Capítulo: 22

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Felipe Narrando

Já fazia alguns minutos que eu estava ali averiguando o banho de Colin. Tudo estava normal

- lava bem esse cabelo- falei encarando ele que apenas sorriu

Após alguns minutos, ele termina o banho, desliga o chuveiro e se enrola na toalha. Em cima da pia peguei a roupa que tinha pegado para ele e lhe entreguei.

- então, eu sou um pouco maior que você, portanto minhas roupas vão ficar grandes em você. Mas é temporário, até sua mãe trazer as suas - falei sorrindo

Colin vestiu a camisa preta que ficou em seus joelhos, o garoto me encara sorrindo e corado ao mesmo tempo.

- o que foi ?- perguntei encarando ele

- acho que vou ficar só com a camisa. Se eu colocar a bermuda, vai ser como se coubesse dois de mim dentro - falou ele dando uma gargalhada gostosa de ser ouvida

- ok, não tem problema

O garoto vestiu a cueca por baixo da camisa, e sorriu para mim. Saímos do banheiro, descemos as escadas, entramos na cozinha e Bernardo ainda estava ali sentado.

- achei que já tivesse saído para algum lugar - falei encarando ele

- não tenho lugar para ir- falou olhando Colin dos pés à cabeça - onde que ele arrumou esse vestido ?- perguntou apontando para a camisa que Colin estava usando

- aff você é irritante. A mãe dele ainda não trouxe as roupas dele, então teve que usar algumas peças minhas, e eu sou muito grande para ele - falei revirando os olhos

- calma, não precisa me bater - falou ele levantando as mãos em sinal de rendição

- o que quer comer Colin ?- perguntei encarando o garoto que estava encolhido ao meu lado

- eu já comi no hospital, então não quero nada

- não precisa ter vergonha garotinho, eu não mordo. Só se você pedir - falou Bernardo dando uma piscadela para Colin, o que fez o garoto dar uma leve estremecida

- Bernardo, cuidado com as palavras - falei sentindo Colin me abraçar- acho que tem sorvete na geladeira,  quer um pouquinho ?- perguntei acariciando os cabelos dele

Colin sacudiu a cabeça positivamente.  Caminhei até a geladeira, abri o congelador e retirei de dentro o pote de sorvete, peguei duas colheres e me sentei junto com Colin. Abri o pote, e logo o garoto colocou sua colher levando até a boca.

- Felipe, se eu te pedir um favor você faz ? - perguntou Bernardo chamando a minha atenção

- depende

- conversa com a Melissa por mim. Eu sinto muita falta dela - falou ele abaixando a cabeça

- quem mandou você ir trair ela. Bom, como eu sou um ótimo amigo, eu vou tentar conversar com ela, mas não te garanto nada

Continuei comendo o sorvete com Colin, o menino sujou o nariz com um pouco de sorvete, acabei dando uma pequena risada que chamou a atenção dele, fazendo ele inclinar levemente a cabeça para o lado, como se estivesse curioso.

- seu nariz está sujo de sorvete- falei dando mais uma pequena gargalhada

Colin passou a mão e não estava conseguindo localizar a sujeira. Peguei um guardanapo na mesa, e dei um sorriso para ele

- deixa eu limpar

Passei o guardanapo no nariz dele, e enquanto isso o garoto não parava de me encarar, eu confesso que gostava quando ele fazia aquilo. Mas na frente do Bernardo eu estava achando aquilo estranho, não sei se estava com medo do que ele iria pensar, ou se estava com medo dele contar para alguém.

- querem que eu saia ?- perguntei Bernardo interrompendo o momento

- não está acontecendo nada - falei encarando ele

Continuamos comendo o sorvete. O clima tinha ficado estranho e todos que estavam ali tinham percebido isso

- ei, lá no meu quarto tem televisão, deite na minha cama e fique lá assistindo, eu tenho que fazer uma ligações, logo eu subo para ficar com você- falei encarando Colin que devorava a colher de sorvete - se quiser levar o pote de sorvete, leve - falei tampando o pote

Colin sorriu, e o que aconteceu a seguir me surpreendeu muito. O garoto me deu um leve beijo na bochecha, os seus lábios gélidos me fizeram arrepiar dos pés à cabeça. O garoto se retirou as pressas da cozinha, acho que ficou com medo do que eu iria falar

- que porra está acontecendo entre vocês dois ?, ele não é seu paciente ?- perguntou Bernardo me encarando confusamente

- Ber,  sim ele é meu paciente. E antes que você pense alguma coisa, não está acontecendo nada demais, somos apenas bons amigos

- tinha muito mais do que amizade nesse beijo que ele te deu - disse ele dando um meio sorriso

- Ber, o Colin já passou por muita coisa na vida. Ele vê em mim um meio de se sentir seguro, eu não vou tirar isso dele, afinal também faz parte do meu trabalho - falei revirando os olhos

Minha mãe havia falado para mim entender meus sentimentos, e até estou tentando mas está um pouco difícil. Tive que inventar essa desculpa pro Bernardo para ver se ele saia do meu pé.

- Lipe, muito cuidado, você pode acabar fazendo esse garoto se apaixonar por você. Ou até mesmo dar falsas esperanças, acho que dependendo do que ele já tenha passado, um coração partido vai ser muito doloroso e difícil de superar. Eu não ligo de ter um amigo gay, apenas quero te ver feliz- falou ele sorrindo

- não vai acontecer nada disso, eu vou assegurar que não aconteça- falei e fiquei pensativo sobre minhas próprias palavras.

NARRAÇÃO EM TERCEIRA PESSOA

Um pouco longe dali, na penitenciária Celso estava com uma visita a qual ele ainda não conhecia.

- como me conhece mulher ?- perguntou ele encarando a mulher através do vidro que os separavam

- eu sei que você é pai ou padrasto do Colin. Eu tenho alguns informantes dentro daquele hospital- falou a mulher sorrindo diabolicamente

- o que quer de mim ?

- nossa você costuma fazer muitas perguntas assim ?. Eu vim aqui saber se gostaria de me ajudar com um planejado - falou ela encarando o homem

- pode pelo menos me falar o seu nome, e em seguida você me conta esse planejado. E eu vou decidir se te ajudo ou não

- eu me chamo Gilda, trabalhava como médica particular do Colin. Eu nunca gostei daquele garoto, mas o Felipe era e é obcecado por ele. Então a minha proposta é, eu te tiro daí de dentro e você me ajuda a me vingar, eu sei que quer se vingar do Colin tanto quanto eu - falou ela fazendo a sua melhor cara de malvada

- sim e não, a culpa não é do Colin por eu estar aqui dentro, é daquele médico enxerido. O Colin tem culpa nessa história,  por que me separou da mãe dele. Então sim, eu aceito te ajudar com esse planejado- falou o homem dando uma gargalhada macabra.







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