Chapter Eight

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As duas somente notaram minha presença segundos depois, enquanto eu travava uma batalha interna ponderando se deveria entrar e passar pela cozinha como se não tivesse visto nada ou se deveria ir até o centro do jardim e pedir para alienígenas me abduzirem porque, puta merda!, minha vida estava parecendo um filme adolescente mal produzido com dramas improváveis.

Julie foi a primeira a perceber e ouvir o ruído que um copo de vidro fez quando dei um passo falso para o lado e esbarrei a mão na pia. As duas pareciam meio altas ou bêbadas, mas os olhos arregalados em surpresa quando me viram estavam extremamente ativos.

— Porra. — Julie sussurrou e abaixou a saia, que eu nem percebi que estava erguida. — Que merda, cacete. Só me fodo. Espere aí, Candie.

Ela desceu do balcão e parou em minha frente, puxando meu pulso e me tirando da inércia com brutalidade, começando a arrastar meu corpo ainda mole por causa dos beijos de Harry. Não deixei de sentir medo do olhar mortal de Candice para cima de mim; aquela garota teria um futuro extraordinário em alguma série de suspense.

As unhas de Julie estavam machucando meu pulso, mas não me atrevi a falar algo. Ela me levou até a sala. Harry estava no mesmo lugar, sentado na poltrona do canto com os lábios inchados e os cachos meio desgrenhados; minha boca ficou seca apenas com o pensamento de que eu fui o único a causar aquela aparência largada. Senti um pouquinho de orgulho, embora soubesse que meu cabelo estava da mesma forma.

— Louis? — Zayn se levantou e entregou o prato com pizza a Liam, aproximando-se de mim. — Por que sua boca tá assim? Você fez aquele desafio Kylie Jenner com a garrafinha de água?

Julie se virou para mim, encarando minha boca atentamente. Sua ficha caiu.

— Vocês estavam se beijando, não estavam? — ela mais disse do que perguntou. Havia um tom oculto de riso na sua voz. — Finalmente. — Ergueu a voz. — Harry. Estou esperando por você no quarto de hóspedes. Um minuto.

Ela não pediu licença a Liam ou me deu tempo para avisar Zayn do que estava acontecendo. Deus! Nem eu mesmo sabia.

Deixamos todos para trás e eu a acompanhei pelos degraus, alcançando o segundo andar. Ela me guiou pelo corredor com a confiança de quem conhecia cada cômodo, dando passos certeiros e caminhando com as costas eretas, os cabelos ruivos balançando; os dedos ainda pareciam garras em volta do meu pulso.

— Perdão, sem querer incomodar, mas... O que está acontecendo? — Você vai saber. Paciência, Tomlinson.

Nós entramos em um quarto e ela me indicou a cama para sentar. A decoração do quarto oscilava entre paletas de cores claras e tons de bege. A colcha embaixo de mim era macia e tão convidativa... Quase acabei me deitando e hibernando ali mesmo para não enfrentar o que viria pela frente. Infelizmente, tinha assuntos a tratar e coisas para descobrir.

Quem faltava passou pela porta segundos depois e a fechou atrás de si silenciosamente, trancando. Harry respirou fundo antes de me olhar, oferecendo-me um sorriso tranquilizador e calmo. Era tudo o que eu precisava para saber que não seria a oferenda de um ritual satânico das Cheerleaders. Eu acho.

— O que houve? — ele questionou, enfiando as mãos nos bolsos do casaco. — Por que Louis está aqui?

— Corta essa. Vocês se pegaram, é óbvio. E ele me viu beijando Candice na cozinha.

Sua expressão estável desabou.

— Ah.

— É. Ah. O que vamos fazer com ele?

Tentei me levantar da cama, mas Julie colocou uma mão firme no meu ombro e me fez sentar de novo.

— Olha, eu não sei o que está acontecendo, mas estou bem confuso. Não me matem. Ainda tenho saliva do Harry na boca e a polícia forense vai saber que nos beijamos quando for investigar minha morte.

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