Capítulo 11

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Depois de um tempo vendo o noticiário mudei de canal, decidi procurar por um filme.

- Estou me sentindo estranha. Ver TV na sala é meio estranho. Ainda mais acompanhada. - Falo não me sentindo à vontade.

- Que se foda a TV! Você quase explodiu meu saco. - Nikolay diz bravo.

- Claro, você não me obedece! - Falo o olhando.

- Nem vou te responder! No momento só quero ficar quieto. - Nikolay diz e volto a olhar pra TV.

- Quero ficar mais confortável, aqui tem alguma manta? - Pergunto fitando Nikolay.

- Na porra da ponta do sofá, na chaise - Ele aponta para a ponta do sofá, onde não há encosto.

Me levanto, vou até a chaise e puxo o assento para cima, há várias cobertas dentro da chaise que é tipo um baú, pego duas mantas e fecho a chaise, então volto a sentar no sofá e coloco as mantas do meu lado.

Me sento e olho para os meus pés, acho melhor tirar a prótese. Pois tenho que tirar os tênis, então tiro um tênis, e depois puxo minha calça pra cima, para poder tirar a prótese, o tênis da prótese não vou tirar, afinal depois só coloco a prótese e o meu outro tênis no pé.

Puxo a calça pra cima, e devagar tiro a prótese, depois a meia do coto.

- Caralho! Você não se depila? - Nikolay pergunta e sinto meu rosto ficar vermelho.

Ele viu meu coto e meu joelho, pois puxei a calça bem pra cima.

- Não, quer dizer, nunca houve a oportunidade. Eu não podia comprar gilete, nem creme depilatório, muito menos cera. Eu nunca tive dinheiro Nikolay, estudei até os 18 anos no colégio interno, e lá não tinha isso de depilação, as meninas até podiam ter coisas para se depilar, mas a família de cada uma que tinha que fornecer os itens de depilação, e meu pai só fornecia o básico, do básico. Depois que fiz 18 anos, meu pai me pegou no colégio interno e disse que eu ia cursar administração e morar na casa dele, eu não pude trabalhar, eu queria, mas você acha que meu pai ia deixar? - Digo baixo e continuo.

- Meu pai tinha receio de eu ser sequestrada e ele ter que pagar resgate. Nos últimos 4 anos minha vida era ir pra faculdade e voltar pra casa, eu nunca tive dinheiro, eu... eu nunca pude me depilar, nunca tive maquiagem, nunca tive jóias, nem bijuterias, minha orelha nem é furada... eu gostaria muito de me cuidar mais, e talvez só agora vou poder fazer essas coisas. Minha vida foi uma bosta, Nikolay. Já passei tantas vontades... tantas privações... eu não sei nem o que é me divertir... eu... são só pelos, quando eu cismar me depilo... - Falo dando os ombros.

Abaixo minha calça, ajeito a almofada e me deito de lado, virada para a TV, me cubro com uma coberta e deixo a outra coberta de lado, se Nikolay quiser ele pega.

O sofá é grande, eu estou em uma ponta e ele em outra. Um filme começa e fico quieta assistindo.

Não vou sair correndo pra me depilar, só porque Nikolay viu meus pelos, a hora que der vontade eu vejo o que faço. Tenho que furar minha orelha, pois quero colocar brincos, também quero pintar as unhas, eu quero fazer muitas coisas, mas só vou fazer quando der vontade.

Acabei cochilando e quando acordei senti um cheirinho gostoso de pão, espiei para o lado e Nikolay estava dormindo coberto, com a coberta que eu havia deixado no sofá. Storm e Ray ainda estavam no tapete.

Me sentei e queria fazer xixi, então enfiei minha prótese e fui ao banheiro. Fiz meu xixi e quando saí do banheiro Storm e Ray vieram até mim, fiz um cafuné neles e fomos para a cozinha.

- O cheiro de pão está lá na sala. - Digo vendo Marla cortar maçãs, e Hanna lavar umas louças.

- Fizemos pão, senhora. Fica pronto em 5 minutos. Eu e Hanna vamos colocar a mesa de café da tarde. Estou cortando maçãs para a Storm e para o Ray. - Marla diz e assinto.

O Casamento ForçadoOnde histórias criam vida. Descubra agora