_ Droga, Arthur _

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11/02/22

~ Gaspar

- A gente está na última aula, se você quiser parar de me incomodar, eu vou agradecer bastante, peste. - Digo pra' Arthur, que agora parece bem bravo. Ele não diz nada, apenas da um chute leve da parte de trás do meu joelho. Eu ainda vou esganar ele.

- Olha só, se você encostar em mim outra vez, eu vou fazer da sua vida um inferno. - Digo alto e sério. - E só eu e você sabemos o quão bom eu sou nisso.- Digo essa outra parte com rispidez na voz, mas bem baixo, só quero que ele escute.

- Estudar com você já é minha pior tortura. - Ele exclama alto, e antes que eu possa perceber ele me deu uma bolada muito forte na cara.

O professor chega bem a tempo de ver essa cena e nos tira de quadra, maldito seja Arthur Cevero. Me afasto um pouco do resto da minha equipe, já Arthur passa bufando para o vestiário.

Ando lentamente até o vestiário também, consigo ver algumas meninas se humilhando para o professor me colocar de volta no jogo. Agora, mesmo que ele me pedisse, eu não voltava.

Será que nenhuma delas percebem o quanto isso me incomoda? É horrível, todo dia tem gente me seguindo ou pedindo pra' sair comigo.

Essa pessoas tinham parado quando a Jasmin morreu, mas eu acho que elas já desistiram de manter espaço ou respeito. Eu nunca vou ficar com nenhuma delas, eu sei que não vou conseguir depois da jasmin. Ainda não...

Entro no vestiário, Não vejo Arthur. O que esse idiota tem na cabeça? Ele me provocou o dia inteiro. Acho que ele cortou minha boca, eu to' sentindo gosto de sangue.

Vou até uma das cabines tirar esse uniforme de educação física, agradeço a escola por ter dois tipos de uniforme, mas poderia ter feito um ajeitadinho, os dois são bem feios.

Eu e o Arthur tínhamos combinado de que não iríamos mudar nada na nossa convivência na escola, principalmente porquê a gente vem se dando muito bem nas aulas de guitarra, a gente já fez umas duas até hoje. A primeira aula foi na segunda e a outra na quarta.

Acho que ele esta levando isso muito a sério, mas de qualquer maneira, acho que é melhor para manter minha reputação.

Aproveito e tomo uma ducha rápida, odeio suor. Visto minha roupa e me sento em um dos bancos do vestiário, Artur não apareceu até agora.

Ouço alguém vindo do corredor que liga o vestiário ao resto da escola, é Arthur. Ele vem andando e se senta no banco, ao meu lado, se virando de frente para mim.

Eu faço o mesmo e ele me estende um saco cheio de gelo e um pano. Eu pego e coloco sobre minha bochecha, que no momento estava bem dolorida.

- Você nem se deu o trabalho de ir na enfermaria? - Digo com um tom leve, ele da um sorriso. - Você só foi até o refeitório, né? - Ele desvia o olhar do meu. - Cala a boca, Gaspar. -

- Eu vou, você cortou meu lábio, tá ardendo bastante, sabia? - Ele volta a olhar para mim. - É bom que eu vou ter uma pausa da sua voz irritante. - Diz entre risadas.

Eu pego um dos cubos gelos que estava no saco e jogo nele. - Cala a boca, merdinha. - Nós dois caímos na risada.

Ele respira fundo e se aproxima de mim, se arrasta no banco até estar bem perto de mim e cutuca minha coxa de leve. - Me desculpa, eu não queria ter te machucado... - Ele diz baixo e em um tom diferente do cotidiano, não é brincalhão ou algo do tipo, ele parece realmente se sentir culpado.

Ele coloca sua mão do meu lado.
- Relaxa, não precisa se preocupar, Arthur. - Coloco minha mão sobre a dele, e ele que olhava para baixo, sobe o olhar para meus olhos.

Recomeço, cinerarias e acordes refeitos Onde histórias criam vida. Descubra agora