Chapter Twenty Three

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"Softness is not weakness. It takes courage to stay delicate in a world this cruel."

Vou para Nova York mais cedo do que o planejado.

A cidade ainda é a explosão de cores e vivacidade que sempre foi, e ainda guarda todos os segredos de alguns nova-iorquinos que estão no auge de suas vidas e outros que estão no degrau mais baixo. Ainda é a grande metrópole repleta de ruas cinzentas, porém energicamente gritantes, que misturam os carros e encantam a todos que reservam uma parcela do tempo para fechar os olhos em êxtase, abrir a janela do carro por alguns segundos e sentir o vento no rosto.

Pela segunda vez conhecendo a cidade, não me rendo às magias bem em frente aos meus olhos ou colo o rosto ao vidro para observar atentamente cada centímetro das calçadas que pulsam tão energicamente quanto o meu coração nos últimos dias, nas últimas horas. Em vez disso, encolho-me no banco traseiro e escuro da SUV mandada por Mark, entrelaço os dedos sobre as coxas e... espero.

O trajeto parece demorar mais que o normal, intensificado pela minha ansiedade, mas assim que reconheço os arredores estranhamente familiares da Quinta Avenida, pego o celular do bolso e mando uma mensagem a Jay para que ela saiba que estou seguro. Jay e Lottie sabem o motivo de eu ter vindo mais cedo para os Estados Unidos, e se certificaram de que não era uma brincadeira de mau gosto de Fizzy; embora elas mesmas estivessem atônitas.

Não contei a Julie, Candice, Zayn ou Liam. Não até ter certeza do que está acontecendo de forma definitiva e matar a ponta de esperança no meu peito acesa com uma faísca de hesitação. Ou... acendê-la ainda mais.

Quando a BMW estaciona em frente ao majestoso prédio na Quinta Avenida, o motorista pega minhas duas malas menores para que eu carregue a terceira junto com a mochila sobre meu ombro. O porteiro e seguranças acenam a cabeça em minha direção com certa educação e rigidez que somente nova-iorquinos poderiam possuir, e algo me diz que eles sabem bem de quem sou filho; o que faz meu estômago embrulhar. Partimos em direção ao corredor dos elevadores.

Deparo-me com Felicite assim que as portas do elevador finalmente abrem no último andar. Ela sorri de forma hesitante, e ergue a mão para acenar; como sempre fez, sabendo exatamente como eu reagiria a toques ou a abraços.

— Oi — diz em um tom de voz normal, o timbre suave ecoando pelo corredor infiltrado pela luz do dia vinda de dentro da cobertura. — Que bom que–

Interrompo-a ao me aproximar, respirar fundo e, ainda que desajeitadamente, passar os braços em volta do seu corpo. Felicite permanece parada por um instante, os braços ao lado dos quadris e a respiração engatada.

Quando toda a minha insegura ameaça emergir e colocar com firmeza dentro da minha cabeça que foi uma má ideia, sinto dois braços envolverem minha cintura e os lábios curvados em um sorriso pressionarem meu ombro.

— Oi, Lou — ela sussurra. — Vamos colocar suas malas no quarto.

— Oi, Fizzy.

É a primeira vez que utilizo o apelido. Ela ri baixinho, em puro êxtase e felicidade, e nosso abraço fica um pouquinho mais apertado.

— Eu estava voltando da casa de uma amiga — Felicite murmura, os olhos fixos às mãos que estão em volta de um longo copo de cristal cheio de água.

— Sempre passo por aquela área para chegar à entrada do metrô, que é próxima de Manhattan, mas não tão próxima para ser considerada parte do bairro, sabe? Tem umas lojinhas pequenas, coisas que vendem CDs clássicos e relíquias e–

— Felicite — sentado no amplo sofá da sala, inclino-me à frente e me esforço para que o desespero não transpareça nas pequenas ações, embora minha garganta seca me faça pensar que desespero já deve ser meu nome do meio. — Por favor, direto ao ponto. Por favor...

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