Dusk Till Dawn

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O que Karl disse explicava tudo.
O distanciamento dele de Hope, aquela
indisposição de se aproximar.

Lena observou-o atravessar a rua, uma figura solitária sob a iluminação fraca do poste de luz.

Karl Zor-El tinha um coração partido.

Não conseguia se perdoar por uma decisão feita na adolescência, uma decisão que qualquer um poderia entender e apoiar.

Lena nunca admirara tanto um homem. Ele fizera uma escolha extremamente difícil, que não tinha certeza se poderia ter feito, não agora que tinha uma filha e sabia das alegrias de segurar seu bebê.

(...)

Algum tempo depois, Lena alimentou Hope e colocou-a para dormir.

Se fosse sensata, faria o mesmo consigo. Mas, em vez disso, caminhava pela casa, pensando naquele dia.

Em Karl. E em por que não tinha ido atrás dele quando teve a chance.

Por mais que tenha entendido o que ele disse e por que ele agiu daquela forma, ainda estava em sua casa. Sozinha. Pouco depois das 22h, a campainha tocou. Esperava encontrar Karl na soleira, mas era... A Sra. Winterberry.

— Ligue a televisão no canal 3, por favor.

Disse a senhora, enquanto entrava na casa, com a bolsa de costura no ombro e os chinelos na mão. Antes de entrar, trocou os sapatos pelos chinelos.

O que, diabo, estava passando?

— Canal três?
— Os comerciais já vão acabar e odiaria perder meu filme.

A senhora foi até o sofá, sentou-se e colocou a bolsa de costura a seu lado.

— Sua televisão não está funcionando?
— Claro que está. Mas não posso cuidar de minha vizinha-neta se eu ficar em minha casa enquanto ela está dormindo no berço aqui.
— Não precisa cuidar dela, Sra. Winterberry. Não hoje.
— Preciso, já que você vai atravessar a rua e acertar as coisas de uma vez por todas com seu vizinho bonitão.

A senhora balançou a cabeça enquanto tirava as agulhas e um suéter quase terminado da bolsa.

— Honestamente, vocês dois são muito teimosos.
— Somos só...
— Teimosos. Querida, quando você chegar à minha idade, vai aprender que a vida é curta demais para ficar esperando um homem atravessar a rua novamente e dizer que não pode viver sem você. Você o quer, vá pegá-lo! E pare de ter tanto medo de mudar sua vida.

Claramente, a Sra. Winterberry não ia a lugar algum, não até que ela fosse.

Deu o controle remoto à vizinha e ligou a televisão.

No canal 3, ainda estava passando um
anúncio sobre limpeza de carpetes.

— Para sua informação, não tenho medo.

A Sra. Winterberry arqueou uma sobrancelha. Será que tinha?

Pensou por um segundo.

Será que esteve tão errada sobre isso quanto esteve sobre Karl? Lena estava tentando proteger seu próprio coração, usando a desculpa das “complicações”, porque estava aterrorizada de ser deixada sozinha novamente?

Durante todo esse tempo, não tinha lidado com a perda de Dean, porque tinha medo que doesse demais.

Então, pouco a pouco, estar com Karl a forçara a fazê-lo. E não havia doído tanto quanto ela pensara.

Então do que Lena tinha medo agora? De mudanças?

— Vá.

Disse a senhora, acenando para Lena.

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