_ Melodia _

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04/02/22

~ Cohen

  Meu deus, eu nunca quis tanto que alguém parasse de falar. Deus, oque eu fiz pra' merecer isso? Preferia tomar um shot de veneno e passar o dia em uma aula de matemática.

  Eles não param, meu Deus...
Não sabia que uma carinha tão bonita conseguiria me irritar tanto. Fazem 20 minutos que ele é meu pai estão conversando sobre os filmes que meu querido papai fez.

— Joui, a gente tem um trabalho inteiro pra' fazer. Vamos? — Pergunto querendo sair dessa situação. — Claro, claro.— Meu pai diz levantando da cadeira. — Eu tenho que ir pra' academia. Vejo vocês mais tarde. — Ele pega uma bolsa que estava em cima do balcão e desce as escadas.

— Vamos? — Joui me pergunta enquanto anda em direção a meu quarto, eu o sigo. — Seu pai é muito legal, você não tem ideia de quão sortudo é... — Diz se perdendo em pensamentos, Consigo ver sua mente vagando por alguma coisa que faz seu sorriso ir embora.

  Eu ainda penso nos gritos que eu ouvi vindo da casa dele, Também me lembro da cena dele chorando por um longo tempo. A garota na janela..

— Você tem irmã? — Pergunto no impulso. Jouki volta a realidade.
— Tenho, tenho sim... — Responde ainda meio atordoado. — Por que? — Pergunta. — Eu vi uma garota na janela da sua casa esses tempo, ela parecia meio nova pra' ser sua mãe. — Digo andando em direção a minha cama. "Ata" Ele responde rápido.

  Me sento ao seu lado. Acho que ele não gosta muito de falar da família, eu também não gosto. Será que ele se dá bem com ela?...
Não importa.

  Será que ele já viu o insta da escola? Se ele tiver visto ele já sabe da minha mãe... será que ele sabe de mim?...

— Você já segue o insta da escola? — Realmente espero que não. — Sim..—
Ele me olha como se não quisesse falar sobre. Mas eu tenho que sanar minha dúvida.— Então você já viu? — Não consigo esconder a tristeza na minha voz.

— O post? Vi sim... — Ele respira fundo. Mesmo que ele já saiba, não quero que ele veja o post. Não gosto de lembrar. — O que fizeram com aquele garoto é muito ruim. Fico triste por ele. —  Ele respira fundo novamente. Acho que ele não sabe do que eu estou falando. Um peso sai das minhas costas.

— Sim.. — Respondo, passando o olhos por todo quarto, Sinto meu telefone vibrar, era Arthur. "Mãe fez biscoito, tô levando eles aí." seguido de um "Botem a roupa." apareceram na minha tela. Nego com a cabeça. Arthur é meio sem noção as vezes.

— Você toca? — Joui pergunta  olhando para minha guitarra. Ela está no canto do meu quarto. — As vezes.... — Ele parece se animar. — Mas eu não sou muito bom e- — joui me corta antes de poder terminar a frase

— Toca pra' mim? Por favor. — Ele diz muito animado. — Por favor, Eu te faço qualquer coisa. — Insiste. — Eu te dou qualquer coisa, Só toca uma pra' mim. — Eu dou uma risa. Tenho certeza de que ele ainda não aprendeu muito dessa parte da língua. Meu deus, não vai ser eu que vou explicar isso para ele.

— POR FAVOR, POR FAVOR,
POR FAVOR. —  Ele se levanta e fica parado na minha frente, Ele junta as mãos como se fosse implorar. — É a única coisa que eu te peço. Por favor César-kun, toca uma pra' mim. Por favor...— Deus. Meu rosto está pegando fogo. Se eu só tocar uma música minha tortura acaba, não tem como piorar, certo?

  Ouço uma risada. Arthur está parado na porta do meu querto rindo muito, muito mesmo. Alguém me mata. Eu quero morrer de morte matada, por favor..
— Isso sim é implorar por' pica. — Ele ri da própria piada. Só piora.

Recomeço, cinerarias e acordes refeitos Onde histórias criam vida. Descubra agora