Elephant Love Medley

Losing My Mind

Demorei (de novo), mas voltei.

A música dessa vez é de Follies, mais um musical do Sondheim.

As partes em itálico são flashbacks. Eu espero que vocês gostem.

Boa leitura!
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The sun comes up,
I think about you.
The coffee cup,
I think about you.
I want you so,
It's like I'm losing my mind.
The morning ends,
I think about you.
I talk to friends,
I think about you.
And do they know?
It's like I'm losing my mind.

O sol nasce
Eu penso em você
A xícara de café
Eu penso em você
Eu te quero tanto
É como se eu estivesse enlouquecendo
A manhã acaba
Eu penso em você
Eu converso com amigos
Eu penso em você
E eles sabem?
Que é como se eu estivesse enlouquecendo

Gabriela esperou por uma ligação. Uma mensagem. Ela pensava até que Sheilla poderia aparecer em sua porta às quatro da manhã dizendo que a perdoava e que não queria ter dito nada daquilo. Ela passou a primeira noite quase toda em claro, mas tudo que recebeu na manhã seguinte foi um dia inteiro com sono e uma dor terrível nas costas.

E a ansiedade para encontrar com Sheilla no teatro.

No teatro, teve que se conformar com um "boa tarde" automático, daqueles que se usa para cumprimentar colegas de trabalho com quem não se tem muito contato.

Gabriela pensou em falar com a mulher no primeiro dia, mas foi impedida por uma mensagem de Thaísa que dizia que a mais velha precisava de um espaço. Elas foram profissionais o suficiente para entregar um bom show. Para Gabriela, porém, não parecia mais tão fantástico como costumava ser.

No segundo e terceiro dias, o mesmo tratamento. Elas se beijavam em cena, mas não era de verdade.

A cantora chegou no teatro na sexta-feira disposta a tomar alguma atitude. Três dias já era tempo o suficiente. Quando cruzou em seu camarim para deixar suas coisas, ela não pensou que a visão de dois objetos em uma mesa iriam machucar tanto.

Ela ainda não havia mandado ninguém buscar suas coisas na casa de Sheilla. E não pretendia fazê-lo. Até aquele momento, a situação parecia totalmente reversível. Olhando para a chave do apartamento em L.A e o anel que havia entregue para a mais velha há menos de uma semana, todavia, ela começou a duvidar.

Parecia uma resposta formal para tudo que Sheilla já havia dito alguns dias antes. Gabriela não poderia passar a noite hoje. Ela não poderia passar a noite nunca mais. Porque aparentemente elas não tinham mais nada.

A cantora segurava os dois objetos com força quando cruzou a porta do camarim da mais velha, sem se importar com a maquiadora que caminhava na mesma direção. Sheilla olhava alguma coisa no celular, e provavelmente não pensou que era ela a entrar tão abruptamente, já que não proferiu nenhuma palavra cruel ou ao menos levantou o olhar.

— A chave eu até entendo, mas você não precisava de ter devolvido a aliança. — Disse Gabriela, parada no centro do cômodo.

Sheilla finalmente levantou a cabeça, não escondendo a surpresa com a presença da outra ali. Até aquele momento a mais nova estava respeitando seu espaço.

— Eu acho que você errou a porta. Seu camarim fica à esquerda. Tem seu nome na frente. — Respondeu ela, o tom ríspido evidente na voz. — Ele também é um pouco maior que os outros porque os produtores acham que você é mais importante que todo mundo.

— Eu não errei a porta. — Rebateu Gabriela, sem se abalar com a falta de receptividade. — Sempre fiquei aqui antes das apresentações. Há uma semana atrás você estaria reclamando se eu não ficasse, na verdade.