_ Black-out _

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02/02/22

~ Cohen

"Acontece" do Jão tocava na minha JBL.
A música ecoa pelo quarto e eu acordo do meu sono não tão profundo.

"tenho que levantar" é a única coisa decente que consigo me concentrar agora.
Eu olho pela janela, está escuro..

- QUE HORAS SÃO?! - Eu grito.
Logo depois coloco a mão na boca.
Rápido eu realizo que meu pai não está em casa, e os vizinhos de baixo não vão conseguir ouvir. Eu tiro a mão da boca me sentindo um idiota

De rabo de olho eu avisto para minha mesinha de cabeceira, meu alarme está ali em cima. Ele é uma das poucas coisas que ilumina o quarto, junto com meu abajur e minhas fitas de led, que agora brilham em tons de roxo.
2:36 ele marca em um tô de led, também roxo.

Eu tomo impulso e me sento na cama, tudo está girando e o frio que vem da janela e da varanda é forte, tenho vontade de deitar novamente..

Eu estava quase me rendendo ao sono, mas uma coisa me impede, o frio da janela está acompanhado de fortes gotas d'água

- PUTA MERDA - Eu gritei, mas dessa vez sem preocupação com o barulho. Meu quarto já está bem molhado, junto com minhas roupas de cama. Eu levanto rapidamente e fecho a janela e as portas da varanda.

Dou uma respirada funda. Minha cabeça tá doendo. Eu olho pro chão e vejo as duas garrafas de bebida que virei ontem.

Eu prendo meu cabelo e me jogo na cadeira que fica em frente a minha bancada, onde fica meu computador. Eu dou outra respirada forte.
Eu pisco lentamente e dou uma olhada no meu quarto. Tá um caos..

Uso a cadeira, que glória a Deus tem rodinhas, para me arrastar até minha mesa de cabeceira onde ficam duas gavetas. Abro a segunda gaveta, pego uma cartela de remédio, destaco dois comprimidos, coloco na boca e... não tem água

Eu olho para as garrafas no chão, penso, repenso, penso de novo...
Eu pego uma delas viro o último gole.
Queima pra cacete..

Eu alcanço meu sueter favorito, que no momento está no pé da minha cama, e visto bem rápido. Me levanto calmamente e ando até meu banheiro com as garrafas nas mãos e as coloco na pia.

Me olho no espelho, minhas olheiras estão mais profundas que a fossa das marianas. A dor se esvai aos poucos. Eu pego minha escova de dentes coloco pasta e decido que preciso começar a procurar meu rumo.

Enquanto escovo meus dentes eu começo a arrumar meu quarto. Coloco as roupas sujas no cesto de roupa suja. Arrumo minha cama.

Eu cuspo a pasta na pia e depois eu alcanço uma vassoura que fica atrás da porta do banheiro. Passo ela por todo o quarto e junto toda sujeira na minha lixeira do banheiro.

- Talvez eu devesse tomar uma
banho - Eu digo pra mim mesmo. Eu dou uma cheirada em baixo do meu braço...
- Banho, sim, melhor ideia, banho. - digo já tirando minha roupa e ligando o chuveiro.

Já estou com um pé dentro do box quando eu lembro da toalha. Eu rapidamente corro até um armário que fica em cima do meu computador e abro uma de suas porta, em fim alcançando uma toalha e a puxando para baixo. Eu a enrolo no meu corpo e fecho o armário rapidamente.

Me viro para entrar no banheiro novamente, mas paro quando uma coisa me chama a atenção, um barulho levemente alto vindo da casa da frente.

Eu me aproximo, devagar, como se estivesse fazendo alguma coisa errada, mesmo estando no meu próprio quarto.
Mais um barulho alto, mas dessa vez eu já estou olhando pela janela em busca de respostas, o que infelizmente não obtenho.

Recomeço, cinerarias e acordes refeitos Onde histórias criam vida. Descubra agora