capítulo 70

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Boa leitura!!

Sadie

- Sadie... - a voz é apenas um sussurro às minhas costas e eu congelo.

Oh, meu Deus! Meu coração dolorido salta, descompassado. Estou com medo de me virar e perceber que é só uma miragem, meu desespero me pregando peças, zombando da minha miséria. Começo a pedir com fervor a Deus que ela seja real. Enchendo-me de coragem, eu me levanto devagar e me viro. Puxo o ar agudamente, meus olhos voltando a se encher de lágrimas. Ela está mesmo aqui, a poucos passos de mim. Seu rosto todo banhado de lágrimas, o olhar correndo por todo o meu rosto, sua expressão tão atormentada e sofrida quanto a minha. Seus ombros tremem enquanto nos olhamos, apenas as lágrimas descendo e nossos arquejos soando na sala silenciosa.

- Você está chorando. - ela soluça.

- Você também. - sussurro de volta.

- Por que não consigo deixar de te amar? - chora mais, seus ombros tremendo. - Por quê? Por que te amo tanto?

Ela ainda me ama? Voltou para mim? Oh, Deus, vou passar o resto da vida agradecendo.

Eu me aproximo devagar, ainda sem acreditar nisso. Não a mereço, mas passarei todos os meus dias tentando ser a mulher que ela precisa e a mãe que nosso filho merece.

- Eu pensei que você... Como? - balbucio, minha voz embargada.

- E-eu não consegui... - gagueja, a voz trêmula. - Não consegui... - engasga. - Sou uma tola por não conseguir parar de te amar? - pergunta, parecendo tão destruída quanto eu estou. - Me diga, eu ainda sou tola por te amar tanto assim?

Eu respiro com força, a vontade de puxá-la para meus braços e nunca mais deixá-la sair me esmagando.

- Não, amor. Eu sou a única tola aqui. - embargo, emoção crua me enchendo.

Ela voltou para mim. Estendo a mão trêmula, tocando seu rosto emocionado.

- Oh, Deus, você é mesmo real. - choro, sem qualquer vergonha. - Eu te amo tanto, vida. - engasgo. - Acredite em mim, por favor.

E então eu a puxo pela cintura, soluçando alto, as lágrimas voltando a cair incessantemente. Encosto minha testa na sua e choramos as duas. Minha doce menina voltou para mim. Ela voltou. Obrigado, meu Deus!

Hoje... Aeroporto de Guarulhos...

Millie

- Eu sei que não mereço, mas, por favor, tente me ver como uma amiga, pelo menos. - Sadie parece completamente desolada.

Roguei a Deus para que ela não viesse porque sabia que seria doloroso demais. Quando a avistei vindo em minha direção, tão devastadoramente bonita em seu terno de três peças, parecendo também tão perdida, tão sofrida, eu só quis me encolher e chorar por mim, por nós, pela vida que nunca teremos juntas.

- Quero continuar sendo uma mãe presente para o nosso filho. Quero lhe dar todo amor que não tive enquanto crescia.

Tento me manter inalterada a todo custo. Mas é tão difícil. Meus Deus, por que ela veio até aqui? Desde ontem as minhas emoções estão em frangalhos. A conversa com Magnólia mexeu comigo profundamente.

- Eu vou te amar para sempre. - sussurra, os olhos glaciais cheios de tristeza.

Alguém pode fingir algo assim? Pergunto-me com raiva, tocada, mexida, mesmo contra a minha vontade. Duas lágrimas grossas rolam pela sua face.

- Meu coração sempre será seu, mesmo que nunca mais estejamos juntas.

Ela se debruça, beijando a cabecinha de Theo. Tocar nosso filho parece quebrar qualquer contenção e Sadie chora alto, atraindo cada vez mais atenção para nós. Oh, Deus, ela está chorando... Na frente de todo mundo. A mulher fria está chorando, tremendo na minha frente.

A DÍVIDA - SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora