capítulo 59

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Boa leitura!!

Sadie

Eu vejo Millie se amparar à parede atrás dela, respirando com dificuldade, o rosto contorcido, parecendo sentir dor física. Meus olhos correm para suas mãos segurando o baixo ventre e são puxados mais para baixo, então eu congelo.

Um pânico ainda maior me invade por inteira. Sangue está descendo pelas suas pernas. Porra! O que foi que eu fiz com ela?

- Que sangue é esse? - eu avanço, meu tom alarmado, com o intuito claro de tomá-la nos braços.

- Não! Não chegue perto de mim! Não vai me tocar com suas mãos sujas da sua puta! - seus olhos estão vidrados, sua voz histérica.

O que vejo nas íris castanhas faz um arrepio gelado percorrer meu corpo. As pedras preciosas que tanto aprecio estão opacas, sem vida, me encarando nesse momento. Lágrimas silenciosas continuam banhando suas faces. Há tantas emoções transparecendo em seu rosto: desprezo, ódio, repulsa, decepção, mágoa, dor e uma espécie de resignação quando arqueja e murmura, parecendo tão quebrada:

- Você venceu, Sadie. Espero que a sua dívida esteja paga porque eu não tenho mais nada para lhe dar. Você tomou tudo. Tudo.

Porra! Meu peito dói horrivelmente ao testemunhar sua dor e desilusão.

- Eu me enganei tanto a seu respeito. Tanto. Apesar de tudo, pensei que havia bondade em você... - engasgo, um caroço se formando em minha garganta. - Eu te amei tanto, Sadie. Jamais saberá o quanto.

Suas palavras acertam meu coração em cheio. Sinto uma dor profunda, diferente de tudo que já senti na minha vida miserável. E nesse momento, vendo-a sofrendo, sangrando na minha frente, percebo que ela me amava mesmo. Era verdade quando me confessou. E eu a rechacei. Pisei em cima do seu jovem e esperançoso coração.

- Estou saindo da sua vida agora. Não precisa mais se preocupar com a menina tola declarando seu amor para você. - soluça entrecortado, seu corpo todo tremendo.

Oh, meu Deus, eu cometi o maior erro da minha maldita vida. Não sou nada diferente dos meus pais. Sou um monstro. Eu destruí essa menina inocente.

- Por favor, me deixe segurá-la, você precisa ir para um hospital, esse sangramento não é normal! - a histeria passa para mim, sem saber o que fazer com as mãos, uma vez que não me deixa tocá-la.

- Não. Nunca mais quero sentir o seu toque. - sua voz é um esgar cheio de dor.

Minha embriaguez está indo embora rapidamente e em seu lugar o nojo de mim mesma toma conta por ter feito isso com ela. Por tê-la quebrado assim. Ela se encolhe contra a parede, o rosto torcido de dor e sinto como se algo se partisse dentro de mim.

- Bebê... - ofego, não sabendo lidar com esse sentimento de perda esmagando meu peito. - Me perdoe... Eu te machuquei... - não responde, seus olhos rolam e se fecham.

Ela perdeu os sentidos e eu grito alto, desespero sem tamanho me fazendo tremer. Saco meu celular e chamo meu motorista que está na garagem do prédio.

- Ela está desmaiada! Venha rápido! Está sangrando, precisa de um médico, rápido! - eu berro, chegando até ela e finalmente pegando-a em meus braços.

- Essa garota está fingindo, Sadie! Não está vendo isso? - a voz venenosa de Verônica me faz olhá-la.

Um ódio absurdo dela e de mim mesma me toma. Eu me sinto um verme ao recordar de ter cedido ao jogo de sedução da mulher maldita na boate que estava bebendo desde cedo com alguns executivos. Ela chegou como se tivesse um radar para me localizar e ficou na minha cola. Eu bebi como se não houvesse amanhã, como tenho feito muito nesses dias, tentando negar o que sinto por Millie. Na tentativa de esquecê-la, na minha total estupidez, topei vir até o apartamento de Verônica.

A DÍVIDA - SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora