capítulo 67

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Millie

Os dias foram passando numa velocidade vertiginosa. Theo teve alta depois de duas semanas do parto e Sadie tem estado presente a maior parte do tempo. Nas primeiras semanas, ela tirou mesmo folga do trabalho e sua ajuda foi, de fato, muito bem-vinda. Ela tem dormido num dos quartos perto do meu e de Theo. Contratou uma cuidadora, técnica em enfermagem, para nos auxiliar nesses primeiros meses também. Foi graças a isso que não perdi muito sono, reclamação frequente das mães de primeira viagem. Sadie realmente se preparou para cuidar do nosso filho e cada vez que a vejo fazendo isso, sinto um misto de alegria e tristeza. Alegria por constatar que consegue amar o nosso menino, e tristeza porque me pego fantasiando em muitos momentos que ainda somos um casal feliz com a chegada do nosso primogênito. Mas, não, não somos mais nada uma da outra, e isso dói. Ainda dói demais.

Theo fez um mês na semana passada. Rosa fez questão de trazer um bolo e cantamos os parabéns. Lilia veio acompanhada de uma morena chamada Sofia. Uma moça que conheceu no Norte quando foi designada para as rotas domésticas. Parece que ela a está orientando na escola de pilotos da SLN. Não sei o que há entre elas, mas dá para sentir uma energia sexual abrasadora entre as duas. Noah e Finn também vieram. Agora o que me chocou de verdade foi a presença de Natacha, a irmã mais nova que Sadie e Lilia descobriram recentemente. Senti um clima estranho e misterioso entre ela e Natalia também. Parece que preciso me inteirar das novidades..

Theo recuperou o peso e tamanho completamente nesse mês, graças a Deus e ao acompanhamento rigoroso da equipe de profissionais trabalhando junto com seu pediatra. Magnólia esteve com um sorriso de orelha a orelha por nos ver juntas. Sei que ainda nutre esperanças de que eu e a Sadie nos acertemos em algum momento. Tenho deixado claro a cada oportunidade que a trégua é por causa de Theo. Não quero que o meu filho cresça sem o amor e carinho de sua mãe. Se para isso tenho que ficar perto da mulher que pisou sem pena no meu coração, eu ficarei.

Confiro o relógio mais uma vez e tento não parecer que estou contando os minutos para voltar para Theo. Henry sorri do outro lado da mesa. Ele me convidou para jantar, uma vez que estive praticamente dentro de casa o tempo todo nesse último mês. Meu resguardo acabou e me sinto mulher de novo. Meu corpo está muito mais voluptuoso, os seios grandes pelo leite acumulado. Nunca estive tão "gostosona". Eu rio um pouco com esse pensamento nada modesto.

- Você não precisa disfarçar, Millie. - ele ri, limpando a boca ao terminar seu prato. - Eu só queria a sua companhia hoje e, claro, fazê-la sair um pouco de casa.

- Eu sei. Obrigada por isso. - murmuro. - É que essa é a primeira vez que saio à noite e deixo o Theo. - seus olhos escuros seguram os meus.

- A senhora Sink está lá, não está? - detecto um leve desagrado em sua voz.

Henry não está gostando da Sadie socada lá dentro da casa de Magnólia o tempo todo. Contudo, nunca me disse abertamente, até porque não somos nada além de amigos. Por enquanto. Ele é lindo. Um morenaço de arrasar corações. Bem, isso se o meu já não estivesse ocupado e se recusando a ser esvaziado. Zombo. Gostaria de sentir as borboletas voando no estômago, as mãos suando e ficando frias quando o vejo, mas não sinto nada disso. Não vou negar que é muito agradável de olhar, no entanto. Talvez com o tempo eu vá sentir todas essas coisas se der a ele uma chance.

- Obrigado por hoje. - sussurra, os dedos acariciando minha face, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

Seu olhar deriva para a casa, então volta para o meu e me choca quando abaixa a cabeça, os lábios mornos tocando os meus. Eu me seguro em seus ombros, tomada pela surpresa, minha boca abrindo, Henry chupa o meu lábio inferior, prolongando o selinho alguns instantes a mais. Seus olhos estão brilhantes e intensos quando se afasta, respirando com dificuldade. Está excitado visivelmente e isso me deixa sem jeito. Com a Sadie era fácil ser sedutora, havia uma familiaridade entre nós... Havia... Ah, Deus, não havia nada entre vocês, Millie. Pare de ser burra. Eu me dou uma bronca.

A DÍVIDA - SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora