Capítulo 112-"Marcas"

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O céu está coberto por algumas nuvens carregadas, isso sempre acontece quando Galadriel visita o cemitérios de Albalos. Apesar de ser o "cemitério de Albalos", ele não é localizado na capital e sim nós arredores dela, nos últimos anos morreram tantas pessoas que não é possível comportar o local no meio da cidade.

Normalmente o elfo visita o túmulo de seu antigo mestre Quiron Landros, mas dessa vez ele está em um local diferente. O túmulo de Bruno Domiene é bem decorado e bem feito, digno de um homem que ocupou o cargo mais alto do reino por alguns anos. As nuvens começam a se condensar e algumas gotas caem, mas Galadriel ignora e continua em seus pensamentos enquanto olha o túmulo do antigo superior.

Ele nunca teve uma relação muito profunda com o feiticeiro, na realidade eles foram indiferentes, se encontraram poucas vezes em toda a vida, mas o elfo sempre teve respeito e admiração para com aqueles acima dele na hierarquia. A chuva começa a cair e molha o longo cabelo loiro do elfo.

Galadriel não sabe dizer se matar Kairos, ou Bruno Domiene, era o certo a se fazer ou não. O feiticeiro já nao parecia o mesmo, e Galadriel entendia perfeitamente o porque. Pode não parecer mas a Rebelião de Albalos deixou todos com marcas que não podem ser curadas, desde o rei Dillinger até os seus suditos, principalmente os que estavam em Albalos no dia. Após aquele trauma é entendível que Bruno estivesse tão traumatizado a ponto de enlouquecer e na tentiva de tentar se agarrar ao único resquício de sanidade que sobrou ele se aliou a Gringo acreditando que poderia reverter tudo.

A chuva começa a ficar mais pesada com o passar do tempo, e Hildu finalmente acha Galadriel em meio aos túmulos. Normalmente ele vê o elfo no túmulo de Quiron Landros, então não entende o que ele faz em um lugar diferente. Ao chegar ao lado de Galadriel o halfling repara de quem é o túmulo. Assim como Galadriel, Hildu nunca teve uma relação com Bruno Domiene, mas ele também não sabe o que aconteceu na missão junto a Aurora Negra, e do jeito que o elfo está não parece ser o momento de perguntar.

O halfling nota várias ataduras embaixo do gibão de couro que o elfo veste. Hildu dá um toque nas costas de Galadriel e avisa que Dillinger e Lapolas já foram para Kefala. O elfo responde com a cabeça e continua seus pensamentos. Hildu já conhece o elfo a muito tempo, para algo abala-lo desse maneira não deve ser muito fácil de lidar. Apesar de serem rivais declarados, Hildu não gosta de ver seu amigo mal, então ele se senta e faz companhia a Galadriel. A chuva continua.

A carroagem de Jetah finalmente chega no destino. O meio dragão corre contra o tempo nesse exato momento. Seu instinto de aventura diz que apesar do resultado catatônico da missão com a Aurora Negra, o grupo aventureiro vai dar um jeito de dar a volta por cima, e no momento que isso acontecer Jetah quer estar lá não só para ver como para ajudar a descer a porrada em quem tentar atrapalhar.

Mas para descer a porrada em alguém o guerreiro vai precisar de um novo braço. Infelizmente ele não tem contato com um clérigo poderoso o bastante que possa curá-lo, ao menos não um que esteja disponível, por isso ele foi obrigado a partir para seu segundo plano: uma prótese. O aventureiro já encontrou alguns indivíduos com prótese, inclusive o próprio rei Dillinger "Cello" Cultello tem uma em seu braço esquerdo. O meio dragão lembra de ter perguntando a pouco mais de três anos atrás onde que Cello havia conseguido essa prótese, e ele disse que foi numa cidade de gnomos ao sul de Albalos chamada "BigFoot Town".

Após a confusão com a falha no plano de Gringo, Jetah teve pouco tempo para falar com o ex-renegado e realmente confirmar se era esse o nome da cidade, então apenas confiou nas coordenadas que Lapolas de Salogel disse a ele e foi até o sul de Albalos até que não houvesse amanhã. Se precavendo de problemas Jetah leva consigo alguns quilos de ferro que comprou lá na capital. Diferente da prótese de Cello, feita de madeira, Jetah quer um braço poderoso e esbelto, feito com um ferro propício para o combate, por isso foi a um local com boas críticas.

O meio dragão pega sua sacola contendo ferro e se despede da carona que pegou no caminho. Jetah adentra a floresta que Lapolas falou ser onde abriga a tal BigFoot Town. Após alguns minutos de caminhada o meio dragão larga sua sacola e decide tirar uma água do joelho, só que no meio do processo ele vê sua sacola sendo surrupiada por uma sombra. Ao invés de ficar bravo, Jetah sorri. O meio dragão costuma ver esse tipo de situação como um desafio da natureza, e visto que alguém roubou sua sacola ele julga ser um gnomo, vide sua natureza curiosa, o que significa que ele está na direção certa.

O meio dragão exclama que o pequeno não vai fugir, e então corre atrás dele. Rapidamente Jetah alcança a sombra, que ele consta ser um pequeno gnomo mesmo, mas ele decide não pega o sapeca e sim deixá-lo ir até a cidade. O meio dragão percorre alguns metros seguindo o alvo até que é obrigado a dar um passo para trás antes que uma adaga atravesse sua cabeça. Quando Jetah olha a origem da adaga ele leva um chute de baixo para cima. O meio dragão se afasta e entra em posição de combate.

Os ferimentos das batalhas com a Neo Novarum ainda não se curaram completamente, então ele pode estar em desvantagem, principalmente porque sabe que o adversário é alguém habilidoso. Das sombras o inquilino se revela: um elfo com cabelos morenos e uma barbicha, além de olhos azuis e um semblante de mal humorado.

"Essa vila não recebe forasteiros como você, projeto de dragão." Diz Ardriel de Tohil.

Old Dragon: Aurora NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora