Summer Lovin' - Joseph Quinn

2. Pagando a Língua

Positano é uma cidade na costa amalfiana da Itália conhecida por suas belíssimas praias e point de férias dos europeus. Eu sonhava em conhecê-la desde os meus quinze anos de idade e foi a primeira cidade da lista da Italytrip e consequente nossa primeira parada. Fica a três horas de carro de Roma e se enfrenta um trânsito terrível para chegar até ela já que tem que passar por Nápoles, o terror de qualquer motorista. Mas valia a pena todo o transtorno quando se tem uma paisagem de tirar o fôlego à sua frente assim que se desce para o litoral da aldeia e passa por suas ruas charmosas e bem estreitas.

Rafa que estava como motorista desde que fizemos uma rápida parada em Nápoles solta um suspiro de admiração e eu o acompanho, acertamos muito em vir pra cá. Paramos em frente ao AirBnB que alugamos durante o período que íamos passar ali e assim que desço do carro estico meus braços para me alongar e os mantenho abertos com meus olhos fechados apenas aproveitando a brisa litorânea que nos recebe.

Fazemos o checkin, deixamos nossas malas e vamos em direção a alguma padaria para tomarmos um café da manhã, já que saímos muito cedo de Roma e não conseguimos achar algo em Nápoles. São nove horas da manhã e as ruas estão bem tranquilas, enquanto caminhamos vamos apenas observando a cidade e sentindo seu clima, meu estômago está roncando e a fome está começando a me deixar de mau humor. Achamos uma padaria bem simples, mas que exala um cheiro maravilhoso de pão e nos atrai para adentrar. 

Cumprimentamos o atendente e ficamos por uns minutos ali apenas olhando a vitrine e decidindo o que pedir. Escuto o barulho de mais gente entrando na padaria e conversas em vozes masculinas em inglês - britânico talvez - tomam o ambiente que antes estava silencioso. Rafa começa a fazer seu pedido num italiano impecável enquanto ainda estou em dúvida entre o croissant com creme de que parece ser de pistacchio e o panini de pesto e mozzarella.

-Bella, sai già cosa ordinare? - o atendente diz me tirando de minhas divagações e o olho confusa, porque eu não entendo muito italiano e ainda estou em processamento lento por ter acordado cedo. Rafa vendo minha situação traduz:

-Ele ta perguntando se você já sabe que vai pedir amiga - eu apenas assinto confirmando que sim e tento no maior embromation fazer meu pedido:

-El croissant sono de pistacchio? - digo com a maior cara lavada do mundo e o atendente me olha indignado com meu italiano enquanto Rafael gargalha do meu lado e o grupo de caras ao meu lado, que haviam entrado logo depois da gente na padaria, o acompanham com risadas mais discretas. Olho para eles de soslaio tentando ver quem eram.

-Non parla italiano? Sembra italiano! - o atendente diz chamando minha atenção e dessa vez entendo o que ele diz e dou uma risada. Penso um pouco no que vou responder e faço o gesto tradicional italiano com a mão enquanto falo:

-Io non parlo italiano perché non sono italiano! - digo com um tom de voz alto e escuto mais risadas ao meu lado, encaro descaradamente os donos da risadas e eles me parecem familiares. O cara que estava mais próximo parado ao meu lado esperando ser atendido é um pouco mais alto que eu, está de boné, tem um cavanhaque loiro bem aparada e os olhos castanhos mais bonitos que já vi na minha vida. Olho para ele indignada e digo em inglês:

-Você tá rindo de mim? Sério? Você fala italiano por um acaso? - digo meio cética porque ele não parecia ser um local e eu meu mau humor tinha tomado controle de minhas reações.

-Parlo molto meglio di te - abro a boca chocada com a resposta dele, em um italiano perfeito e o sotaque muito bom, e o encaro ainda sentindo que ele me era familiar. Ele sorri convencido para mim e seus amigos soltam risadas abafadas. Porra virei entretenimento de gringo. Desvio o olhar pro atendente que estava observando a nossa interação e também parecendo estar se divertindo com tudo aquilo, digo em inglês misturado com algumas palavras em italiano enquanto suspiro derrotada: