_ Colegas ruins _

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3/02/22

~ Cevero

Eu chego no ponto junto com o César e o engomadinho já está lá. O nosso vizinho está lá também, sei disso porquê o Cesinha veio falando o caminho todo sobre sua aparência. Boiola.

Eu chego correndo e fico parado olhando em volta para ver se reconheço mais alguém novo, o que aparentemente não acontece.

Eu sinto uma sensação de estar sendo observado. Quando olho para o lado Dante está me observando com um sorrisinho. Tem alguma coisa na minha cara? Eu passo a mão no rosto para limpar qualquer coisa que possa estar nela. Garoto estranho, ficar encarando os outros.

Eu nem tava afim de encher o saco dele, mas agora eu vou. Ninguém mandou ficar me encarando com a quele sorrisinho. Esse sorrisinho me deixa... maluco, eu ainda arranco ele dessa cara.

- Perdeu alguma coisa, querido?- Eu falo com sarcasmo. Ele para de me encarar. - Cuidado, vai gamar em mim, Gaspar.. - Digo dando uma risadinha. Sei que ele odeia que eu o chame de Gaspar.

- Não fode, Arthur. - Ele fala seco.
- Não estou em um bom dia para aturar você, ok? - Eu abro um grade sorriso.

Hoje mais cedo quando estava olhando o Instagram eu vi a nova publicação do Tristan. Era a bea, irmã mais nova do Dante, que está no primeiro ano, e que aparentemente é a nova namorada do Tristan. Todo mundo sabe, o Gaspar nunca gostou do Tristan, mesmo eles sendo representante e vice-representante de sala a anos.

- Então a bea te contou? - Eu digo sorrindo mais ainda. - Do que você tá falando? - Ele pergunta franzindo o rosto

- Disso aqui. - eu digo me aproximando um pouco mais e o mostro o post no insta privado do Tristan. O rosto dele começa a ficar vermelho. É hoje que o Tristan morre.

Antes que eu continuasse a mexer com ele alguém esbarra em mim fazendo com que eu esbarre nele.

- Não. Me. Rela. - Ele fala fazendo drama. - Você vai passar seus germes para mim, delinquentezinho.- O que essa patricinha disse?

- "Delinquentezinho", acho que você tá se confundindo, esse é o seu cunhadinho. - Eu não vou deixar barato. - SUJO? EU? O seboso engomadinho aqui é você, cabelo lambido. - Ele quer me matar agora.

- O que você falou do meu cabelo? - Antes que a gente pudesse continuar o ônibus chega e todos começam a se amontoar para entrar. Parece que a vida deles depende de entrar no ônibus, eu odeio essa parte, parece que eu tô em alguma prova do BBB.

Acabo que eu, Dante e Cesinha ficamos em pé, um do lado do outro. Eu não acredito que eu vou ter que ficar 25 minutos em pé do lado dele. Que raiva.

Ele acha que é quem? A última bolacha do pacote? a Fátima Bernardes? A Xuxa? Inacreditável. "Delinquentezinho", ele que é perfeitinho de mais. Ele acha que EU sou sujo? Ele que não lava aquele cabelo ceboso.

Eu dou um chutinho na perna dele, quero ver se ele vai falar alguma coisa. Ele não fala nada. Ele ajeita o óculos, só faz isso quando está estressado. Eu dou um sorriso sabendo que eu mexi com ele.

Antes que eu possa chutar ele novamente sinto um impulso me desequilibrando. Eu fechei os olhos para me preparar para cair de cara no chão, mas eu não caio. Sinto alguém me segurando pela cintura, quando abro os olhos vejo Dante.

Deus, ele me segura com força e vejo alguns fios de cabelo loiro estão em meu rosto. O cabelo dele não parece tão ceboso de perto. Ele não parece tão engomadinho quando astá a centímetros do meu rosto. Ok..

Os olhos dele encontram os meus, acho que não vou conseguir sair dessa, não enquanto existir. De perto assim ele até que é bem bonito, muito bonito...
Eu simplesmente não consigo me mexer.

Recomeço, cinerarias e acordes refeitos Onde histórias criam vida. Descubra agora