Felipe Narrando
Fazia alguns minutos que estava ali naquele quarto. Já havia cochilado e acordado diversas vezes, não sabia mais o que iria fazer. Mais uma vez me levantei da cadeira e segui até a janela, olhei para o estacionamento do hospital, estava tendo uma briga entre um enfermeiro e um paciente e um acompanhante.
Não conseguia ouvir nada, mas é claro que eu conseguia ver o que faziam com as mãos. Após um tempo ali prestando atenção na confusão, voltei para a o lado da cama de Colin e fiquei ali avaliando as suas feições. O jeito que ele dormia era tão calmo e sereno.
- Felipe- falou Colin me surpreendendo
Caminhei até ele, e segurei em sua mão
- estou aqui não se preocupa - falei vendo ele abrir os olhos aos poucos - como se sente ?- perguntei assim que ele abriu os olhos por completo
- me sinto bem, ainda está doendo bastante, mas estou bem- falou ele sorrindo para mim
Eu não tinha visto Colin falar, apenas algumas sílabas que ele murmurava. A voz dele estava um pouco rouca, acho que por falta de água. Segui até o criado mudo, e enchi um copo de água, e logo entreguei para o garoto.
- o que está fazendo aqui ?, cadê minha mãe ?- perguntou ele assim que terminou com a água do copo
- a sua mãe foi para casa, ela disse que tinha algumas coisas para resolver. E bom, eu estou aqui por que precisava te acompanhar - falei dando um meio sorriso
Percebi a bochecha do garoto ficando um pouco vermelha.
- mas então, agora que você fala, quer me contar o por que de não ficar totalmente catatônico com os sedativos ?- perguntei tentando puxar um assunto
Ele respirou por alguns minutos, me entregou o copo, e sorriu lindamente.
- então, eu vou explicar desde o começo. Há alguns meses atrás, antes de ir parar naquele hospital. Em uma das minhas crises de pânico, acabei tomando uns três ou quatro calmantes. Após um tempo, eu me sentia tonto e sonolento, mas algumas coisas eu ainda fazia, como por exemplo, piscar os olhos , ou fechar e abrir as mãos. Então concluindo, eu consigo ter controle de algumas partes do meu corpo até se estivesse drogado - explicou ele me encarando
- todas as enfermeiras achava estranho, você agia de uma forma quando estava comigo, e agia de outra forma quando estava com elas
- é por que, nesse tempo que eu fiquei lá. Desde o começo eu confiei em você, sabia que você não iria me machucar. Eu me sentia e ainda me sinto seguro perto de você- falou ele colando fortemente
- mais uma pergunta ? - falei vendo ele me encarar curiosamente - você se lembra de tudo que aconteceu com você no hospital ?- perguntei querendo esclarecer algumas dúvidas
- mais ou menos, o único dia que eu não lembro de nada, foi quando eu estava com aqueles calmantes no corpo. E sim, eu me lembro quem foi. Foi a paciente.....- parou de falar e olhou para a porta
- ah que maravilha, você acordou - falou o doutor interrompendo a conversa
- já posso sair daqui doutor ?- perguntou Colin encarando o médico que avaliava algumas coisas na sua prancheta
- garoto, eu vou precisar que me escute bem. O que aconteceu com você não foi nenhum dos casos básicos que costumo pegar diariamente, por pouco não ocasionou coisas piores. Por tanto, você vai ficar em observação por três dias, tendo acompanhamento com o urologista em algumas horas do dia, e só vai ter alta, quando ele te liberar
O médico trocou algumas curativos, e o pacote de soro que já estava vazio.
- doutor, posso lhe fazer uma pergunta ?- falei encarando o homem que estava concentrado em sua prancheta
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Manicômio Do Amor
Storie d'amoreFelipe, um homem de vinte e cinco anos, trabalha quase o dia inteiro em um hospital psiquiátrico, e as vezes faz plantões na madrugada, ou noturnos. O homem nunca duvidou da sua sexualidade, pois em sua cabeça ele gostava de mulheres desde quando na...