13. Caixinha de Pandora

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Há coisas sobre Joseph que tento não pensar muito ou analisar, como o fato de que ele usa samba canção. Para quem foi modelo da Calvin Klein na nova campanha de diversidade de corpos esse fato era para mim meio... broxante. Ele também é muito bagunceiro, do nível de largar roupas espalhadas pelo quarto e deixar o banheiro todo molhado após o banho já que não é comum ter box nos banheiros europeus e sim uma cortininha de plástico.

Por que eu estou dizendo isso? Porque eu preciso cair na real que o cara não é perfeito. Estamos em uma fase mais tranquila agora, o que antes era desespero para transar em qualquer oportunidade se tornou a demora para apreciar cada toque, beijar lentamente e desvendar mais sobre o corpo um do outro. E isso seria a nossa ruína.

Sair para correr de manhã sozinha estava sendo a oportunidade perfeita de abrir a caixinha de pandora de sentimentos inexplorados e entender o que estava se passando comigo, cheguei a conclusão nenhuma, mas serviu para racionalizar mais o que se passa entre Joe e eu.

Assim que finalizo meu exercício matinal vou direto para uma padaria próxima a nossa estadia, os pães tinham acabado de sair e o cheiro me atraiu. Passo em um mercado e compro mais algumas coisas para fazer um café da manhã caseiro alá estilo brasileiro, só faltava o pão de queijo.

Assim que chego na casa Ollo está saindo do quarto e com cara de quem acabou de acordar, tem um iPad nas mãos e parece entretido com ele. Eu o cumprimentei e ele apenas murmurou um bom dia e eu fui para a cozinha preparar a mesa pro café. Ollo vem e senta em uma cadeira e eu vejo que ele está editando as fotos de ontem, a foto é de Rafa e ele está posando com uma vista incrível de Cagliari logo atrás e eu solto um suspiro de inveja.

– O Rafa não vai mais te deixar em paz agora que sabe que você trouxe sua câmera, ele já tava pirado que você é fotógrafo, agora que descobriu que tem um fotógrafo com câmera profissional particular, se prepare – eu digo zoando com um fundo de verdade e ele me olha divertido.

– Eu percebi isso ontem quando ele começou a me arrastar para os lugares que queria foto, mas obrigado pelo aviso – ele diz debochado e continua com suas edições.

– Sabe você tá de férias, não precisa ficar editando essas fotos, deixa pra fazer isso quando a viagem acabar – eu digo e sinto um pesar ao pensar que o fim daquilo tudo estava próximo. Ele me olha curioso.

– Pra você vai acabar na próxima semana, eu e os meus mates ainda temos mais umas três semanas pela frente por aqui – ele diz e dá de ombros – e eu gosto disso, é meu trabalho, mas não consigo ficar sem fotografar e editar.

– Mais três semanas? Caramba que férias longas – eu digo impressionada.

– Vamos passar um tempo com nossos pais também – ele diz sem enrolação e eu estranho um pouco, Ollo é muito boca aberta total oposto de seu amigo.

– Esqueci que vocês são uns mimadinhos – eu digo em tom de brincadeira e ele dá um sorriso de lado.

– Wesley é o pior, já disse, apesar que o Joseph com a mãe dele também podem ser um pouco demais.

– Hmm, filhinho da mamãe, já entendi tudo – Ollo me encara como se entendesse que eu estava me aproveitando de sua boa vontade de compartilhar informações.

– E controladora também, Joe aprontava as dele tudo no sigilo quando mais novo, depois que ela se mudou para Liverpool não teve mais tanta noção do que o filho fazia – ele diz com um sorriso travesso e eu dou uma gargalhada.

– Ah não, vocês eram terríveis mesmo – digo e bato na minha testa e faço uma careta exagerada fazendo o britânico dar risada.

– Não muito, Wes se aposentou cedo, Joe começou a trabalhar fazendo alguns pequenos papéis por aí e eu fui pra Dinamarca, a gente se vê quando dá agora – ele diz agora com sua concentração voltada para o iPad e eu escuto passos vindo em direção a cozinha, olho para trás e falando no diabo ele aparece.

Summer Lovin' - Joseph QuinnOnde histórias criam vida. Descubra agora