Bad Girls

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Lena havia descido para fazer torradas, deixando-o escrever, mas os dedos dele não funcionavam.

Fitava a tela e pensava no que ela dissera como abrira o coração para ele.

E ele ficou ali sentado e manteve o seu coração fechado.

Teve sua chance, poderia ter contado porque também sabia tudo sobre abraços que não poderiam ser dados e palavras que não poderiam ser ditas.

Karl tinha mais táticas de evasão do que uma operação militar.

Exatamente por isso, fechara o arquivo do livro e abrira o e-mail.

Para evitar um pouco mais.

— Seu café da manhã, senhor.

Disse Lena, oferecendo um prato com duas torradas e queijo cheddar.

Ela pegou uma torrada e virou-se, fitando os títulos na prateleira.

— Só tenho mais alguns minutos. Preciso acordar e arrumar Hope. Definitivamente, tenho que trabalhar hoje. Há a reunião obrigatória de produção das quintas-feiras, então nada de folga para ajudá-lo a escrever.

Hesitou e virou-se para fitá-lo.

— Na verdade, foi sobre isso que vim falar ontem. Sei que você ofereceu cuidar dela por alguns dias, até que eu achasse outra pessoa, mas você se incomoda de cuidar dela até a Sra. Winterberry voltar? Sei que é pedir muito, não pediria se as entrevistas não tivessem sido tão desastrosas ontem, mas...
— Não me incomodo.
— Mesmo? Pensei que teria que implorar.

Ela sorriu.

— Posso oferecer jantares ilimitados pelo resto de sua vida.

As palavras, “resto de sua vida” pareciam ecoar nas paredes. Imagens dela dormindo em seu sofá, andando pela casa, enchendo sua caneca, passaram por sua mente. Poderia ter aquilo...
Se fosse aquele tipo de cara.
Pela primeira vez na vida, imaginou...

Poderia ser aquele tipo de homem?

Será que já havia passado tempo o bastante, tinha mudado o suficiente para talvez...
Ele afastou o pensamento.

Não era como se pudesse experimentar com Lena. E se não estivesse pronto?

E se fosse péssimo ao se comprometer?
Se ele a desapontasse tanto quanto desapontou Alison? Melhor não se envolver e deixá-la encontrar outra pessoa, mesmo que pensar nela
com outro homem o fizesse querer quebrar um carro ao meio.

— Você ainda pode fazer os jantares. Não vou recusá-los. Mortadela enjoa depois de um tempo.
— Combinado.

Ah, estava em apuros. Continuava se enrolando mais em torno dessa mulher, uma mulher que merecia tudo, mas Karl não tinha nada para dar.
Um barulho anunciou novos e-mails. Salvo pelo gongo, aproveitou para retomar a mesa.

Passou pelas mensagens, até que chegou à que esperava e temia.

A de James.

Abriu a mensagem, mostrando só seis palavras:

ISSO É BRILHANTE! MANDA-ME MAIS!

Pulou da cadeira, tão animado quanto o dia em que recebera a ligação do agente dizendo que vendera o primeiro livro.

— Isso!
— O quê? O que aconteceu?

Correu até ela, pegou-a pela cintura, puxando-a para si.

— Ele amou. Meu editor amou as novas páginas. Sabe as que eu concertei depois que trabalhamos junto? Mandei ontem.
— Ele amou? Ah, Karl, isso é ótimo!
— Tenho que lhe agradecer. Se não fosse você, Lena, não conseguiria transformar aquelas páginas, horríveis em... “Brilhantes”, como James disse.
— Bom, tenho certeza de que...
— Não, você foi crucial, Lena. Você.

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