_ Sentimentos complementares _

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05/02/22

~ Cevero

Agora são 07:00 e eu estou pensando se vou dar "bom dia" pro' Dante no ônibus, patético. Eu sou meio patético, o Dante também é bem patético, e bonitinho...
Mas patético.

— Termina de tomar o café logo, daqui a pouco o César vai descer e vocês vão pro' ponto. — Minha mãe diz. Nem sequer tinha reparado que estava encarando o armário enquanto meu café esfriava aos poucos.

— Claro, claro... — Viro a caneca de café de uma vez  — Estava pensando em quem? — Ela pergunta — Ninguém, só viajando. — Eu sei que ela não caiu nessa, mas tecnicamente eu não estava [pensando] em alguém.

— Orgulho da mamãe, vai
desencalhar.— Me sinto muito ofendido, Eu posso "desencalhar" a hora que eu quiser, ela que não sabe disso. — Primeiramente, eu não estou "encalhado" — Digo fazendo aspas com as mãos. Escuto ela sussurra um "sei".

— Segundo, você não pode apontar o dedo na cara de ninguém, não tem ninguém. Você tá solteira a literalmente, décadas. — Ela da uma gargalhada. — Será que não tenho? — Oi? Como assim? Eu mato ele, minha Ivete. Não gosto de urubus perto da minha rainha.

— Como é a história? — Pergunto com cara de espanto, ela dá uma gargalhada alta. — Vamos Arthur, já estamos atrasados.— César desce as escadas correndo com uma torrada na boca. Eu pego minhas coisas e dou um beijo na testa da Ivete, cesar faz o mesmo. Vestimos os sapatos e saímos de casa.

— por quê que você tá com essa cara? — Cesinha pergunta — Mamãe tá namorando... — Ele faz a mesma cara de espanto. — Oi?! — Ele responde rápido. — Quem se atreve a cometer tal ato de burrice achando que está a altura da nossa deusa? —  Diz indignado. — Não sei ainda, mas vou descobrir. — Falo completamente determinado. Quem esse parasita acha que é?

— Mudando de assunto, como foi ontem? — Pergunto, dando uma risadinha no final da frase. — Foi bem legal, acho que estou pronto pra' voltar a tocar... — Ele diz com um ar de riso. — Isso é incrível, fico muito feliz por você. — Abro um grande sorriso. É bom ver ele voltando a vida depois de tanto tempo.

— Mas e você, como foi nos Portinari ontem? — César muda de assunto.
— Suportável. — Minto. Ele da uma risada, ele sabe que eu gostei. — Para de graça, você mente muito mal. — Ele debocha.

— Ok, ok, Foi legal. Sabia que o Dante curte os Dragões metálicos? — Pergunto. — O Dante G. Portinari? Me poupe, não acredito. — Diz seco — Eu juro, também não esperava mas ele é apaixonado. — Respondo dando risada

O resto do caminho foi assim, conversamos cada segundo até chegar na escola, na escola a aula seguiu normalmente, eu e o Dante não nos falamos, sabe, é bom saber que tem uma pessoa a menos que me odeia.

Uma coisa que eu ainda não entendi, foi o porquê dele nem me dar bom dia. Tipo, a gente nunca foi amigo, e não é agora também, mas eu achei que a gente era pelo menos colegas ou sei lá..
Mas isso não me importa muito, de qualquer forma ele vai ter que ir lá em casa hoje.

O tempo passou voando e agora estamos no intervalo, todos sentados em volta de uma mesa, Thiago e Liz estão discutindo sobre alguma coisa que eu não vou perder meu tempo tentando entender. Cassiano, Hugo e César estão falando sobre Força G.

Agatha está digitando alguma coisa muito rápido no telefone enquanto duda tenta espiar oque a garota escreve. Joui está só assistindo Thiago e Liz brigarem, Acho legal que o garoto novo fez amigos, mas a Liz e o Thiago não são as melhores influências.

Sinto alguém me observando, olho em volta e não vejo ninguém, mas essa sensação não vai embora. Alguns minutos se passam e eu sinto vontade de ir ao banheiro, me levanto e vou. A essa hora o banheiro que fica perto do refeitório deve estar muito cheio, então decido ir no do campo de futebol, lá é calmo e tem uma certa pessoa que espero encontrar lá.

Recomeço, cinerarias e acordes refeitos Onde histórias criam vida. Descubra agora