Paper Hearts

99 5 0
                                    

A voz de Alison não mudara nada em 12 anos. Quando ela disse alô, jurava que podia sentir o calor daquele verão na nuca, ouvir o surfe da praia de Nantasket e, acima de tudo, sentir o peso de seus erros nos ombros.

— Alison, é Karl

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Alison, é Karl.

Houve um silêncio pelo que pareceram dez anos, mas foram provavelmente dez segundos.

Ainda assim, segundos agonizantes.

— Faz muito tempo, Karl. O que você quer?
— Pedir desculpas.

Se ela ficou surpresa, não demonstrou pela voz.

Mas, também, o que esperava?

Um momento cinematográfico?

Que suas desculpas fossem aceitas de braços abertos? Talvez esperasse.
O escritor que havia nele imaginou uma reconciliação silenciosa.

Talvez para não ter que encarar aquele momento desconfortável.

— Muitos anos se passaram.
— Eu sei. Bem...

Expirou novamente. Se isso era uma página em branco, talvez fosse mais fácil encontrar as palavras certas.

— Eu devia ter ligado há muito tempo, Alison.

Ela não respondeu, o que era ainda pior.

— E, acima de tudo, deveria tê-la apoiado mais depois... De tudo o que foi dito e feito.
— Você simplesmente foi embora.

Não havia mais acusações naquela voz.
Talvez o tempo as tivesse apagado.
Do lado dela,talvez sim.

Mas muitas acusações à si próprio ainda ecoavam em sua mente.

— Quando cheguei do hospital...

Continuou.

— Você tinha ido para a universidade, para sua própria vida.
— Eu sei.

Havia largado tudo. Pensando que era a saída mais fácil. Mas será que fugir tinha feito algum bem para ele afinal? Certamente não foi a coisa certa de acordo com Alison. Sabia disso agora, mas, naquela época, era jovem e imaturo... Bom, tinha sido a escolha jovem e imatura.

— Fiquei muito brava, Karl, por muito tempo, porque senti como se você tivesse fugido.

Perguntas antigas aumentaram o tom daquela voz, trazendo as dúvidas e acusações à tona.

— E eu estava presa naquela cidade, lidando com os olhares e sussurros. Não havia uma vaga na universidade esperando por mim. Eu tinha um trabalho numa pequena delicatéssen de New Hampshire, onde todo mundo sabia o que acontecera comigo.

Como podia ter feito aquilo com ela?
Se pudesse voltar no tempo e falar com o Karl daquela época, ele voltaria.

Diria para se controlar, encarar a realidade e o que tinha acontecido, em vez de fugir.

Surpise Daddy!!Onde histórias criam vida. Descubra agora