Acordando

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Ainda beijando Carol, Rosa escutou o gemido da mais velha, que tinha o rosto contorcido de dor. Desesperada acionou o sinal sonoro que chamava a estação de enfermagem. O que Rosa não contava era que o ambiente seria invadido por enfermeiros e pela Dra. Carla, que estava de plantão. A equipe estava de pré-aviso para o despertar da jogadora e todos estavam agindo com rapidez e eficiência. Como consequência, Rosa foi conduzida para fora do quarto enquanto o atendimento era realizado. Claro que isso não se deu de forma amigável, Rosa gritou, xingou e amaldiçoou cada um dos integrantes da equipe médica, indignada pela afronta de ser afastada de Carol.

Do lado de fora, se sentindo excluída, restou à jogadora pegar o celular para comunicar a boa nova. Primeiro ela mandou mensagem para o grupo criado ainda no hospital, composto pela família da Gattaz, ela e Julia. Postou um singelo "Corram, ela acordou". Depois foi no grupo da SFV e deixou a mensagem "notícia boa, Carol acordou". No grupo da diretoria achou melhor gravar um áudio explicando com detalhes as últimas horas e ainda deu tempo de postar no grupo da família, porque com a notícia de que era namorada da central vinculada na imprensa foi inevitável ter longas conversas com seus pais e irmã enquanto estava velando o sono de Carol.

Estava nervosa, queria entrar no quarto e não entendia porque tinha que ser excluída daquela forma, mas sua indignação foi amenizada quando viu dobrar a esquina da ala hospitalar as irmãs de Carol, que vinham quase correndo e as três se abraçaram forte, chorando aliviadas pela vitória que elas temiam que não acontecesse.

Depois de esperar alguns minutos, que pareceram horas, a Dra. Carla abriu a porta e permitiu que as três entrassem, recomendando que falassem baixo porque os reflexos da paciente estavam muito sensíveis e a médica falou quase sussurrando "Ela acordou com dores, mas já medicamos. A luz tem que permanecer bem suave porque pode piorar a enxaqueca e pode ser que ela tenha algum tipo de amnésia, como não se lembrar de vocês, por exemplo, por isso vou permanecer no quarto para continuar a avaliação médica".

As três se aproximaram cautelosamente do leito de Carol e quando a central focou os olhos nas figuras que a cercavam abriu um sorriso franco, suficiente para confirmar que as reconheciam e tentou falar alguma coisa, mas a voz saiu falhada, rouca, quase inaudível, o que fez Rosa se curvar para escutar melhor "água, minha garganta dói".

Imediatamente Rosa pegou um copo descartável e colocou um pouco de água e a Dra. Carla pegou no armário de suprimentos um canudo para ajudar no processo. Delicadamente a médica ergueu a maca para permitir que Carol ficasse um pouco mais ereta, possibilitando beber o líquido sem problemas. Depois de respirar fundo Carol conseguiu articular melhor as palavras "o que aconteceu? tá tudo doendo".

Emocionada Rosa pegou a mão que não estava com o acesso e beijou delicadamente e as irmãs não se contiveram e se curvaram para abraçar e beijar o rosto da irmã. Nesse momento a médica se sentiu na obrigação de intervir porque esse excesso de emoções poderia ser prejudicial para a recém acordada "Calma gente, uma por vez".

Carol olhou intrigada para a médica e repetiu "o que aconteceu, porque tô aqui? cadê a Laura e a Bruna, elas são anjos e estão me ajudando". Carol falava e tentava procurar pelo quarto, como se tivesse certeza que elas estavam alí. Vendo os olhares de espanto continuou "Rosa, eu quase morri e fui pro céu e encontrei duas anjas que cuidaram de mim". Nesse momento Marcela passou a mão pelo cabelo da irmã, desgrenhado por causa do longo descanso "Juro Má, elas são baixinhas, quase anãs, e são tia e sobrinha, umas gracinhas". Nesse momento Renata levou suas mãos ao rosto, escondendo as lágrimas que ameaçavam cair e se afastou para não deixar Carol perceber seu choque. Rosa se manteve mais firme "calma Carol, tá tudo bem, tu só tá confusa, não tem nenhuma Laura ou Bruna aqui" e olhou para a Dra. Carla, como se pedindo ajuda.

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