Capítulo 114-"Linye"

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Aliester se irrita com a afirmação do howkar. Nem Gringo, nem Argo nem ninguém impedirá Aliester de fazer o que deseja. O elfo se prepara para uma batalha que parece iminente. Argo olha para Aliester e desce para o chão, almejando que seus olhos fiquem parelhos e ele possa conversar calmamente com o até então aliado.

Pacificamente, Argo explica que os conhecimentos dos kenku são perigosos por si só, não só porque certa vez já foram vistos pelos deuses como profanos mas também porque provêm muito poder para quem a domina, e nas mãos daqueles que não sabem o que fazer pode se tornar extremamente perigosa.

Aliester julga que o adversário usou algum tipo de magia para descobrir suas intenções, então nem se preocupa com o fato do howkar saber seu plano. O elfo explica que quer mais poder, e graças a futilidade de Rylthar Tlin'orzza ele não conseguiu por as mãos no cristal arcano do velho halfling, por isso decidiu ir atrás da fonte de poder dele. Argo explica que apesar dos conhecimentos dos howkari caidos serem muito poderosos, eles não representavam nem um terço do poder de Gringo. O lich era um prodígio que nasce de milênios em milênios, nem Argo, nem Aliester, chegavam aos seus pés.

Agora sim o elfo está irritado. Ele não se importa com o potencial de Gringo ou com o que ele tem em mãos, Aliester apenas quer mais poder para concluir sua vingança. Argo julga que o elfo se corromperá pelo poder dos kenku e se tornará um segundo Gringo, mas o howkar errou em um ponto de sua analise:

"Argo... Você ainda não entendeu. Eu sou superior a Gringo Foot no unico aspecto que me importa: a ambição."

O elfo não se corromperia pelo poder, pois já é corrompido pela vingança. Ele não erraria nos cálculos de um plano arriscado, pois ele sempre acerta seus cálculos e se ele não acertar, ele refaz até acerta-los, se ele acerta-los ele repetirá mais uma vez, até ter total certeza. Se não houver resposta ele fará uma. A ambição, a vontade de Aliester, tudo isso faz com que o elfo seja mais qualificado para o conhecimento arcano perdido do que Gringo, Mitra, Argo ou qualquer outro. Ele, dentre todos, é o mais honrado.

O manto de Aliester é jogado para longe enquanto o mago se prepara para um combate. Argo olha para o elfo, cheio de ferimentos e cicatrizes. É claro que o howkar não passou em branco na luta contra a Neo Novarum, ele também estava ferido, porém Aliester chegou ao seu limite nas lutas contra Kairos e Gringo e agora ele ainda não está 100%.Porém a tatuagem arcana no braço de Aliester, o plano B do elfo, é o que mais incomoda Argo. Não vale a pena correr o risco.

O ilusionista oferece uma proposta: ele levará Aliester até Ravia, porém o elfo ficará sob observação dele o tempo todo. Mesmo tendo uma relação conturbada com sua terra natal, Argo não deixará que o vingador toque em nenhum dos de sua raça. Aliester olha o colega arcano e caminha até seu manto, o colocando de novo e aceitando a proposta de Argo.

"Ok, que assim seja. Só temos um problema: eu mandei o cocheiro embora e não tenho forças para voar. Você consegue me carregar com suas asas né?"

O palácio de Romaniz Leto se revela um local bem organizado e luxuoso, com algumas plantas na parede e algumas pilastras bem grandes que sustentam o local. Entre as pilastras estão varias piras de fogo que iluminam-o, mesmo que esteja de dia atualmente. Na frente uma escada que leva para um trono e em cima do trono o próprio Romaniz Leto, um homem com uma pele pálida e um longo cabelo negro e olhos cansados com uma cor vemelha escura. Seu olho direito mostra uma grande cicatriz em formato de garra. O bruxo esta com um postura entediada e ela não muda nem mesmo quando os aventureiros se aproximam.

"Bom dia. O que vieram fazer aqui?"

Os membros da Aurora Negra respondem com um bom dia educado e Roghar responde o que vieram fazer, explicando a situação de seus companheiros e como eles "morreram", e depois pergunta se ele saberia algum método para traze-los de volta ou reverter o processo. Tarz explica que eles recorreram ao bruxo graças a sua fama e grande poder.

Romaniz se queixa, ninguém nunca vem para uma conversa, é sempre por um favor. O bruxo se ajeita no trono e pergunta se eles querem falar com ele ou com "ele". Compadecido, Roghar diz que eles podem falar com Romaniz afinal ele pode saber algo, mas o bruxo se queixa que é inútil, todos só vem falar com "ele" mesmo. Tarz continua com a ideia de Roghar, talvez o bruxo saiba de algo, mas ele especifica que só saberia dependendo da pergunta.

O draconato pergunta se ele sabe algo sobre ressureições ou sobre a pós vida e Tarz continua dizendo que graças ao seu poder ele pode saber algo. Romaniz pergunta se algum desses companheiros era uma calamidade, Roghar especifica que um deles era, porém não era parte da guilda deles. O bruxo explica que se eles fossem uma calamidade suas almas estariam no plano de Gonthar, mas ele lembra que os proprios aventureiros disseram que seus companheiros tiveram a energia arcana retirada, ou seja, não necessariamente mortos. Roghar confirma.

O bruxo abre uma leve risada deboxada. Ele admite que não sabe, afinal a energia arcana é liberada durante a morte, é impossível que ela seja retirada. Romaniz diz que provavelmente suas almas passaram pelo julgamento de Linye e depois foram para o domínio de algum deus primário.

Roghar pergunta se ele, sendo um bruxo poderoso, não conheceria Gringo Foot, um mago poderoso. Bralith específica: um mago meio lich chato pra caralho, bem baixinho, foi ele quem retirou a energia arcana dos membros da Aurora Negra e de milhares de outras pessoas.

Romaniz duvida que Gringo Foot aínda está vivo, mas Tarz diz que atualmente, baseado em seu estado, era melhor estar morto. O bruxo se queixa, Gringo forjou sua morte a um bom tempo, ele devia 50 moedas de ouro ao bruxo e a forjou para não pagar. Maldito halfling. Bralith se oferece a ajudar de "cobra-lo".

Apesar de estar relativamente descrente que Gringo aínda está vivo, se foi ele então é plausível todo o lance da energia arcana, afinal o halfing é o maior prodígio arcano no último século. Porém Romaniz admite não saber de nada sobre o assunto, mas pode chamar "ele". Roghar diz com educação que, se possível, seria legal chama-lo. Romaniz abaixa a cabeça e fecha os olhos.

Os aventureiros vêem de canto de olho Tamra Gajazara sacar uma espada média dourada com escritas em runicas elficas, ela esta em prontidão para qualquer perigo. Após alguns segundos de silêncio, Romaniz abre os olhos e fita a Aurora Negra. Ele não mudou em nada, mas a presença é claramente diferente.

"Olá... Com quem a gente fala?" Diz Roghar.

"Não sabe quem eu sou?" Diz Linye, de maneira irritada.

Old Dragon: Aurora NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora