Red

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— É, bom, meu trabalho não é relaxante como parece.

Mordeu o sanduíche, encerrando o assunto. Descansou um braço no joelho e observou as crianças brincando.

— Então o que fez você entrar nesse negócio da TV? Você não combina com isso. Quero dizer, sei que foi promovida e tal. Mas o que a fez escolher essa área?
— Por que está tão interessado? Da última vez que chequei você estava muito ocupado se fechando emocionalmente.

Mais cedo, estaria feliz por isso.

Manter a impessoalidade não os aproximava, a melhor escolha para ela agora e no futuro próximo.

Mesmo ele tendo atiçado sua curiosidade um minuto atrás.

Mas não iria entrar naquele assunto. Não perguntaria o que também não podia responder.

— Desculpe. Risco ocupacional. Sempre tentando descobrir o que incomoda as
pessoas.

Brincou com os restos de sua salada, mas não encontrou muito que comer.

— Por mais clichê que soe, pensei que podia fazer uma diferença. Que algo que eu produzisse faria realmente diferença. Que algo seria importante. Quero dizer, foi à razão pela qual eu fiz faculdade, estudei jornalismo. Não pretendia trabalhar na televisão, mas, quando estava lá, pensei que poderia fazer um programa que...
— Mudaria o mundo?
— É. Muita ingenuidade, não?

Fora um sonho maluco e idealista, típico dos recém-formados.

E fora boba o bastante para guardá-lo por tanto tempo.

— Não é tão ingênuo. Sei como se sente.
— Quer dizer que você queria fazer o mesmo com seus livros?

Ele se levantou, amassando o prato plástico.

— Obrigado por trazer a comida. Às vezes, quando estou concentrado na escrita, me esqueço de comer. Então foi uma boa ideia.

Ele foi até uma das latas de lixo e jogou o prato fora.

Outra mudança de assunto. Disse a si mesma que não se importava.

Não estava aqui para conhecê-lo.

Ficou no parque o suficiente, tomou sol e deixou Hope aproveitar o tempo com ela. Antes de voltar ao trabalho.

Enquanto Ho rolava no cobertor e remexia-se de um lado para o outro, arrulhando e murmurando, Lena guardou os restos. Recolocou tudo no cooler e deixou-o no carrinho.

Finalmente, apanhou Hope e afivelou-a no assento, dando-lhe um chocalho. O bebê chutou feliz, com um sorriso largo no rosto.

— Aproveitou né?

Hope murmurou.

— Talvez eu finalmente tenha encontrado o jeito de nos darmos bem, hein? Se for assim, teremos de voltar aqui.

Logo, desejou. Logo.

De algum modo, encontraria tempo para passear mais no parque.

Tomar mais sol.

Fazer mais piqueniques. Encontraria um jeito de conciliar as coisas mais a favor de Hope. Precisava.

O combinado temporário daquela tarde com Karl, por mais que complicasse as
coisas para ele, tinha lhe dado a dádiva desse tempo com sua filha.

Precisava agradecer-lhe. Quando estivesse longe dele, assim não ficaria tentada a beijá-lo. Antes que pudesse alcançar o cobertor, Karl pegara-o e dobrara-o. Aquela mão grande tocou a sua quando ele a estendeu para devolver o cobertor.

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