Chapter Three

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Larry ganhou de Ziam nas partidas de boliche, mas perdeu em questão de interação.

Após a quarta rodada, comecei a me perguntar se Harry havia terminado com a namorada. Somente isso poderia dizer o porquê de ele estar sendo totalmente amargo com a vida e com o mundo em volta dele. Não que ele tenha dito ou feito algo fulminante, mas somente o seu silêncio era o suficiente para me deixar desconfortável. Não dissemos mais nada um ao outro pelo resto da noite.

Recebemos um pequeno troféu feito de chocolate pela vitória e dividimos o doce no banco traseiro da BMW de Liam. O aquecedor foi um bom prêmio de consolação para os meus pés congelados por ter ficado descalço, além das nossas mãos se esbarrando vez ou outra acidentalmente.

— Posso dormir na sua casa hoje? — Zayn encaixou o rosto entre os dois bancos da frente. — Se não tiver problema.

Enfiei o resto do KitKat na boca e acenei com a cabeça, sorrindo e tendo certeza de que tinha chocolate até mesmo na minha testa. Malik voltou a endireitar a postura e eu continuei comendo mais chocolate para fingir que o azedume de Styles não estava travado na minha garganta.

Payne estacionou o carro em frente à minha casa e esperei que ele recebesse um beijo demorado de Zayn na bochecha para só então agradecer pela carona e pela noite. Quando decidi que ser educado seria uma boa conduta, prestes a também dar boa noite a Harry, percebi que ele ainda estava escrevendo no celular entre suas mãos gigantes. Por isso, ele ficou sem boa noite e eu fiquei aliviado porque não sabia se conseguiria realmente me despedir.

Zayn e eu entramos em casa silenciosamente, as pontas dos tênis fazendo ruídos mínimos no chão. A televisão estava desligada e a bolsa de Jay não estava em cima do balcão, o que só podia significar que ela estava negociando obras com algum museu para a exposição que vinha falando há semanas. Mandei uma mensagem a ela perguntando se estava tudo bem e recebi quatro emojis sorridentes como resposta; deduzi como um sim.

Zayn pendurou o casaco pesado no pequeno cabideiro pregado na parede. Embora não fosse sua casa, ele agia como se conhecesse cada metro quadrado dali. E provavelmente conhecia. Ele era filho do maior empresário do ramo farmacêutico de Londres e da maior advogada criminalista, e mesmo assim agia como se tivesse o mesmo tanto de dinheiro que a minha família; nem um centavo a mais.

Chequei se Lottie estava bem e acendi o abajur ao lado de sua cama, cobrindo-a com o edredom que já estava esparramado em volta do seu corpo. Voltei ao quarto quando Zayn já estava tirando os tênis e os óculos, um sorriso bobo nos lábios.

— O que foi? — Tranquei a porta e também me sentei na cama, tirando o Converse. — Está tudo bem?

— Sim. Eu... — Tirou a blusa de moletom antes de cair de costas no colchão, cobrindo o rosto com as mãos, embora eu ainda conseguisse ver seu sorriso e o leve tom vermelho colorindo o pescoço. — Liam quer marcar outro encontro. Outro!

Tirei o casaco jeans e o deixei no chão, escalando na cama até me encaixar na lateral do corpo quente do meu amigo, abraçando-o de lado.

— Ele é rápido. — Eu murmurei contra sua camiseta com cheiro de perfume caro. — Vocês se beijaram?

Sua risada tímida e doce ecoou pelo quarto. Eu estava considerando a possibilidade de gravá-la para colocar como despertador.

— Não. Digo... Só um beijo pequeno. Mas nem foi tanta coisa porque Harry estava meio... Estressado. Acabou cortando o clima. Ou ao menos foi o que pareceu.

Ergui a cabeça tão rápido que meu pescoço quase deslocou com o movimento.

— Você sabe por que ele estava daquele jeito?

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