Você não me conhece

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Maraisa

Depois de brincar, desenhar, cantar e contar histórias para as crianças, decido ir embora.

– Vamos? – digo à Marilia depois de me despedir das crianças.

– Sim! – se limita a dizer.

Olho no relógio. Já eram 6 da tarde. Fiquei praticamente o dia todo com as crianças.

Sempre vinha visitá-las. Eu amava essas crianças. Todos podem não acreditar que uma garota mimada, fútil e vazia, como todos julgam ser, goste de estar entre pessoas simples. Mas eu realmente não importo. Eu amava estar ali.

Entro no carro e Marília faz o mesmo ainda em silêncio.

– Pode me levar direto para casa.

Ela apenas assente. Ela estava estranha.

– Marília? – ela me encara. – Você está bem? – arqueio a sobrancelha.

– Sim! – encolhe os ombros.

Franzo o cenho, mas dou de ombros e olho as luzes da cidade passarem rapidamente pela janela do carro.

— Não sabia que ia àquele orfanato. – diz quebrando o silêncio que se instalara.

Dou um sorriso de canto.

– Eu amo aquelas crianças!

Ela sorri e balança a cabeça negativamente.

– O que foi?

– É que eu não imaginava que uma garota como você ia à um lugar como aquele.

– Uma garota como eu? – arqueio a sobrancelha, cruzando os braços.

Ela dá de ombros e ri.

— Sim, tão... Mimada e egoísta.

Dou uma risada irônica.

– Você não me conhece, Marília Mendonça ! – digo e saio do carro quando ela estaciona em frente ao meu prédio.

Entro no meu apartamento e me jogo no sofá. Tiro meus sapatos, mas antes que eu possa fazer qualquer outra coisa, meu celular toca.

Reviro os olhos e o atendo sem ao menos ver de quem se tratava.

– Alô?

– Filha? – sorrio.

– Oi, pai!

– Como você está?

– Bem e o senhor?

Ele ri.

– Senhor não, minha filha! Não estou tão velho assim! – rio. – E como está lhe dando com Marília?

Reviro os olhos.

– Ela é uma idiota! – meu pai ri. – Por que contratou ela, uma mulher, pai?

– Ela é uma das melhores dos EUA, filha.

– Sei!

– Mas sabia que iriam se dar bem. – eu riviro o olho. – Você vai a festa dos Harpes, não é?

– Eu não sei, pai! Sabe que odeio festas e lugares cheios. – resmungo.

– Eu sei, filha, mas sabe que o senhor Harper conta com nossa presença.– suspiro.

– Tudo bem, pai! Eu vou!

– Certo! Lembre-se de levar Marília junto com você!

– Sério? – resmungo.

Meu porto seguro - Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora