Chapter Fifteen

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No dia seguinte à festa, minha cabeça parecia estar embaixo da água.

Eu nem sequer sabia onde estava, mas o lençol sob mim era quente demais para o meu corpo superaquecido.

Deslizei a cabeça para o lado, esfregando o rosto no tecido até encontrar um ponto mais gelado que pudesse me aliviar. Ao finalmente achar, suspirei e relaxei de novo.

Até que...

— Por que você está com a cabeça no meu travesseiro, hobbit?

Abri um olho. Vi várias mechas loiras. Abaixei o olhar lentamente até me deparar com Candice me encarando de forma entediada por baixo dos cílios cobertos de rímel apesar dos olhos sonolentos e da maquiagem borrada.

Não reconheci o quarto ou as paredes brancas decoradas com fotos quando levantei a cabeça o suficiente para olhar em volta. Não reconheci as cortinas claras ou o closet de portas abertas revelando várias roupas e casacos.

Me forcei a manter a calma.

— Onde eu estou?

— Na casa de Julie. Na cama dela. Olha pra trás.

Olhei. Os cabelos ruivos de Julie coloriam a fronha branca do travesseiro. Ela estava virada de costas e o cobertor havia deslizado até sua cintura durante a noite, mostrando que estava só de sutiã. O zumbido leve do aquecedor era quase inexistente, porém parecia contribuir para a minha dor de cabeça.

— Para de pensar — Candice grunhiu e voltou a deitar a cabeça no travesseiro, puxando-o para longe do meu alcance. — Você grudou em Julie em certo ponto da noite e disse que ela era sua amiga e que ela não podia abandonar você. Aí tivemos que te trazer pra cá.

Com um suspiro pesado, inspirei o cheiro limpo dos lençóis. O céu escuro continuava a despejar neve moderadamente, fazendo o quarto adquirir um tom tranquilo e sombreado.

— Minha mãe vai me matar. 

— Harry ligou para ela.

— Hum.

— Você nos impediu de transar, sabia? — ela não parecia realmente brava, só... ressentida. — E insistiu que queria dormir entre nós. Você ficou bêbado com duas cervejas, garoto. Precisa se controlar. Zayn queria levar você para casa, mas você ficava dizendo que Liam tinha o quarto preto da dor ou algo assim, sei lá. Uma completa loucura.

Soltei uma risada baixa ao mesmo tempo em que sentia o rubor se espalhar pelas minhas bochechas com uma ardência que me fazia sentir grato por não lembrar da noite anterior. Candice também riu antes de virar de costas, fazendo seu cabelo quase entrar na minha boca.

— Dorme. Depois conversamos. Obedeci.

Na próxima vez que acordei, foi por causa dos dedos correndo pelos meus cabelos e voltando, bagunçando, acariciando devagar e me fazendo suspirar baixinho.

Minha mente enevoada nem se deu conta de que eu realmente precisava saber quem estava me tocando, mas eu me senti seguro e confortável. Protegido.

Por isso, só abri os olhos quando ouvi a voz de Harry. Os dedos nos meus cabelos eram dele, que estava sentado na beira da cama de Julie, próximo a mim. Eu estava espalhado no colchão e enrolado no cobertor, abraçando um travesseiro que não fazia a mínima ideia de quem era.

Candice estava sentada numa poltrona e Julie, esparramada no chão, vestida com um conjunto de moletom lilás.

Ninguém percebeu que eu já havia acordado. Fiquei quietinho.

— Não acredito que você está usando essa de amigo pra cima dele — Julie disse, soando exasperada. Continuava olhando para o teto. — Você sabe que não vai funcionar, Harry.

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