capítulo 66

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Millie

- Você foi maravilhosa, amor. - ela sussurra, os olhos me encarando, suaves, enquanto as pontas dos dedos deslizam em minha face.

Eu derreto, meu coração aquecendo, ficando todo mole de tanto amor pela minha linda esposa.

- O pequeno Theo é forte e saudável, mesmo sendo apressado e vindo dois meses antes. - ela fala e eu rio, felicidade sem tamanho descendo sobre mim.

- Sadie... Meu amor.... - murmuro, embargada. - Obrigada por estar ao meu lado o tempo todo.

Ela sorri e se inclina, a boca morna tomando a minha em um beijo delicado. Sem línguas, apenas nossos lábios se acariciando devagar. Ela se afasta apenas um pouco, os olhos ainda fixos nos meus, os dedos acariciando meu cabelo com pura reverência.

- Não há outro lugar em que eu queira estar, bebê. - murmura.

Eu consigo ver a emoção em seus belos olhos azuis, brilhantes de lágrimas.

- Eu te amo tanto. - diz suavemente. - Você me fez uma mulher completa, Millie.

- Eu te amo. - sussurro, sentindo meu peito transbordar de tanto amor por ela, por nosso menino.

No entanto, algo me alerta que isso aqui não é real. É o meu subconsciente me pregando uma peça cruel.

- Minha menina perfeita... - Sadie dá um sorriso lindo que tira o meu fôlego e então começa a sumir.

- Não. - eu choro, chamando-a. - Sadie... Sadie...

Acordo, sobressaltada. Meu coração acelerado, lágrimas escorrendo em minha face. Gemo em desolação ao ver o teto branco do hospital. Era só um sonho. Como meu subconsciente pode ser tão cruel ao me fazer sonhar com o tipo de vida que nunca terei? Sadie não me ama. Sonhar com isso é doloroso demais. Inalo o ar, ainda posso sentir o seu cheiro. Ainda consigo sentir sua carícia em meu rosto e cabelo. Meu Deus, posso sentir o gosto da sua boca na minha. Parecia tão real.

No dia seguinte...

Minha atenção toda está sobre ele, o meu lindo menino.

- Ei, meu amor. - murmuro, minha voz embargando.

Toco sua cabecinha e a penugem rala. Ele abre um pouco os olhinhos de cor ainda indefinida, percebo. Enfia o punho na boca, fazendo um barulho suave de sucção. Ouço o riso baixo, cheio de orgulho de Sadie.

- Será que posso amamentá-lo? - questiono à enfermeira. Eu me preparei para esse momento durante os últimos meses.

- Claro! Deve. - ela assente. - Vou ajudá-la. - diz com presteza e começa a descer a alça da minha camisola.

Fico tensa quando meu seio direito é desnudo na presença de Sadie. Sei que o momento não é nada propício para fantasias sexuais. Além disso, devo estar parecendo um espantalho. Ai, Deus. Por que quero estar bonita para ela? Foda-se, Sadie Sink! Recrimino-me. A enfermeira segura a cabecinha de Theo enquanto eu introduzo o bico do meu seio na boquinha delicada. Então a sensação mais mágica do mundo me toma quando ele começa a sugar devagar.

- Oh, meu Deus... - eu choro, meu  coração repleto de amor por esse menininho. - Ele está mamando. - digo e levanto a vista, meus olhos encontrando Sadie fitando-nos.

Ela engole audivelmente, os olhos muito brilhantes enquanto observa o nosso filho se alimentando de mim, pela primeira vez. É uma expressão terna e ao mesmo tempo feroz, de posse.

- Ele é forte. Puxou à mãe. - sua voz é cheia de emoção e orgulho. - Posso? - pergunta, levantando o celular na mão.

Minha vontade é dizer não, mas decido continuar com a bandeira branca por Theo. Ele merece o amor de ambas as mães. Não importa quão cretina sua mãe tenha sido comigo, ele terá tudo. Volto a olhá-lo e acaricio sua cabecinha. Ouço vários flashes, só que não olho para cima em nenhum momento. Continuo conversando baixinho com meu filho.

A DÍVIDA - SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora