Saio do quarto de Nayla em silêncio, a porta se fechando suavemente atrás de mim, mas o som parecia mais alto do que o habitual nos meus ouvidos. Meu coração bate forte em meu peito, e um pensamento insistente não me deixava em paz: eu nunca disse a ela. Nunca disse que a amava. Agora que ela estava acordada, sorrindo e respirando, a ficha caiu com uma força esmagadora. Eu a amava. Não era apenas um carinho, ou um desejo de protegê-la, mas um sentimento profundo e real, que tinha se enraizado em mim sem que eu sequer percebesse.
Era engraçado como, mesmo depois de todo o caos dos últimos meses, depois de ter vivido tudo aquilo com ela, essa realização só agora me atinge em cheio. O jeito como ela enfrentou tudo, como ela olhava para a vida mesmo depois de todo o sofrimento, era impossível não a amar. Mas a verdade era que eu nunca havia dito. Nunca tinha falado com todas as palavras o que eu sentia, e agora isso parecia tão óbvio e necessário que me perguntei como havia deixado isso passar.
Enquanto caminhava pelos corredores do hospital, sentia meu corpo rígido, quase automático. Cada passo parecia pesado, mas não era o cansaço físico. Era a urgência de resolver o que estava martelando na minha cabeça. Paro por um momento, encostando na parede de azulejos frios, e esfrego o rosto com as mãos. Respirando fundo, fecho os olhos.
Sabia o que tinha que fazer.
Saio do hospital decidido. No estacionamento, o ar do fim da tarde estava gelado, mas eu mal sinto frio. O motor do carro rugiu quando girei a chave, e meus pensamentos se embaralharam enquanto dirigia pelas ruas vazias da cidade. Não importava o tempo que tínhamos passado juntos; eu sabia, no fundo, que ela era a mulher que eu queria.
Conforme dirijo, meus olhos vagam pelas luzes da cidade, até que uma ideia surgiu. Eu sabia exatamente o que precisava fazer. Não era só falar. Eu precisava mostrar a Nayla que isso era real. Algo simbólico. Algo que ficasse com ela. Um colar. Não um anel ainda, mas algo especial, algo que dissesse que eu queria estar com ela de verdade, construir algo juntos.
Estaciono em frente à joalheria, o motor do carro ainda vibrando levemente enquanto eu contemplava o letreiro iluminado com um brilho suave de azul. As luzes da rua refletiam no vidro da loja, e o silêncio ao meu redor era quase sufocante. A hora já estava avançada, e eu sabia que eles estavam prestes a fechar, mas não podia voltar atrás. Precisava fazer isso.
Desço do carro e caminho até a porta, meu coração batendo um pouco mais rápido do que eu esperava. O sino que soou quando abri a porta foi o único som que quebrou o silêncio esmagador, ecoando na loja vazia. Dentro, tudo parecia imaculado, limpo demais, frio demais. A vendedora, que já estava organizando algumas peças, levantou a cabeça, surpresa ao ver alguém entrar naquele momento. Provavelmente ela não esperava mais clientes.
Limpo a garganta, sentindo minha voz sair rouca, mais do que o normal.
— Preciso comprar um colar — murmuro, tentando não parecer tão perdido quanto me sentia por dentro.
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O caminho até você
RomanceESSE LIVRO É RECOMENDADO PARA PESSOAS MAIORES DE 18 ANOS!!!! Plágio é crime. História completa Quando Nayla Vizzotto, uma jovem universitária de 20 anos, descobre estar grávida após um relacionamento abusivo com Phillip, sua vida muda drasticamente...