⚜CAPÍTULO 10⚜

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   Não sei que bicho me mordeu, talvez seja por ele se afastar quando pensei estarmos nos aproximando, mas o motivo não interessa, na verdade, estou decidida a não deixar que entre em meu coração e depois saia sem dizer nada

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   Não sei que bicho me mordeu, talvez seja por ele se afastar quando pensei estarmos nos aproximando, mas o motivo não interessa, na verdade, estou decidida a não deixar que entre em meu coração e depois saia sem dizer nada.

   Desde o início, Dante tem sido uma incógnita para mim, um homem que parece ter mais gelo nas veias do que sangue. Mas então, em um momento de vulnerabilidade, vi suas lágrimas descerem em meus braços, e aquela imagem contraditória me deixou perplexa. Nada fazia sentido antes, e não vejo como poderia fazer agora.

   Ainda me pego observando a janela, esperando ter um vislumbre dele, mesmo que minha mente insista em manter uma distância segura. Todos esses dias, cultivei uma raiva infundada para proteger meu coração de qualquer gentileza que ele demonstre. Mas agora uma cena hipnotizante se desenrola no meio do quarto da minha filha. Dante forrou todo o chão com jornais e leva as mãos nos quadris, olhando para as latas de tinta espalhadas ao redor. Seu rosto está concentrado.

   — E então, o que acha? — ele pergunta, finalmente notando minha presença na porta.

   Hesito por um momento antes de responder, lutando contra a sensação de fascínio que começa a surgir dentro de mim.

   — Rosa pode ser uma cor um pouco clichê, não acha? Talvez um lilás ficaria bom — sugiro, tentando manter uma certa distância emocional.

   Ele olha para mim, por um instante, pareceu que iria retrucar, mas então seus ombros relaxam e um sorriso brincalhão surge em seus lábios.

   — Acho que essa é uma boa escolha — ele concorda, pegando uma das latas de tinta lilás e abrindo-a.

   Observo enquanto ele começa a deslizar o pincel as paredes com cuidado e precisão, cada pincelada revelando um pouco mais de sua habilidade e atenção aos detalhes. É uma cena simples, mas há algo profundamente cativante nela.

   Lá se vai toda minha determinação para ficar longe dele.

   — Você realmente leva jeito para isso — comento em voz alta, surpreendendo-me com minha própria voz.

   Ele sorri, mas seu olhar está concentrado no trabalho.

   — Na verdade, tenho um pouco de experiência com isso — ele admite, sem perder o ritmo da pintura.

   Há uma sinceridade em sua voz que me pega de surpresa, como se ele estivesse compartilhando um pedaço de sua verdadeira essência comigo.

   — Você parece estar curtindo isso — digo, tentando manter a conversa leve.

   Ele para por um momento, olhando para mim com um brilho triste nos olhos.

   — É estranho fazer isso de novo — confessa em um sussurro.

   De novo?

   — Pintar um quarto é estranho? — pergunto em confusão.

   — Não, preparar outro quarto de bebê que é — ele responde, retomando a pintura com um pouco mais de vigor, como se estivesse tentando fugir da conversa.

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