⚜CAPÍTULO 11 - DANTE⚜

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   Está começando a anoitecer quando termino de pintar o quarto da bebê, não querendo me gabar, mas ficou simplesmente perfeito

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   Está começando a anoitecer quando termino de pintar o quarto da bebê, não querendo me gabar, mas ficou simplesmente perfeito. O tom de lilás clarinho deixou o quarto com um ar aconchegante e tranquilo, criando um lugar seguro para o sono do bebê. Observo o resultado com satisfação, sentindo um leve orgulho do meu trabalho. Enquanto me concentrava na pintura, algo em minha mente me levava ao passado, quando tomei para mim a responsabilidade de montar do quarto do meu filho. Ter aquela conversa com a Nayla desencadeou várias reações dentro de mim, ter ela me oferecido lanches também não ajudou muito, aos poucos percebi que sua cara fechada foi substituída por um leve sorriso que me tirou o foco do que estava fazendo diversas vezes.

   Porém, uma sensação de vazio persistia dentro de mim.

   Não é apenas a ausência física da minha família que me atormenta, mas também a falta de um propósito claro em minha vida. Por mais que tente me manter ocupado, preenchendo meus dias com tarefas e projetos, ainda há um vazio que não consigo preencher. Talvez seja por isso que me sinto tão atraído pela presença de Nayla. Ela parece trazer consigo uma luz, uma esperança de que talvez haja algo mais além da escuridão que me cerca. É como se sua presença trouxesse um pouco de calor para o frio que tem dominado minha vida nos últimos anos.

   Desço as escadas após limpar e organizar as ferramentas, e sou recebido por todo silêncio da casa. Ao entrar na sala vejo Nayla dormindo no sofá segurando as agulhas de tricô e uma manta ainda inacabada no colo. Sinto um alívio no peito ao vê-la ali, adormecida, envolta em uma aura de tranquilidade. Seus cabelos escuros caem delicadamente sobre seu rosto, e por um momento, estou tentado a tocar em seu rosto para tirar aquela mecha. Mas resisto à tentação, consciente de que não devo invadir sua privacidade. Em vez disso, permaneço parado no meio da sala, observando-a descansar. 

   Me aproximo silenciosamente do sofá, sem saber ao certo o que fazer

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   Me aproximo silenciosamente do sofá, sem saber ao certo o que fazer. Por um momento, considerei cobri-la com uma manta e deixá-la descansar em paz. Antes mesmo que possa decidir o que fazer, vejo seu semblante tranquilo de repente ser substituído por uma expressão de angústia. Uma lágrima escorre pelo seu rosto enquanto ela se mexe inquieta, como se estivesse presa em um pesadelo do qual não consegue escapar.

   — Por favor, não me machuque — sussurra.

   Isso quebra algo dentro de mim, alguém se atreveu a machucá-la ao ponto de fazê-la ter pesadelos com isso. Qualquer hesitação deixa de existir e com cuidado, coloco uma mão em seu ombro.

   — Nayla, acorde — murmuro suavemente, esperando que minhas palavras rompam o véu do pesadelo que a aprisiona.

   A observo, com o coração apertado, enquanto suas pálpebras tremem e finalmente se abrem, revelando olhos assustados e cheios de lágrimas. Sua respiração está rápida e irregular, como se estivesse lutando para recuperar o fôlego após emergir de um mergulho profundo.

   — Está tudo bem, foi só um pesadelo — murmuro a ajudando a se levantar.

   Ela olha ao redor da sala, os olhos ainda nublados pela névoa do sonho perturbador. Parece levar alguns segundos para se orientar, e perceber que está segura em sua própria casa, longe das garras do pesadelo que a assombrou. Seus lábios se contorcem em uma expressão confusa enquanto ela tenta processar a transição abrupta entre o mundo onírico e a realidade.

   — Você estava chorando — murmuro, observando as últimas lágrimas que ainda teimam em percorrer suas bochechas pálidas.

   Ao me abaixar aos seus pés para limpar os rastros das lágrimas, sinto uma onda de preocupação, inundar meu ser. Cada traço de tristeza em seu rosto é como um punhal em meu próprio coração, uma lembrança vívida de que ela não está imune às dores e tormentos que assolam sua vida. Tento ser gentil e delicado ao limpar as lágrimas de seu rosto, desejando que cada toque dissipasse o peso de seus pesadelos. Trabalho para secar suas lágrimas, minhas próprias emoções se agitam dentro de mim. A visão dela vulnerável e angustiada desperta um desejo ardente de protegê-la, de afastar todos os seus medos e inquietações. Mas sei que não posso fazer isso, pelo menos não nesse momento de fragilidade.

   Me esforço para confortá-la da melhor maneira que posso, também entrando em conflito com meus próprios sentimentos confusos em relação a ela. É um dilema emocional que me consome, uma batalha entre o desejo de me manter distante e a necessidade urgente de me aproximar mais dela.

   — Desculpe — sua voz soa rouca e abafada. Suas mãos tremem um pouco quando recolhe seus cabelos revoltos para trás da orelha.

   — Pensei que tínhamos passado dessa parte — tento brincar um pouco para tirar aquela sombra de tristeza do seu olhar. Ela solta um suspiro suave, seus lábios curvando-se em um sorriso triste.

   — Ora passamos de muitas partes — diz entrando na brincadeira — Alguém sempre some antes que chegue na parte boa — rio da sua provocação.

   — Alguém tem que ser o adulto responsável aqui — digo me sentando ao seu lado no sofá. Sua risada sai fraca e seus olhos voltam a brilhar novamente.

   — Apelando para a idade, velhote? — seu ombro toca o meu levemente, mas isso é o suficiente para acender algo dentro de mim.

   — Sou apenas dez anos mais velho que você — digo e seus olhos se arregalaram.

   — Andou me investigando? — pergunta arqueando uma sobrancelha.

   — Sua avó fofoqueira, comentou que tinha uma neta que havia entrado na faculdade, só juntei os pontos depois disso — digo levantando as mãos em rendição — Não sou um psicopata pervertido que sai stalkeando todo mundo.

    Ela me olha feio por chamar sua avó de fofoqueira, mas acaba abrindo um belo sorriso em minha direção e fico hipnotizado por alguns segundos antes de perceber que estava encarando por tempo demais sua boca.

   Pigarreio e desvio o olhar para a manta em seu colo.

   — Terminei de pintar todo quarto, posso voltar amanhã para montar os móveis se quiser — ofereço e coço minha barba por fazer meio sem jeito.

   — Pedindo permissão agora? — seu sorriso se abre ainda mais e me perco novamente — A ajuda seria bem-vinda Dante — meu nome saindo da sua boca, faz meu coração errar as batidas e me levanto rapidamente.

   Estou louco!

   Pareço um adolescente que não consegue se controlar perto de uma garota. Me despeço dela dizendo que voltarei amanhã e saio daquela casa aconchegante como o diabo foge da cruz, respiro fundo o ar frio da noite e tento acalmar as batidas do meu coração.

   Por deus, tenha bom senso, Dante Rossi!

   Por deus, tenha bom senso, Dante Rossi!

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O caminho até vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora