Capítulo 3

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- Pai, vamos descer. O senhor já sabe o que dizer, vamos manter a calma. - Rael diz e sai do quarto com o meu pai.

- George liga a TV, devem passar a entrevista ao vivo. - William diz e George liga a TV que há no quarto.

Me viro um pouco e olho para a TV, eu deveria descer lá e gritar que meu pai é abusivo, agressivo e um verdadeiro monstro comigo.

George coloca no canal de notícias e parece até um circo, vejo minha foto na TV, e até uma mulher que é psicológica afirmando que sou autista!

Um tempo depois o repórter do estúdio diz que o meu pai vai se pronunciar, a imagem da frente do hospital aparece e vejo meu pai e Rael, por algum tempo fica um burburinho absurdo e fico até chocada.

- A Melissa virou uma celebridade na internet. Essas porras desses desocupados do caralho tão querendo saber tudo sobre a vida dela... - William fala bravo.

Fico olhando para a TV e meu pai começa a falar.

"- Eu peço o respeito de todos, estou arrasado com essas falsas especulações e com as notícias falsas. A minha filhinha caiu da escada e se machucou gravemente, a pobre está machucada e eu estou de coração partido. Minha Melissa é uma garota especial, ela é caseira, simples e não gosta de exposição, a pobre é tímida e adora estudar, ela se formou recentemente, até hoje só me deu orgulho."

Meu pai diz e sinto vontade de berrar, pois ele é um tremendo filho da puta, dissimulado.

"- Não, claro que não. Ela não é autista, só é uma pessoa simples. Chegaram até a dizer que ela usava um notebook e um celular velho, falaram que a pobre era maltratada, e eu afirmo que tudo isso é mentira! A Melissa é muito apegada às suas coisas, eu queria que ela usasse um celular e um notebook de última geração, mas ela se recusou, falou que os equipamentos que ela tinha ainda estavam funcionando, disse até para eu doar para a caridade o dinheiro que gastaria comprando equipamentos novos. Minha filha estudou em um colégio católico, ela é muito religiosa. Eu e meus filhos estamos sofrendo muito por ver nossa Melissa machucada, a pobre passou por uma cirurgia e ficamos aflitos..."

Meu pai vai falando e fazendo o seu teatro, ele fala um monte de mentiras e pra ser honesta não me surpreendo.

A entrevista acaba, e meus irmãos parecem otimistas, pois segundo eles meu pai foi perfeito.

Alguns minutos depois meu pai e Rael entraram no quarto.

- Bom, pelo menos por enquanto tudo vai se acalmar, mas temos que pensar no futuro. A imprensa não vai dar sossego. - George fala desligando a TV.

- Também acho, olha os comentários das pessoas no Twitter, muitos não acreditam no pai, alguns sim, mas outros não. É uma porra de situação, filho da puta. - William diz olhando seu celular.

- Que merda! A Melissa também não colabora. Se ele fosse mais sociável, não estaríamos passando por isso. - Rael fala me olhando feio e sinto tanto ódio, que quando vejo as palavras estão saindo da minha boca.

- Pra você é fácil falar. Você conviveu com a mamãe, teve amor na sua vida. Já eu não tive nada! Só desprezo e ódio, do animal do nosso pai! - Falo e meio que me arrependo, pois meu pai vem pra cima de mim furioso.

Meus irmãos seguram meu pai, que parece um cão raivoso querendo me agredir. Essa é a primeira vez na vida que falo algo.

- Sua infeliz! Eu vou ferrar com a sua vida! - Meu pai diz com ódio.

O clima no quarto fica tenso, mas ninguém vai embora, pois se o fizerem a imprensa vai entender que tem algo de errado.

Alguém bate na porta e todos disfarçam.

O Casamento ForçadoOnde histórias criam vida. Descubra agora