando um meio sorriso
- sim, bom, o garoto que faz as rotinas acabou passando mal e teve que ir embora para casa, e você sabe que nós temos um novo paciente e ele precisa das rotinas
- sim, e eu imagino que o senhor queira que eu faça isso ?- perguntei dando um sorriso de orelha a orelha
- exatamente, eu sei que isso não faz parte do seu trabalho, mas eu lhe prometo que vou colocar um acréscimo no seu salário
- ok, e como vai ser ?- perguntei já ansioso para fazer a rotina do Colin
- eu vou te mandar por e-mail o modelo, e você faz exatamente como esta no modelo, nada de adicionar nem retirar nenhum tópico
- como quiser senhor diretor - falei sorrindo ainda mais
- quando terminar, imprima a folha e leve para a Gilda, ela vai colocar em uma prancheta
-ok, tenha uma boa tarde
☎️ Telefone
Não sabia por que estava feliz, sendo que eu estou fazendo apenas o que eu já fiz em minha vida inteira. Quando estava almoçando eu cogitei a ideia de estar começando a me apaixonar por um homem. Mas acho que isso nunca vai acontecer, apenas estou gostando do meu trabalho, e estou feliz com o novo paciente.
Logo recebo um e-mail do diretor, abri o mesmo e lá estava a lista rotineira, avaliei cada linha daquela lista, e tudo estava exatamente igual ao dos outros pacientes, exceto os passeios ao ar livre que poucos pacientes possuem.
Copiei o documento, e colei em outro sistema, para que eu pudesse alterar algumas coisas. Na última linha da lista estava escrita uma coisa que me chamou atenção.
" aplicar força bruta no paciente sempre que ele se recusar a tomar a medicação prescrita pelos nossos especialistas "
Eu sabia que se alterasse aquilo poderia correr o risco de ser mandado embora, mas não sei se seria uma boa ideia ver Colin apanhando dos enfermeiros por que não quer tomar os remédios, coloquei meus dedos no teclado e comecei a digitar
" em nenhuma hipótese aplicar força bruta com o paciente em casos de negação ao medicamento, solicitar auxílio de alguém acima de sua posição "
Conclui tudo, e mandei o documento para a impressora, sai da minha sala e peguei o papel na impressora, e subi para o segundo andar de escada, cheguei na porta do quarto vinte e dois, e logo podia escutar a voz irritante de Gilda.
- veste logo essa roupa, não teste minha paciência seu louco varrido- falou ela aos berros
Apareci na porta, e logo ele mudou seu jeito de agir.
- o que faz aqui ?- perguntou ela seguindo até o criado mudo e pegando alguns comprimidos
- vim te trazer a lista rotineira do Colin, mas ela só começa a valer a partir de amanhã
- ok, deixe aí em cima, daqui a pouco eu avalio - falou ela sem me olhar
- você sabe que nunca vai conseguir colocar a camisa nele do jeito que estava fazendo - falei a surpreendendo
- me desculpe, e que eu estou um pouco estressada com alguns problemas de casa
- deixa para resolver seus problemas em casa - falei me aproximando de Colin
A mulher me lançou um olhar mortal. Desde que eu descobri o que ela fazia com os pacientes, eu queria saber se realmente era real, mas nunca cheguei a perguntar para ele, apenas observava as suas atitude de longe.
- oi Colin, sou eu o doutor Felipe, que tal me ajudar a te vestir - falei vendo ele sorrir novamente
- como você faz isso ?, pacientes catatônicos não esboçam nenhuma reação - perguntou ela me encarando
Com muita calma coloquei a camisa nos braços de Colin e logo em seguida desci cobrindo aquele barriga branquinha e livre de pelos.
- não sei, acho que varia muito de paciente para paciente. Bom, vou deixa-la com seus afazeres, até outra hora, tchau Colin- falei vendo o homem sorrir mais uma vez e a enfermeira apenas me mandar um aceno de mão
Voltei para a minha sala, e assim que abri a porta, o telefone toca mais uma vez, peguei o mesmo e levei até o ouvido.
Telefone ☎️
- senhor Felipe, estou telefonando para dizer, quando dar o seu horário das dez e meia da noite pode retornar para casa, hoje não fará nenhum plantão
- ok, muito obrigado senhor diretor- falei dando um meio sorriso
☎️ Telefone
Me sentei de volta em minha cadeira. Os arquivos que eu tinha para organizar haviam acabado, então o que me restava fazer era ficar ali naquela cadeira sentado olhando para o nada.
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Manicômio Do Amor
RomanceFelipe, um homem de vinte e cinco anos, trabalha quase o dia inteiro em um hospital psiquiátrico, e as vezes faz plantões na madrugada, ou noturnos. O homem nunca duvidou da sua sexualidade, pois em sua cabeça ele gostava de mulheres desde quando na...